quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Distantemente juntos


Distantemente juntos

Naquele dia, Rita voltara ao emprego como habitualmente fazia desde que as férias terminaram!
Acordou manhã cedo e sentiu o frio que fazia là fora e, por isso, vestiu-se apressadamente sem escolher, como fazia todas as noites o colar, os brincos e os aneis que combinaria com a sua roupa!
Porém, naquela manhã, e porque cheirava a dia de outono, vestiu de bordeaux que sempre foi uma das cores, a par do vermelho, que lhe caia bem!
Rua fora dirigiu-se à empresa e assistiu a todas as reuniões da manhã que correram normalmente como pensara!
Afinal, este preparava-se para ser um dia normal na vida profissional de Rita, que gosta do que faz embora tenha muita saudade de um futuro que lhe pode trazer de novo afectos doces do passado recente!
Antes de sair para almoço, Rita, como habitualmente faz, passou pela direcção para saber se havia algo e....
...ao passar o pequeno hall de entrada, encontra o olhar de Pedro que lhe diz:" Espera um pouco que jà falamos..."!
Sentiu o coração bater forte como quando era adolescente e parou ao ver o sorriso axadrezado e moreno daquele que, nos ultimos anos povoa a sua afectividade platonica.
Rita recuou e ficou estupefacta pensando que era imaginação sua! Que faria Pedro ali se, hà alguns anos, foi deslocado de empresa, ocupando profissionalmente outros espaços?
Ainda falava com alguém que lhe perguntara algo acerca de uma reunião, quando repentina e docemente, jà tinha Pedro nos seus abraços fundindo-se num abraço doce de saudade ausente, que se deseja e faz presente cada vez que se encontram!
Pedro e Rita pararam tanto quanto lhes foi possivel naquele momento terno (que Rita quer ia eterno) sentindo o corpo do outro num desejo de estar um pouco juntinhos!
Por instantes, alhearam-se de tudo o mais que se ia passando à sua volta... mas rapidamente foram interrompidos pelas saudações de quem ia passando e cumprimentava Pedro que não passava pela empresa hà meses desde que, hà dois anos, foi para outro espaço exercer aquilo que tão bem sabe fazer: formar pessoas!
Entre cumprimentos de algumas pessoas, Pedro e Rita foram saindo da empresa! Pedro contara que ia telefonar a Rita, mas que ao entrar na empresa perguntou se ela jà tinha chegado e, como lhe disseram que sim, sabia que momento mais cedo ou mais tarde a encontraria!
Falou do seu novo desafio profissional, que ele esperava corresse bem e de uma "Estrelinha" que do céu o protege e acompanha! Mostrou desejo de voltar a esta empresa onde (con)viveu perto de uma dezena de anos! 
Rita pensou baixinho...como as empresas pertencem à mesma multinacional, muito provavelmente, mais tarde ou mais cedo isso acontecerà...
Rita gostaria tanto de ver e conversar com Pedro mais vezes! No entanto, reconhece que a distância adoça os encontros e envolve suavemente em eternidade a espontaneidade dos seus olhares e abraços de que ela tanto gosta!





Desceram a escada...Pedro colocou o braço no ombro de Rita que o enlaçou, (era a sombria necessidade de o não deixar partir), pela cintura como que dizendo que a cumplicidade mora no laço dos corpos saudosos!
Depois...bem depois foi uma ou outra confidëncia de quem não se separa de memorias de familia para se sentir resguardado de ventos e marès! Rita prometeu entregar-lhe, num proximo encontro, que poderà não tardar, "un petit coeur doréé" para sempre o acompanhar...
Pedro ficou feliz com o desejo de partilha de algo que é quase impartilhàvel...não fora do lado de là estar um ser de leveza e doçura invejàvel ...quase que unico e inimitavel!
Restava, para Pedro e Rita o abraço final!
Um beijo sentido em cada face...e um abraço dos melhores que Rita recebera ao longo da vida! Abraço de gratidão, de saudade agora colorida pelo encontro, de ternura doce, de palavras meigas, de eternidade que, desafortunadamente, findou naquele querer fusional!
Pedro pegou o seu carro e fez o seu percurso!
Rita dirigiu-se, a pè, estrada fora!
Que bom, Pedro teres vindo percorrer este caminho que nos torna juntos na distancia!
Que delicioso o nosso abraço de sol!


Para quando um abraço de MAR?





                                              Lola

domingo, 13 de setembro de 2015

Abracei o mar

Abracei o mar






Agradecer e Abraçar
Maria Bethânia
  

Abraçei o mar na lua cheia
Abraçei o mar
Abraçei o mar na lua cheia
Abraçei o mar
Escolhi melhor os pensamentos, pensei
Abraçei o mar
É festa no céu é lua cheia, sonhei
Abraçei o mar
E na hora marcada
Dona alvorada chegou para se banhar
E nada pediu, cantou pra o mar (e nada pediu)
Conversou com mar (e nada pediu)
E o dia sorriu...
Uma dúzia de rosas, cheiro de alfazema
Presente eu fui levar
E nada pedi, entreguei ao mar (e nada pedi)
Me molhei no mar (e nada pedi) só agradeci




E continuei pela orla do mar
caminhando na areia fina 
que se perdia entre os meus pes deliciosamente aquecidos pelo sol que nela se deitava!

Olhei o mar mais uma vez...
estendido areal fora...
até ao infinito doce e inalcancàvel!

Abracei-o como se fosse o teu olhar
e fiquei...no teu sonho
perdidamente até o mar se afastar levando segredos meus!
Docemente aveludados pelo teu ser de palavras deliciosamente calmas...

                                         Lola

És linda!




És linda!



És linda. E nem sabes quantos pedaços de beleza tive de juntar para chegar a esta conclusão. Para te construir, tive de misturar a conspiração das searas com a tristeza do choupo, a inquietação da cotovia com o cheiro lavado do vento do ocidente. E a firmeza repartida dos livros, com a alegria explosiva dos miosótis e a luz escura das violetas. Juntei depois um pouco de ansiedade das estrelas, a paciência das casas à beira da falésia, a espuma da terra, o respirar do sul, as perguntas de gesso que se fazem à lua. Acrescentei-lhe a canção das margens e pequenos pedaços da angústia do olhar. Não esqueci a intimidade do frio nem a dor branca que habita o coração dos muros. Por fim, deitei na tua pele o sono dos alperces, aos teus músculos prometi a violência das cascatas, no teu sexo acordei a memória do universo.
 
A tua beleza está no meu desejo, nos meus olhos, na minha desigual maneira de te amar. És linda, repito. Mas tenta não encarar o que te digo como um elogio.

Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'


Também em ti vi essa beleza transbordante 
na 
doçura das palavras que chegavam 
sem gritos 
estridentes nem sons corcomidos pelo gosto 
grosseiro do insulto!
Em ti
sonhei o olhar transparente de ilusão que um dia 
se desvaneceu na distância que teima em nos 
aproximar!
Não...decididamente 
não
 juntei pedaços de mar e 
lua, de céu e montanha, de longe e de viagem para
 te sentir linda!

És linda como uma estrela que brilha no mar

sereno e pleno de espuma!






 És linda porque és a minha filha

que foi embora para o céu

mas que..
.
...continua distantemente junto de mim!


Gosto tanto de ti, DIANA!


                                     Lola - Mãe