domingo, 26 de abril de 2015

Desejei-te em poesia...







Desejei-te em poesia...

Rute entrou na antecâmara do palco e viu-o logo que percorreu o espaço com os seus olhitos de amêndoa!

Mesmo, de forma inesperada, o seu olhar cruzava-se sempre com o dele em espaços povoados de meninos que estavam preenchendo o chão colorido numa animada cantoria de palavras!

Tomàs é ainda menino! Promessa enorme de homem de caràcter e de responsabilidade altruista!

Mas o seu olhar, por agora,  revela uma sedução de mar sereno que leva Rute a desejar esses momentos so para si, quando estes acontecem deliciosamente de tempos a tempos!

Rute e Tomàs gostam de palavras, do texto e da poesia! Ela não conhece o verdadeiro sentir daquele miudo que, elegantemente, dobra os punhos da camisa, numa postura de firmeza e convicção daquilo com que se compromete!

Por vezes dão um abraço pela amizade conquistada e... Rute gostaria de permanecer eternamente parada nesse abraço espontâneo e doce que suporta algumas inseguranças!

Naquela noite  Rute preparava-se para ouvi-lo em poema cada vez mais consciente de que as palavras soariam: Fortes, convictas, determinadas, sonantes...preenchendo espaços nunca antes amados pela palavra em poesia!

As palavras ganharam o brilho de uma voz que se gosta de ouvir e de sentir porque brota de um coração pequenino e ternurento!

No fim...abraçou-o! Pelo que hà de comum nos gostos que partilham: os livros, a poesia, o sonho de um olhar, um afecto delicioso...quase inexplicavel!

Rute continua a gostar muito de Tomàs! 

Gostar? Sim, porque não ...

Afinal, algures na noite de um azul prateado de mar...

ela vai desejando o seu olhar envolvido em poesia!





                                             Lola