terça-feira, 26 de novembro de 2013

Amor


O Amor




Serà esta a relação ideal?

O Amor



O AMOR, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar p'ra ela,

Mas não lhe sabe falar.


Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa



E o Amor em Platão?


Em Platão (427 a.C. - 347 a.C.), o amor é a busca da beleza. Embora tenha início da realidade física, deve alcançar a sua forma universal, não permanecendo prisioneiro da matéria. É vulgar confundir o amor platônico com o amor não correspondido ou desprovido de interesse sexual. Na realidade, o filósofo não exclui o amor carnal, porém  vê-o como um primeiro degrau que pode levar a outros mais elevados.


No prólogo do livro, utilizando um artifício literário, o narrador esclarece que não tomou parte, propriamente, daqueles acontecimentos, mas ouviu detalhes da sua história em colóquio com outro personagem. Após os convivas concordarem que deviam beber com moderação, pois tinham-se excedido na noite anterior, dá-

se então início aos discursos sobre o amor.As várias faces de Eros revelamse nos discursos que ilustram O Banquete, obraprima da literatura ocidental. O livro narra um encontro em casa do poeta  Agáton, do qual tomam parte Sócrates, Fedro, Alcebíades e outras figuras atenienses. O encontro tem como objetivo comemorar a premiação de uma peça teatral do anfitrião, e os presentes escolheram Eros como tema inspirador dos discursos da noite.


No relato de Pausânias aparecem duas formas de amor, geradas por Afrodite, deusa grega da fecundidade e da beleza. Afrodite tem dupla face, ou, de acordo com os estudiosos da mitologia, são duas Afrodites: a Celestial, filha de Urano; e a Popular, filha de Zeus e Dione.



Como acontece em outras narrativas platônicas, Sócrates surge como o personagem que realiza a síntese das ideias e sentimentos do autor. N'O banquete ele inspira-se em  Diotima de Mantineia , sacerdotisa do amor, para ilustrar o seu discurso. Não se sabe ao certo se ela é uma criação de Platão ou personagem da mitologia, mas deste entrelaçamento surgem as mais belas páginas da literatura grega. Aristófanes,personagem conhecido entre os atenienses pela sua dramaturgia, defende que o amor é a busca da outra metade que se perdeu por castigo dos deuses. Havia no mundo três tipos de seres humanos: um formado só de duplos elementos masculinos, outro só de duplos femininos e por último um misto de elementos masculino e feminino. Esta era uma figura andrógina. Os seres duplos transgrediram a ordenação dos deuses e foram divididos ao meio. Por isso, o amor é a busca da outra metade que se perdera, o que revela a incompletude humana.

Eros é aí descrito como um daimon, intermediário entre os homens e as coisas divinas. "Ao gênio cabe interpretar e transmitir aos deuses o que vem dos homens, e aos homens o que vem dos deuses; de uns, as súplicas e os sacrifícios, e dos outros as ordens e as recompensas pelos sacrifícios; e como está no meio de ambos, ele os completa, de modo que o todo fica ligado todo ele a si mesmo. (...) E esses gênios, é certo, são muitos e diversos, e um deles é justamente o Amor."



RUMO AO AMOR ESSENCIAL

Na escalada rumo ao amor essencial, outras etapes se tornam necessários. Do amor às formas físicas belas à própria beleza, independente da forma. Há ainda o amor ao conhecimento e às boas práticas, o que pode ser interpretado como uma adesão aos princípios éticos. A sacerdotisa Diotima associa o amor à imortalidade e afirma, no diálogo com Sócrates, que o amor é o "desejo de procriação no belo".

Apesar da visão fulgurante contida nessa narrativa, o idealismo platônico deprecia o corpo e o mundo real. Ele concebe os seres humanos como se estes fossem anjos caídos  num mundo degradado.
A dívida da Filosofia para com Sócrates/ Platão é enorme. 
Para Sócrates, especialmente, o diálogo levava ao conhecimento da verdade. Ele contava com um método próprio para analisar os variados assuntos que lhe eram apresentados: a dialética (arte do diálogo), juntava-se a outro artifício intelectual criado por ele, a maiêutica (parto das ideias).







 Lola


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Abraço



                                         Abraço






La duración media de un abrazo entre dos personas es de 3 segundos. Pero los investigadores han descubierto algo fantástico. Cuando un abrazo dura 20 segundos, se produce un efecto terapéutico sobre el cuerpo y la mente. La razón es que unabrazo sincero produce una hormona llamada "oxitocina", también conocida como la hormona del amor. Esta sustancia tiene muchos beneficios en nuestra salud física y mental, nos ayuda, entre otras cosas, para relajarse, para sentirse seguro y calmar nuestros temores y la ansiedad. 
Este maravilloso tranquilizante se ofrece de forma gratuita cada vez que tenemos a una persona en nuestros brazos, que acunamos a un niño, que acariciamos un perro o un gato, que estamos bailando con nuestra pareja, cuanto más nos acercamos a alguien o simplemente sostenemos los hombros de un amigo






Lola


Beijo





 Beijo




BEIJO

Não quero o primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.

MIA COUTO - "Tradutor de chuvas"



                                                                        










“A popularização da arte. A sua entrada no domínio público. Uma certa forma de a virar do avesso para se saber o que há lá dentro e se expor ao sol. Qualquer coisa assim, não sei. E neste modo de não ser em recato, a perda do sagrado, a sua profanação. E isto acompanhado de análises críticas, de explicações, de uma forma de lhe invadir a sua intimidade. Não se faz ainda amor em público. Na arte já se faz. Virá também daí a sua dissolução? O artista ainda se isola para se cumprir. Mas é quase uma formalidade imediatamente desfeita na sua popularização. Não. Não é isso. Não se trata de que o grande público seja excluído do acesso à arte, que para isso é que existem, por exemplo, os museus. Trata-se de ela ser exposta ao sol, de ela ser uma mercadoria como o papel higiénico, de se falar de arte pública como de uma mulher pública. Trata-se de lhe destruir o que há nela de sublimidade e recato e discrição e mistério. Trata-se de a neutralizar, de a obrigar a praticar o nudismo. Ou uma coisa assim”.

Vergílio Ferreira, Pensar