Desejei-te em poesia...
Rute entrou na antecâmara do palco e viu-o logo que percorreu o espaço com os seus olhitos de amêndoa!
Mesmo, de forma inesperada, o seu olhar cruzava-se sempre com o dele em espaços povoados de meninos que estavam preenchendo o chão colorido numa animada cantoria de palavras!
Tomàs é ainda menino! Promessa enorme de homem de caràcter e de responsabilidade altruista!
Mas o seu olhar, por agora, revela uma sedução de mar sereno que leva Rute a desejar esses momentos so para si, quando estes acontecem deliciosamente de tempos a tempos!
Rute e Tomàs gostam de palavras, do texto e da poesia! Ela não conhece o verdadeiro sentir daquele miudo que, elegantemente, dobra os punhos da camisa, numa postura de firmeza e convicção daquilo com que se compromete!
Por vezes dão um abraço pela amizade conquistada e... Rute gostaria de permanecer eternamente parada nesse abraço espontâneo e doce que suporta algumas inseguranças!
Naquela noite Rute preparava-se para ouvi-lo em poema cada vez mais consciente de que as palavras soariam: Fortes, convictas, determinadas, sonantes...preenchendo espaços nunca antes amados pela palavra em poesia!
As palavras ganharam o brilho de uma voz que se gosta de ouvir e de sentir porque brota de um coração pequenino e ternurento!
No fim...abraçou-o! Pelo que hà de comum nos gostos que partilham: os livros, a poesia, o sonho de um olhar, um afecto delicioso...quase inexplicavel!
Rute continua a gostar muito de Tomàs!
Gostar? Sim, porque não ...
Afinal, algures na noite de um azul prateado de mar...
ela vai desejando o seu olhar envolvido em poesia!
Lola