terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Professores apaixonados






Professores apaixonados



Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia de que podem mover o mundo. 

Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.

As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos. Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato. Apaixonar-se sai caro!

Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão boleia para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria. 

Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão(...).

Os professores apaixonados, querem tudo. 

Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Interpretar a música dos sentidos. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.

Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.

“A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.”


Gabriel Perissé


E quando a paixão ultrapassa a sala de aula 
e se funde em palavras partilhadas, 
em solidões (in)comunicadas, 
em lagrimas inesperadamente vertidas, 
em desejos velados de conforto, 
em espaços de reflexão, 
em saudades que, 
forçosamente,
 não se esquecem?


E, além disto, quando a paixão é pela sala de aula, 
pelo MAR e ...
 pela FILOSOFIA?

Inutil tentar desapaixonar-se!!!




                                              Lola

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A Menina do Vestido Azul






A Menina do Vestido Azul

Era uma vez um menino. Rebelde como muitos outros. Chamava-se Sortudo. Criança com traços de personalidade de cores intensas e variadas, num tecido frágil e emotivo.
Nasceu e vivia numa terra muito distante, chamada Sorte. Era uma terra longínqua, onde só poucas pessoas conseguem chegar. Situada num lugar ínfimo, para além da realidade.



Era a terra das oportunidades. Nessa terra, tudo acontecia sempre para o lado fácil. Facilidades e mais facilidades. As pessoas queriam, pediam e tinham o que desejavam.
Era a terra do positivo.

Os seus habitantes não precisavam de se esforçar muito para que as coisas boas acontecessem. Aliás, não se esforçavam nada. Aconteciam simplesmente os desejos. Queriam um bolo e, num instante a seguir, aparecia uma pessoa a dar-lhe um bolo. Pensavam numa bicicleta e instantes depois, apareciam pessoas a dar-lhes uma bicicleta Pensavam num sorriso e rapidamente apareciam várias pessoas a dar-lhe um sorriso.


O menino Sortudo vivia numa família chamada Facilidade. Os pais eram maravilhosos. Os irmãos adoráveis e a restante família era igualmente amorosa. Tudo parecia bom. Tudo parecia correr ás mil maravilhas.

E tudo, diziam, acontecia por causa do Sol. O Sol ali brilhava com imenso fulgor e intensidade. O Sol era a alegria. O Sol aquecia e alegrava. Era o Sol que fazia com que as pessoas rejubilassem de satisfação e felicidade .
Mas o Sol era enganador e simulado! As pessoas tinham a sorte das coisas boas acontecerem facilmente. Sem esforço. Não precisavam de ser determinadas. Não precisavam de se esforçar para conseguir as coisas. Não tinham necessidade de ter força de vontade, motivação ou persistência.
Não trabalhavam. Tudo era conseguido com....apenas sorte! Por isso, a terra se chamava Sorte.

Mas, a pouco e pouco, as pessoas aperceberam-se que tinham quase tudo, excepto a felicidade. As pessoas estavam numa espécie de torpor. Um torpor de ilusão. Estavam iludidas pelo prazer fácil, pelas boas e agradáveis sensações, pelo momentâneo, pelo esporádico.

Estavam iludidas pelo Ter e esqueceram-se do Ser. As pessoas tinham hipotecado a felicidade em troca do Ter. Tinham tudo, excepto a felicidade. Não eram felizes. Viviam só para o exterior, esquecendo-se de construir o interior.
E lá no fundo percebiam que lhes faltava algo mais.ar! Faltava-lhes o factor mais importante para vencer na vida: caminhar !Elas não caminhavam. Estavam imobilizadas pelo egoísmo e pela superficialidade. Estavam imobilizadas pelo egocentrismo. Viviam para elas próprias. Sentiam o prazer só para elas. Nunca pensavam nos outros, nem em fazer o bem ao próximo. Esqueceram-se da solidariedade. Esqueceram-se de viver com os outros e para os outros.

E, a pouco e pouco, perceberam que afinal aquilo que sentiam era apenas....um vazio! Um vazio existencial enorme.

Era atracção, era prazer enganador, era uma felicidade que se esfumava no instante a seguir.
As pessoas daquela terra nunca tinham percebido que aquilo não era felicidade. Nem sequer sabiam o que era a felicidade. Portanto, nem sequer sabiam que a felicidade era diferente: era permanente. A felicidade era um estado de iluminação, de plenitude. Era uma luz imensa que aquecia o coração e irradiava a luz do amor para os outros.

Até que um dia chegou àquela terra um velhinho. O velhinho chamava-se Azarado. Andava de terra em terra, à procura de sorte, coisa que nunca encontrou. A vida tinha sido sempre muito triste para ele. Nunca conseguia o que desejava. Nunca conseguia obter coisas boas. Tudo o que fazia era sempre errado. Sentia uma tristeza enorme por sempre ter ouvido falar na Sorte e nunca a ter encontrado. Acabava sempre por nunca ter o que desejava.
Mas não desistia facilmente.

E, por fim, após ter atravessado vales e montanhas, após ter quase desesperado por não a ter conseguir encontrar, chegou a uma placa de localidade, que se chamava.... Sorte.
Nesse instante, pensou que encontraria o objectivo da sua vida. Algo que tanto ambicionava, mas nunca tinha encontrado: o Ter.

 Ele possuía o Ser, mas não tinha o Ter. Mas queria Ter. Queria ser rico. Queria ter muitos carros, muitas casas, muitos bens materiais.

Ao chegar à terra da Sorte, encontrou o menino Sortudo. Olharam um para o outro, e ficaram a olhar e a pensar....Tão diferentes e tão iguais.
Nesse mesmo instante, o Sol radioso, o tal da alegria enganadora, esmoreceu e tremeu. E a luz que emanava perdeu intensidade.
Nesse instante, quando o Sr. Azarado encontrou o menino Sortudo, algo de especial aconteceu. A bondade e a generosidade apareceram na face do menino Sortudo. Mas o Sol não gostou. O Sol da Sociedade não gostava de actos de solidariedade.
O velhinho olhou para o menino e pediu:
Ofereça alguma coisa a um pobre homem, que é azarado.
O menino, que era muito rico, olhou para o velhinho e disse:
Ofereço-lhe o castelo das oportunidades. Tem a oportunidade de mudar, mas para isso acontecer vai depender só de si.
O velhinho ficou tão feliz com aquela oferta, que pegou em três saquinhos que trazia e entregou-os ao menino, com carinho:
Ofereço-te estes três saquinhos. Dentro deles está o ingrediente básico para a construção da ponte da felicidade.
O menino, intrigado, agradeceu os saquinhos e partiu.
Então a terra da Sorte transformou-se. E as facilidades, a pouco e pouco, desapareceram. E os desejos não mais se concretizaram.
Agora, quando as pessoas queriam algo, precisavam de se esforçar.
E tudo aconteceu quando o menino Sortudo olhou para o Sr Azarado. Nesse instante o menino, pela primeira vez, sentiu a solidariedade e quis ajudar o velhinho. 

A solidariedade transformou a Terra da facilidade.

O velhinho tentou, tentou, mas não conseguiu realizar o desejo. Percebeu então que não conseguia realizar o desejo antigo. O Sol radioso e enganador só servia para o eu próprio. Não servia para ajudar os outros. A solidariedade não existia. A generosidade não existia. A ajuda aos outros não existia
O Sol radioso afinal era uma hipocrisia. E partiu, para nunca mais voltar.
E o menino Sortudo percebeu então que a felicidade nunca poderia ser alcançada com o egoísmo.
A superficialidade de sentimentos apenas dava às pessoas um prazer momentâneo, que se desvanecia rapidamente.

O menino Sortudo percebeu que a sua existência não se podia resumir só aquilo. Queria mais! Quis perceber porque razão existia! Quis encontrar a felicidade!
Alguém lhe disse então que existia, muito longe, a casa da felicidade.
E um dia partiu! Deixou a terra da Sorte e partiu à procura dessa ilha.
Levou consigo pouco mais do que os três saquinhos, que o velhinho lhe tinha oferecido.
Andou, andou....correu mundo!
A dada altura encontrou-se no deserto. O deserto da vida. Triste, desanimado e com sede. Sem esperança de qualquer coisa, resolveu então abrir um dos saquinhos. E radiante ficou, quando se apercebeu que lá dentro estava água.
Saciou a sede e recuperou forças. Agora sabia que conseguiria atravessar o deserto.
E recomeçou a caminhada...
Continuou, continuou...........
Encontrou então a terra do fogo. Era uma terra imensa, devastada pelo fogo. Cinzas. Destruição. Tudo a preto e branco. Tristeza enorme nas pessoas. Não havia sorrisos. Tristeza enorme até na paisagem.
Cansado, sentou-se numa pedra e olhou para a paisagem destruída. Depois olhou para baixo e viu outro dos saquinhos. Abriu-o, e surpresa das surpresas, estava cheio de cores. Cores variadas e alegres. E então pintou todo o cenário. E pôde contemplar o regresso da alegria aquelas paragens.
Iniciou novamente a caminhada...
Encontrou a terra da escuridão. Uma escuridão imensa. As pessoas chocavam umas nas outras. Nem se conheciam. Tudo era triste.
O menino levou a mão ao último saquinho e apercebeu-se, para alegria de todos que o rodeavam, que lá dentro estava uma luz. Naquela terra as pessoas voltaram novamente a sorrir. E puderam então conhecer-se umas às outras.
Feliz e satisfeito pelas acções que efectuou iniciou nova caminhada, na certeza de que, a partir de agora, estaria então em condições de empreender a viagem final, que era o caminho da transformação interior.

Andou, andou...... 
Até que encontrou uma multidão desesperada junto a um rio.
Soube então que eram pessoas como ele, à procura da casa F de felicidade.
Soube também que estavam junto ao rio dos defeitos. E que poucas eram as pessoas que atingiam essa mesma casa F de felicidade.
Viu então, num alto duma árvore, na margem do rio dos defeitos, um senhor alto, o guardião do rio dos defeitos, a anunciar as regras para se entrar na casa F da felicidade.
Para que tal acontecesse era necessário:
primeiro, deitar os defeitos ao rio
segundo, trabalharmos o interior
terceiro, entrar primeiro na casa do amor e da bondade .
Era o único acesso possível para a casa F de felicidade.
A casa F de felicidade está na ilha da felicidade, ao lado da casa do amor e da casa da bondade.
A ponte só é visível para as pessoas que limarem os defeitos e aprenderem a cultivar as virtudes. Tem quatro pilares que são: os pilares da humildade, da tolerância, da honestidade e da generosidade.
Mas antes, é necessário eliminar primeiro os cinco defeitos básicos do ser humano, e deita-los para o rio dos defeitos e que são: a arrogância, o orgulho, a teimosia e a mentira e vaidade.
E, umas após outras, o guardião ia repetindo sempre os critérios para que as pessoas pudessem entrar na casa F de felicidade.
O menino ouviu aquilo e sentiu, como tantos outros, a tarefa impossível. Não acreditou que pudesse mudar a sua maneira de ser.

Desanimado, voltou para a casa, para a terra da Sorte. Desistiu. Como é fácil desistir. Como é fácil encolher os ombros. Quis partir. Quis voltar as costas ao destino. E voltou. Para casa, para a vivência conformista, para a apatia. Como muitos outros, pensou que não encontraria a casa F de Felicidade. Nem sequer tentou. Teve medo. Não teve coragem de tentar. E voltou. Para casa. Como muitos outros. Quase todos os outros.
Apenas olhou para o horizonte. Apenas sentiu o limite. Apenas olhou para o sonho. Sim, era um sonho. Olhar para o sonho. Como é belo, como é doce. É não sentir o tempo, é não sentir a vida. Olhou para o sonho e sonhou. Mas, mesmo assim, partiu. Partiu, mas....para a terra da Sorte, onde tudo era real, onde não havia espaço para sonhar. Mas que dizer? Era a vida a palpitar. È mais fácil sonhar, do que viver. È mais fácil não sonhar.
 E partiu...
No caminho, encontrou uma quinta. A quinta da família Verdade. À sua volta estava uma muralha alta e imensa. Apenas uma muralha. Uma muralha densa.
Sentiu curiosidade e espreitou ao portão. Uma pequena abertura e inúmeros jovens a tentar espreitar.
Por fim, conseguiu espreitar. Vislumbrou então, no interior da muralha, a presença de uma jovem a passear por entre as flores. Vestia um vestido azul, da cor do céu. Era linda e morena.
O menino ficou encantado. Era uma visão fascinante. A beleza em forma de azul. A menina do vestido azul. Beleza imensa. O arco-íris da beleza exterior e interior. Os olhos de amor do menino conseguiram ver uma imensa beleza interior no coração da menina do vestido azul. Beleza deslumbrante e humilde. A forma como acariciava os animais que a circundavam. A doçura dos gestos. A atitude meiguinha com que se relacionava com as pessoas dentro das muralhas. E, sobretudo, a beleza do seu sorriso. Um sorriso aberto de amor.
Conseguiu ainda ver uns olhos escuros e meigos, detrás de um olhar deslumbrante.
A menina do vestido azul.
A menina que encantou o coração do menino Sortudo.
Perguntou então aos outros jovens quem era aquela morena linda.
Logo lhe disseram:
É a menina do vestido azul. A menina verdade! Mas ninguém consegue entrar. Estas muralhas são impenetráveis. São as muralhas da falsidade. Têm um detector de falsidade. E a chave para o portão ninguém a consegue encontrar. É uma papoila azul. Ninguém sabe onde a encontrar. Muitos tentaram. Mas ninguém a consegue encontrar.
Disse então para ele próprio:
Eu vou conseguir! Sei que vou conseguir!
E partiu.
Correu mundo...
Um dia, cansado de tanto procurar, sentou-se junto a um campo de papoilas vermelhas. Eram imensas. As papoilas da paixão.
Sentou-se e fechou os olhos.
Sentiu o Sol forte a iluminar-lhe o rosto. Ouviu então uma voz ao longe:
Procura bem no centro do campo das papoilas vermelhas. No centro da paixão está uma papoila azul. É única. Só quem desenvolveu o amor profundo e verdadeiro a consegue ver.
Abriu os olhos, sobressaltado!
Não viu ninguém. Apenas uma ave a voar e a cantarolar, que por ele tinha passado.
Correu para o centro do campo de papoilas vermelhas e lá estava...a papoila azul.
Colheu-a e, correu, correu....até ao portão da quinta da família Verdade.
Abriu o portão e, de súbito, apareceu diante dele a menina do vestido azul. Linda. Morena. Beleza imensa.
A Princesinha do vestido azul . Olhos nos olhos. Coração a bater apressadamente. A menina do vestido azul apaixonou-se por ele também ao primeiro olhar. O tal grande amor que tanta gente aspira e sonha encontrar. O tal preâmbulo do paraíso que poucos encontram. Passaram dias encantados. Viveram a sensação, a emoção. Como se deliciaram com a vida, como quiseram viver o....Sonho. E como o viveram... Até que um dia a donzela, chamada Verdade, lhe mostrou um tesouro que guardava religiosamente: era uma caixa.A caixa do amor. Abriram os dois a caixa. Receosos, como todas as pessoas. Cativados, como muitos outros.
Abriram...e encontraram os seus corações a palpitar, a dançar no palco da vida. Ouviram o sonho das aves, sentiram o vento da bondade a aquecê-los com carinho. E viram o mar da acalmia, da tranqüilidade, a baloiçá-los. Tudo salpicado com amor, tudo envolvido em amor.
Um dia casaram. Dia, após dia, anos após anos, o Sr. Sortudo, tentou sempre melhorar como ser humano. Em cada dia que passava, tentava limar sempre um pouco as arestas dos defeitos. E trabalhava igualmente os pilares das virtudes, sem estar preocupado com a casa F de Felicidade. Aliás, nunca mais se lembrou, nem se preocupou com ela. Não sonhava com ela. Não estava obcecado com ela.
Apenas vivia o momento presente, apenas vivia.
E vivia...com amor. Conheceu a palavra, conheceu o conteúdo. Conheceu a capacidade de amar. Não só a ele próprio, mas, e sobretudo, aos outros. Aprendeu a sentir a importância de ajudar os outros. Aprendeu a importância do dar. Dar sem se preocupar com o receber. Dar pelo prazer de dar. E como foi bom aprender a dar e sentir o amor.
Um dia, sem que fizesse nada no sentido de isso acontecesse, surgiu, inesperadamente, à sua frente, uma ponte.
Olhou, estupefacto, mas.......não podia crer nos seus olhos. Era a ponte da Felicidade. Estava ali, defronte dele...aos seus pés. Receoso, andou, pé ante pé. Percorreu a ponte. Observou os pilares das virtudes. Estavam completos. Estavam perfeitos. Que milagre teria acontecido. O que lhe teria acontecido.
Olhou admirado para o rio dos Defeitos.
Viu os defeitos a serem levados pela corrente da vida. Ou melhor, a própria vida a levá-los para o mar da maldade.
Percorreu a ponte das virtudes e chegou junto à porta da casa F de Felicidade.
Que linda! Que sensação tão boa!
Percebeu então que o segredo estava na caixa do amor.
A caixa do amor mostrou.lhe o caminho. O caminho deveria ter sempre como acompanhantes a bondade e o amor. O amor era o motor, o engenheiro da construção da ponte das virtudes.
E, contrariamente, ao que as pessoas pensavam, a casa F de Felicidade estava em qualquer lado. E surgia em qualquer momento. Não quando as pessoas a procuram, mas quando a ponte está completa. Quando a ponte das virtudes está completa, encontramos o caminho e, nessa altura, conseguimos entrar na casa F da Felicidade.
O senhor Sortudo entrou na casa F da Felicidade. Conseguiu entrar. E nessa altura percebeu então a razão da vida, o objectivo da nossa existência. Em qualquer lugar, em qualquer momento, temos a oportunidade de viver o Sonho, de sermos felizes.
E ainda hoje, se diz que anda pelo Mundo, o senhor Sortudo, a tentar ensinar as pessoas a entrar na casa F de Felicidade. Ainda hoje se diz que, quando alguém pratica o bem, lá está ele a incentivar a continuação da obra.....porque a entrada na casa da Felicidade é possível. Ele existe. Só temos que construir a ponte.
Poucos conseguem, porque a maioria desiste de tentar, mas os que entraram na casa F de Felicidade, nunca mais quiseram regressar ao outro Mundo, ao mundo da superficialidade, ao mundo do egoísmo, ao mundo sem Felicidade.



Antonio Ramalho




Lola

Aproximação





Aproximação



"Foi um processo longo e difícil, como sempre o são as aproximações entre duas pessoas habituadas a estarem sozinhas. Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que parece instalar-se onde dantes estava a intimidade. É preciso saber passar tudo isso e conseguir chegar mais além, onde a cumplicidade - de tudo, o mais díficil de atingir - os torna verdadeiramente amantes."


Miguel Sousa Tavares


                                              Lola

Fácil




Fácil 

"Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
"Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como és e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na tua lista telefónica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "olá" ou "como estás"? Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas.
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem a sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente sentimos.”



Carlos Drummond de Andrade




Lola

domingo, 28 de dezembro de 2014

Se...







SE...




"Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,

Tu terias que entender

Aquilo que nem eu sei."


FERNANDO PESSOA


















                                              Lola

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Bom Natal





Bom Natal


Agora que as famílias se desfizeram
que os sorrisos se apagaram
que a união ficou adiada por um ano

Agora que pouco resta da ilusão
que há papel amarrotado
e laçarotes pouco coloridos

Agora que há beijos prometidos
e desejos comprometidos
numa mesa em desalinho

Agora penso no teu ser
no coração simples da tua voz
na ternura das palavras ditas e ouvidas

Agora que todos regressaram
desejo um natal de palavras doces
para quem em mim nunca anoitece!


Espero-te no mar que é nosso!




                                                Lola

Saudades de Coimbra | José Afonso






Saudades de Coimbra






Ontem

Coimbra, cidade de ligação...





Dizem que amor de estudante 
Não dura mais que uma hora 
Só o meu é tão velhinho 
Inda não se foi embora. 
Coimbra pra ser Coimbra 
Três coisas há-de contar 
Guitarras, tricanas lindas, 
Capas negras a adejar 


Ó Portugal trovador 

Ó Portugal das cantigas 
A dançar tua dás a roda 
A roda com as raparigas 



Fui encher a bilha e trago-a 

Vazia como a levei 
Mondego que é da tua água 
que é dos prantos que eu chorei.


Hoje 

Coimbra, cidade de desejo e  SAUDADE

Que adormece comigo tranquila e intimamente

 cada noite 

de solidão esperançada!







                                               Lola