domingo, 31 de dezembro de 2017

Mar



MAR
I
De todos os cantos do mundo

Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, 
in POESIA (Ed. de autora, 1944), 
in OBRA POÉTICA (Caminho, 2010; Assírio & Alvim, 2015)


Aprendi, contigo, a ter saudade do mar, 
de andar, solitariamente, pela areia em fins de tarde que parecem infinitos de desejo!
Contigo, o mar outrora revolto buscou a serenidade 
que o cuidado merecia e o meu olhar desejava!
Por ti, passei horas a envolver o sabor do Mar 
que nos une num imenso e desmesurado ABRAÇO colorido 
de uma saudade que perdura no tempo que é nosso!

Sabes?
Adoro-te, my Dear!





                                           Lola

Vive





VIVE



Vive, dizes, no presente,

Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.

O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.

Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas 
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.

Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê. 
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.


19-7-1920



ALBERTO CAEIRO, in POEMAS INCONJUNTOS,

 in POEMAS DE ALBERTO CAEIRO. 
FERNANDO PESSOA (Ática, 1946; 10ª ed., 1993)

Também eu vivo o presente, o presente que sou e não os presentes que tenho em mim! 
Passados de saudade guardo alguns...outros deitei, definitivamente fora! 
Não os quero, não me confortam, inúteis que foram!
Presente... 
um instante apenas, um sopro de vento, uma brisa que sabe a desejo de
querer  continuar a pensar-te...

Adoro-te, my dear!



                                           Lola

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Chove




Chove

Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.


JOSÉ GOMES FERREIRA, in POETA MILITANTE I -
 VIAGEM EM SÉCULO VINTE EM MIM (Moraes Ed., 
1977; 4ª ed. Pub. D. Quixote, 1990) 



                                           Lola

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Preciso





Preciso

Eu preciso

De apanhar um comboio

Embarcar num avião.
Viajar na noite
Esperar pelo amanhecer.
Ver o mar.



Eu preciso

De escrever um conto
Ler um romance
Apaziguar a imaginação
Colorir um sonho.



Ver-te a ti.



Paul Irondie



                                           Lola

Noite





NOITE


Noite. Noite em nossa roda. Noite aberta.

E encontramos um silêncio imenso,
Um silêncio perfeito que nos esperava desde sempre,
E uma solidão que era a nossa imagem,
E uma profunda esperança,
Como se a noite tremesse
De tocar a aurora.


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN,
 in OBRA POÉTICA (Caminho, 2010)






                                          Lola

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Dor de Mãe



Dor de Mãe


"Nada cala a dor da mãe que te perdeu, ninguém sabe do amor da mãe que te nasceu."



“A Música é lugar de aglutinação, fonte de esperança e, muitas vezes, de salvação. Como escritor de Canções move-me, também, a busca desta paz, do consolo tão necessário perante a dor ou a perda. Muitas vezes penso como, sem recurso ao privilégio que me é dado de poder escrever e tocar, serão penosos os dias para os tantos que encaram, e vencem, as tempestades da vida.

A Música é, assim, um caminho de redenção coletiva. De cima do palco sinto-me pertença de uma comunidade maior com a qual, em alguns momentos, celebro a surpreendente emocionalidade comum.

’Meu Querido Filho Tão Tarde Que É’ foi uma Canção escrita, como todas, na minha solitária viagem pessoal. É nesse espaço que me sei acompanhado pela presença silenciosa dos muitos que soçobram perante o infortúnio e o absurdo. A escrita de Canções é, por isso, também, o meu lugar.

Cada um lhe dará o fim que pretende ou a utilizará para o propósito que necessite.”

Pedro Abrunhosa 



https://www.youtube.com/watch?v=TMiPcoBHow8


Obrigado Pedro Abrunhosa por tão bem pintar em musicas a dor maior que eu, há dez anos, sei de cor!
Chamava-se Diana, tinha 22 anos e gostava muito de ouvir...
...Pedro Abrunhosa!



                                            Lola

domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal



NATAL 


Soa a palavra nos sinos,
E que tropel nos sentidos,
Que vendaval de emoções!
Natal de quantos meninos
Em nudez foram paridos
Num presépio de ilusões.
Natal da fraternidade
Solenemente jurada
Num contraponto em surdina.
A imagem da humanidade
Terrenamente nevada
Dum halo de luz divina.
Natal do que prometeu,
Só bonito na lembrança.
Natal que aos poucos morreu
No coração da criança,
Porque a vida aconteceu
Sem nenhuma semelhança.


MIGUEL TORGA, 
in DIÁRIO XII (Coimbra, 1977)


                                            Lola

Se...




Se...


" Se eu fosse um filósofo, deveria escrever uma filosofia dos brinquedos, para mostrar que na vida não é preciso tomar mais nada a sério e que o dia de natal na companhia das crianças é uma das poucas ocasiões em que os homens se tornam completamente vivos! "

Robert Lynd (1879-1949)
ensaista irlandês


No Natal...
há desejos para lá de uma intransponível vidraça, há sabores e cheiros de brinquedos que muito desejamos mas que jamais chegaram às nossas mãozitas de infância porque, inexplicavelmente, o Pai Natal não espreitou o nosso pensamento.

No Natal...
há música doce pelas ruas, luzitas coloridas nas janelas e 
...meninos perdidos no sonho quase tangível de um brinquedo cuidadosamente preferido!





Lola

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Gato Preto





   O Gato Preto

         REFLEXÕES EM TORNO DE UM TÍTULO

·     A leitura abre horizontes, projecta ideais, realiza sonhos, abre a mente ao desconhecido;
·     O fantástico como centro da literatura de um ou vários escritores;
E o que significa Fantástico?(Quimérico, fingido, que não tem realidade e só existe na imaginação.Que pertence à fantasia; fantasioso, imaginativo. Aparente, simulado, fictício Caprichoso, exótico, extravagante.O que só existe na imaginação)

·         Ler não é só fantástico...quando gira em torno do FANTÁSTICO!


    EDGAR ALLAN  POE – o poeta do fantástico

“O MISTÉRIO ENVOLVE O MEU DESTINO POR TODOS OS LADOS”

Edgar Allan Poe é um dos maiores génios da literatura mundial. Não é fácil descrever o que significa o trabalho de Edgar Allan Poe. Segundo alguns a palavra que mais se adequa à sua escrita é: excepcional! Jamais, excetuando-se o breve período que se seguiu ao lançamento do poema “O Corvo”, obteve sucesso durante sua vida, mas pouco tempo após sua morte o seu trabalho já era considerado fenomenal.
Até no seu leito de morte não deixou de ser poeta. Nas  suas palavras finais, delirante, disse: “As abóbadas do céu esmagam-me! Deixem-me ir embora! Deus escreveu legivelmente os seus decretos nas frontes das criaturas humanas... Os demónios apoderam-se de um corpo... Eles têm por cárcere as vagas turbilhonantes do mais negro desespero. Já entrevejo o abismo... Onde ficou a lama, a miséria? A calma eterna... sumiram-se as margens!” E nesta hora, volta a cabeça para o médico e suspira: “Que o Senhor venha em socorro da minha pobre alma...” E logo expira. Era madrugada de 7 de Outubro de 1849. O mundo perdia, sem saber ainda, um de seus maiores escritores.

Poe nunca foi como os outros...

“Eu não fui desde a infância jamais semelhante aos outros. Nunca vi as coisas como os outros as viam. Nunca logrei apaziguar as minhas paixões na fonte comum, nem tampouco extrair dela os meus sofrimentos. Nunca pude em conjunto com os outros despertar o meu peito para as doces alegrias. E quando eu amei fi-lo sempre sozinho. Por isso na aurora de minha vida tempestuosa evoquei como fonte de todo o bem e todo o mal o mistério que a envolve, ainda e sempre, por todos os lados, o meu cruel destino: Da torrente ou da fonte, do penhasco vermelho da montanha, da luz dourada do Sol de outono que me conforta, do raio que passa por mim no céu, do trovão e da tempestade, e da nuvem que toma forma – quando o resto do firmamento estava azul. Tudo é extraordinário aos meus olhos”.
Edgar Allan Poe (*1809 + 1849)


O GATO PRETO – um conto de arrepiar

“O comportamento independente do Gato, a sua agilidade e beleza, são atributos que despertaram  no imaginário popular uma ligação com mistério e magia”.

O narrador conta uma série de factos  “estranhos” que lhe aconteceram!..
Morava com a mulher Virginia  e tinha vários animais, mas era Pluto, um gato preto, o seu preferido. Com o passar do tempo, devido à bebida, ele  tornou-se  violento com a mulher e até com o gato; certo dia, ele mordeu-lhe a mão e ele ficou tão furioso que arrancou cruelmente um dos olhos do bicho.
Um dia , irritado com o medo que Pluto passara a ter dele, enforcou-o com uma corda  e nesse mesmo dia, a sua casa foi destruída por um incêndio do qual só sobrou uma única parede  e nela se via claramente um gato com uma corda no pescoço.
Mais tarde adoptou outro gato preto, mas só depois veio a saber que também este  não tinha um olho e que possuia na sua pelagem uma mancha branca com o formato de uma forca.  Este gato  atormentava-o a todo instante...e a história  repetiu-se.
A sua mulher, ao tentar salvar o gato de levar com um machado na cabeça, acabou  tornando-se  a vítima do marido, que depois emparedou o seu cadáver...
A Policia revistou a casa, convencida da inocência do marido.  Mas este, embora se tenha  esforçado para parecer natural, acabou por se  trair ao mencionar, despreocupadamente,  a parede onde  enterrara a mulher,  batendo na mesma com uma bengala...e ela desmoronou, revelando o cadáver da mulher e o gato que estavam juntos!
        
Temas/Problema: O álcool, a violência doméstica, a culpa e a angústia






 O GATO – animal de significações na História 

Uma antiga lenda diz que o Gato foi criado em plena Arca de Noé, quando este desesperado pela quantidade de Ratos que proliferavam e devoravam todas as provisões, implorou que Deus o ajudasse. O Gato então, para a salvação de todas as espécies, teria sido criado do sopro de um Leão.
Os primeiros representantes da família dos Gatos devem ter surgido há cerca de dez milhões de anos, muito antes do aparecimento do homem na Terra. Os primeiros contatos sociais entre homens e Gatos selvagens provavelmente foram na época das cavernas, com alguns vestígios pré-históricos evidenciando o facto
Porém, o verdadeiro encontro dos Gatos com o homem começa há cerca de cinco mil anos, no antigo Egipto, nos tempos dos faraós, onde estes felinos eram adorados como divindades.
Os Gatos foram os animais mais adorados no antigo Egipto. Eram considerados os guardiões da noite, dos mortos, e dos mistérios da vida e da morte. Estes guardiões do outro mundo, quando morriam, eram mumificados e seus donos raspavam as sobrancelhas em sinal de luto.
Quem matava ou simplesmente feria um Gato era condenado à morte. Se uma casa pegava fogo, os Gatos eram os primeiros a serem salvos. Na época de Ptolomeu (s+ec. II D: C), um membro da Embaixada de Roma matou por acidente um Gato, e só foi salvo da morte por intervenção do faraó.
Era proibida a saída do Gato do Egipto, mas alguns destes felinos devem ter sido levados para a Europa em embarcações comerciais fenícias, cerca de mil anos antes da Era Cristã.

Os Romanos perpetuaram os gatos  em estátuas, pinturas e mosaicos, pois representavam o maior símbolo de liberdade para os romanos. Neste período, o Gato foi associado à diversas divindades, como Diana, deusa da fecundidade, e a sensual Vênus, muitas vezes representada como uma Gata. Com a expansão do Império Romano, os Gatos foram sendo introduzidos em toda a Europa, e durante muito tempo, aceites pelo homem como animais domésticos, pela habilidade em caçar Ratos.

Na Grécia clássica, o Gato já era associado à feminilidade e ao amor, todos atributos de Afrodite, a deusa Vênus dos romanos. Na Babilónia não havia o culto aos felinos, mas uma lenda diz que o Gato nasceu do espirro de um Leão, o que coincide com uma antiga lenda hebraica.
Na morte de Buddha, enquanto todos os outros animais se reuniam para chorar, o Gato manteve os olhos secos enquanto devorava tranqüilamente um Rato, mostrando total falta de respeito ao acontecimento solene. Apesar da lenda, o Gato é um dos animais mais venerado pelos budistas, pelo autodomínio e tendência à meditação.

O Gato também foi muito amado na religião islâmica, onde diversos contos o associam ao profeta Maomé, que teria sido salvo da morte por um Gato, que matou uma Serpente no momento que o atacava. A relação do Gato com o Islão seria uma das causas que levaria a Igreja Católica a relacionar o Gato à Satanás.

Na China, estatuetas de Gatos eram usadas para expulsar maus espíritos, e havia dois tipos de Gatos, os bons e os maus, que eram facilmente diferenciados porque os maus tinham duas caudas. No Japão, quando um Gato morria, era enterrado no templo do seu dono e no altar do mesmo era oferecido um Gato semelhante, pintado ou esculpido, para garantir ao dono tranqüilidade e boa sorte durante sua vida.

No Camboja, existe um ritual onde um Gato é levado em todas as aldeias, para que não falte chuva e a colheita de arroz seja boa. Na Tailândia, acreditava-se que as almas das pessoas muito evoluídas migravam para o corpo de um Gato, antes de subir aos céus.

Na América, antes da invasão dos europeus, alguns parentes dos Gatos, como o Jaguar e o Puma também eram venerados com associações aos deuses - o Jaguar era símbolo de grande força e sabedoria e acreditava-se que os curandeiros mortos se transformassem neste belo animal.

No século XI, os Gatos cumpririam um papel crucial na história da humanidade, ajudando os europeus a  livrarem-se dos Ratos transmissores da peste bubónica.

A Igreja Católica foi a maior perseguidora dos Gatos, e na Idade Média, trava uma dura e longa cruzada contra os Gatos e seus adoradores. No ano 1232, o papa Gregório IX funda a Santa Inquisição, que atuou barbaramente durante seis séculos, torturando e executando, principalmente na fogueira, mais de um milhão de pessoas.
O papa Gregório IX afirmava na bula Vox in Roma que o diabólico Gato preto, "cor do mal e da vergonha", havia caído das nuvens para a infelicidade dos homens. Milhares de pessoas foram obrigadas a confessar, sob tortura, que haviam venerado o demónio em forma de Gato preto, e depois, eram condenadas à morte.
Nos séculos em que a Inquisição agiu na Europa e América, uma pessoa que fosse vista com um Gato, principalmente os de cor preta, estava sujeita a ser denunciada como bruxa e a sofrer tortura e morte, sem nenhum direito de defesa. No imaginário medieval, o Gato preto tornava-se mais uma figura mística, fruto da ignorância, associado ao culto ao demónio.
Em 1484, o papa Inocêncio VIII promulga uma bula contra os feiticeiros, acusando de heresia milhares de pessoas, um bom número das quais sendo culpadas apenas por possuírem um Gato. Por toda a Europa, milhares de pessoas inocentes foram torturadas em nome de Deus, por serem acusadas de feitiçaria e adoração à Satanás. E com elas, seus Gatos. Este papa inquisidor incluiu o Gato na lista dos perseguidos pela inquisição, campanha assassina da Igreja contra supostas heresias e bruxarias.

Nesta mesma época, Leonardo da Vinci escreveria: "chegará o dia em que um crime contra um animal será considerado um crime contra a humanidade." Leonardo amava os Gatos, e considerava “o menor dos felinos” uma obra-prima.
Em toda a Europa, o dia de Todos os Santos passava a ser comemorado, jogando-se na fogueira, sacos cheios de Gatos vivos. Em Metz, na França, todos os anos, durante 4 séculos, no culto a São Vito, seriam queimados vivos, 13 Gatos presos em uma gaiola. Em Ypres, na França, centenas de Gatos eram atirados do alto de um campanário em um festival religioso. Durante séculos, milhares de Gatos seriam sacrificados em rituais durante a Páscoa. Matavam-se os Gatos... proliferavam os ratos!

Na coroação da rainha Elizabeth I, centenas de Gatos foram aprisionados e levados em procissão, representando o demónio sob o controle da Igreja, e no final da procissão, foram todos queimados vivos. Na Inglaterra elizabetana, era comum que Gatos fossem colocados em sacos de couro e usados como alvos para os arqueiros. Desta e de outras formas, o homem descarregava nos animais, todos os seus complexos e crueldades.
Com todo o cuidado para não ser queimado vivo como herege, o navegador genovês Cristovão  Colombo tomara a precaução de embarcar nas suas três caravelas, Santa Maria, Pinta e Niña, dezenas de Gatos, os quais, ao longo de 35 dias de viagem transatlântica, travaram verdadeiras batalhas contra os Ratos, protegendo as provisões alimentícias e permitindo que os membros da tripulação desembarcassem vivos nas margens desconhecidas, em 12 de outubro de 1492.

No século XVII, período conhecido como o da “caça às bruxas”, a Inquisição agiu fervorosamente em toda a Europa e América. Mulheres idosas e solitárias, que possuíam um Gato como companhia, eram acusadas de bruxaria, torturadas até que confessassem aquilo que a Igreja queria, e então eram condenadas à morte, queimadas vivas em público, e seus bens imediatamente roubados pela Igreja. O julgamento das “bruxas de Salem”, em Massachussetts, é um dos principais registros deste período negro da história dos Estados Unidos.
Os Gatos foram amados em alguns países, como na Rússia, onde eram comum serem encontrados em conventos e mosteiros. Com o tempo, a Igreja também foi sendo mais tolerante à presença do Gato e a perseguição aos felinos foi diminuindo. O cardeal Richelieu chegou a ter muitos Gatos, entre eles um angorá preto chamado Lúcifer. No século XVIII, são abolidas as leis sobre a feitiçaria. Neste período, Isaac Newton, para maior conforto dos seus Gatos, inventa a portinhola, que permitia que os Gatos entrassem e saíssem de casa quando bem entendessem. 

No século XIX são aprovadas na Inglaterra as primeiras leis anti-crueldade e fundadas as primeiras organizações em defesa do Gato e de outros animais. Finalmente os Gatos passariam a receber cuidados especiais.

Mendel não estudou apenas ervilhas, mas também os Gatos. O pai da genética ficou impressionado com a alta diversidade resultante dos cruzamentos e com certas permanências que lhe sugeriram a hipótese de dois fatores, um recessivo e outro dominante. Ainda hoje os Gatos dão o seu contributo à ciência e à sobrevivência da espécie humana. Em 1961, milhares de Gatos foram transportados de avião para Bornéu, para acabarem com uma grande invasão de Ratos nos arrozais, e com o sucesso esperado, evitaram que milhares de pessoas daquela ilha morressem de fome.Lord Byron proclamou a superioridade do Gato em relação ao homem: “Ele possui a beleza sem a vaidade, a força sem a insolência, a coragem sem a ferocidade, todas as virtudes do homem sem os vícios”. Foram também exaltados por Victor Hugo, Charles Baudelaire, Mark Twain, Pablo Neruda, amados por Chopin, Liszt, Monet, Renoir, e outras importantes figuras da nossa história, pessoas de talento e sensibilidade.
O Gato, apesar de domesticado, ainda possui características em comum com os seus parentes selvagens, como a técnica de caça. Gracioso, sociável, higiênico, inteligente e independente, passam cerca de 50% da vida em sono leve, 15% em sono profundo, e a maior parte dos 35% restantes, caçando, namorando, brincando e principalmente se limpando.
Fábio Rossano Dário Pisa - Italia






        
 O PRETO – que significado?       

         

PRETO: na maioria das sociedades ocidentais, o preto quase sempre é a cor da morte, do luto e da penitência. Em geral, essa cor é usada por pessoas que rejeitam a sociedade ou se revelam contra as normas sociais. O preto é uma cor que nega a luz e as pessoas que a usam nas roupas rejeitam a luz em si próprias, empurrando-a para longe e não permitindo que ela seja absorvida. Essa é a cor usada pelos homens de negócio, juízes, académicos, policiais e padres para reflectir poder e autoridade. O preto é percebido como escuro e misterioso e também pode significar sexo. Contudo, essa cor também é usada pelas pessoas que preferem parecer tradicionais e responsáveis. Ou por tradição cultural...
Hoje, dia 19 de Maio, estará em discussão na Assembleia Nacional Francesa, em Paris, o uso do véu integral -  a Burka  e o Niqab pelas muçulmanas em França.
O presidente francês afirmou:
“Não podemos aceitar que no nosso país haja mulheres prisioneiras atrás de uma rede, afastadas da vida social, privadas de identidade. Esta não é a ideia que tem a República Francesa da dignidade da mulher”
Em França, duas mil mulheres usam o niqab e mesmo ou a burka, segundo os dados oficiais.
As muçulmanas mostram incompreensão:
“Não é nada simpático dizerem que não querem que usemos a burka ou seja o que fôr que chamem no nosso país, porque nós também somos cidadãos, somos franceses, vivemos aqui, é preciso que nos aceitem como somos. “
“Se a lei nos proíbe uma coisa não posso fazer nada contra isso. Em vez de ir contra a lei, prefiro regressar ao meu país, Marrocos”.
Segundo uma sondagem publicada pelo jornal Le Parisien, 65% dos franceses está a favor da proibição total do niqab e da burka, em espaços públicos.


UMA NOTÍCIA...

A 2 de Abril, em Nantes, uma mulher francesa de 31 anos, foi multada em 22 euros por conduzir vestida com o niqab, o véu que cobre o rosto e só mostra os olhos, usado por algumas mulheres muçulmanas. O agente considerou que o véu reduzia o campo de visão da condutora, mas a francesa contratou um advogado e convocou uma conferência de imprensa para denunciar o caso. O facto de o governo francês estar a pensar na possibilidade de retirar a nacionalidade francesa ao marido da condutora, suspeito de poligamia e de fraude nas prestações sociais, está a chocar o país.


Tema/Problema: respeito pela tradição e legalidade, os limites da tolerância.


Porque se diz que o gato preto dá azar?

Tal crença surgiu na Inglaterra, no século XVI, quando um repentino aumento da população de gatos desencadeou uma perseguição aos animais. Numa noite de 1560, um gato preto foi ferido à pedrada. Encurralado, refugiou-se na casa de uma velhinha , que por sinal costumava dar abrigo a gatos de rua. No dia seguinte, a velhinha apareceu toda machucada, o que fez a população achar que ela era uma bruxa e o Gato, um disfarce nocturno. O episódio bastou para condenar os gatos pretos. A matança  espalhou-se pela Europa e só diminuiu a partir de 1630, quando o rei Luís XIII proibiu a prática.

O GATO no olhar do artista

Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
  Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu. 
                       
  Fernando Pessoa

A Cat has nine lives. A cat is more tenacious of life than many animals, it is careful and hardy and after a fall generally lands on its feet without injury, the foot and toes being well padded.O gato é dos animais aquele que resiste mais pois é cuidadoso e resistente e depois de uma queda  cai sempre de pé. Shakespeare used this in "Romeo and Juliet" as below: Shakespeare usou esta ideia em "Romeu e Julieta", como abaixo se mostra:

Tyb: What wouldst thou have with me? TYB: O que tu gostarias de ter comigo?
Mer: Good king of cats, nothing but one of your nine lives. Mer: Bom rei dos gatos, nada mais que uma de suas nove vidas. 

Shakespeare: Romeo and Juliet, III, i.                                                                             Shakespeare: Romeo and Juliet, III, i.

 Curiosidades sobre o gato ...

Um gato sabe que você é a chave para sua felicidade ... a man thinks he is. um homem pensa que é. (Anónimo)
É melhor ser um rato na boca de um gato do que um homem de mãos de um advogado. (Provérbio espanhol)
Eu me livrei de meu marido. The cat was allergic. O gato era alérgico. (Anónimo)



E PARA TERMINAR...


Inspirado por Edgar Allan Poe, Baudelaire e pelas lendas francesas, Rodolphe Salis inaugura em 1881 um cabaret a que dá o nome de Chat Noir (em português, Gato Preto).
Ponto de encontro de artistas, poetas, músicos e escritores no Boulevard Rouchechouart, o Chat Noir torna-se, em pouco tempo, no local mais emblemático da boémia Montmartre do final do século XIX.
A aventura de Salis termina em 1897, mas para sempre fica Tournée du Chat Noir, poster publicitário criado por Théophile-Alexandre Steinlen um ano antes do fecho do cabaret.
A obra deste artista que conviveu de perto com Toulouse-Lautrec e teve os gatos entre os seus modelos de eleição pode ser admirada no Jane Voorhees Zimmerli Art Museum em Nova Jersey, nos Estados Unidos. As reproduções, essas – como todos os amantes de gatos sabem – estão por aí em todas e mais algumas formas de merchandise. 



                                            Lola