Menina da Síria Não te rendas... Ainda que confundas a maquina fotográfica com uma arma e essa maquina, sem o saberes, te traga até nos Ainda que os teus olhos nao sequem as lágrimas incompreensíveis Ainda que nao entendas a dor deste mundo nem tenhas pedido para nascer nem escolhido o espaço para viver nem a guerra para te amedrontar... Nao te rendas, menina! Ainda que te sejam estranhos conceitos como ética, respeito, pessoa e dignidade Ainda que a inocência seja ignorada os teus labios se comprimam a tua dor indefinivel tu sejas um mero numero de estatística perdida num mundo de interesses que nao sao os teus! Ainda que persista a banalização do mal que tu nao entendes mas sofres duramente Ainda que te desmereçam pela amargura dos gritos das armas pela expulsão numa vida errante por te prenderem ao campo de refugiados onde nao podes correr e brincar na liberdade de menina sonhadora! Ainda que te tenham desabrigado roubado futuros de sorriso castrado o infinito desautorizado o teu ser... perturbado o teu semblante angelico usurpado a tua felicidade desprendendo-te de mundos a que tens direito Por favor... Nao te rendas, minha menina! Mesmo de braços levantados assustada, temerosa, confusa, perplexa continuas no meu coraçao que exige a tua serenidade o teu olhar soalheiro o teu amanhecer para um dia renovado!
Sabes?
Aqui em Portugal celebra-se, hoje, a Liberdade
Mas o que eu queria mesmo era envolver-te nos meus braços
vestir-te com os meus abraços
trazer-te para minha casa
e dar-te um enorme sorriso de esperança...
Mas
nao sei, sequer, o teu nome,
nem onde te encontras a sofrer
nem o que sentes...nem sequer
o que jà adormeceu em ti!
Por isso te peço com muita humildade:
Nao te rendas, minha querida!
Levanta os braços
Mas desta vez para tirar uma a uma
as estrelinhas brilhantes que ves no céu
quando o silencio estilhaçar definitivamente a guerra
Eu acredito e lutarei por um mundo colorido
em que a esperança nao envelheça
a tua dor nao mais floresça
o teu medo nao se perpetue
e o teu rosto nao paralise pelas agruras
de uma vida que nao escolheste nem mereces!
Por isso, minha querida menina
quero dizer-te
num abraço determinado que...
Acredito na utopia de um porvir
em que os teus olhos brilhem de ...
... um enorme azul de MAR!
Algumas notas acerca da imagem:
A imagem foi postada no Twitter pela fotógrafa Nadia Abu Shaban, que vive em Gaza (território palestino que faz fronteira com Egito e Israel) e compartilhada por milhares de pessoas nas redes sociais durante a semana passada e chamou a atenção pela expressão da menina.
A foto da menina síria Adi Hudea, de quatro anos, foi registrada em dezembro de 2014 pelo fotógrafo turco Osman Sagirli no campo de refugiados de Atmeh, localizado na fronteira da Síria com a Turquia.
Ao aproximar-se dela com o equipamento fotográfico, a menina levantou os braços acreditando que a câmara seria uma metralhadora, por isso, na foto, Adi aperta os lábios entre os dentes e paralisa o rosto.
A menina é uma das milhares de crianças sírias que teve a família destroçada pela guerra. Perdeu o pai no atentado de Hama e vive com a mãe e três irmãos no acampamento.
Ob fotografo disse: "Eu usei uma lente de telefoto e ela pensou que fosse uma arma. Depois de eu tirar a foto, olhei para a criança e percebi que ela estava assustada, porque ela mordeu os lábios e levantou as mãos. Normalmente, crianças correm, escondem os rostos ou sorriem quando vêem uma câmara"
Um dia Rita ouviu, por acaso, uma
conversa acerca do desempenho profissional de Pedro numa reunião de trabalho là
na empresa!
Curiosa, como ela própria se definia, e porque era a primeira vez
que alguém tecia considerações sobre ele, prestou uma meticulosa atenção, até porque sem o saber, Pedro jà galvanizara a sua vontade de
encontro, o seu desejo, há muito adormecido, de conhecer, descomprometidamente,
alguém que lhe suportasse o sono e lhe colorisse os sonhos de si revestidos de
uma neblina exageradamente desconcertante!
Rita gostava muito da sua profissão ao serviço do Outro! E, por isso mesmo, nao era raro cruzar-se com outras formas de entender o mundo e a vida e isso garantia-lhe uma criatividade emergente pouco ou nada compatível com uma rotina monocórdica de que ela nunca fora adepta! Pedro chegara precisamente com esse quê de sedução no mistério que, por timidez ou por opção consciente, nao se mostrava numa possível transparência existencial!
E, se de inicio, Rita achara estranho esse véu de diferença que protegia Pedro, agora entendia que cada um pode e deve resguardar o seu eu de potenciais intromissões que desvirtuam modos de vida que se pretendem de saudável recato! Depois... porque nao compreender a admirável busca do encontro com o outro naquilo que para Rita era, ainda, de profundo desconhecimento? porque nao desejar a agradável procura do encanto que, silenciosamente, Pedro iria, por certo, desvelando?
Hoje, porém, Rita tinha a convicção de que...
... era mesmo bom desconhecer-te, Pedro! Isso evita a consciência luzidia dos potenciais entraves, a visao clara e inevitavelmente controversa dos interditos entre nos, o promissor desencanto de uma distancia que podendo tardar, adormece a esperança e ludibria a utopia do possível!
Era inevitável nao acreditar que tanto Rita como Pedro transportavam, cada um por si ,pedaços de vida que o outro ignorava completamente, um tempo e percursos de existência nao felizmente partilhada e muito menos comunicada!
Gostava de te conhecer, Pedro, porém...desconheço-te e isso, talvez permita que eu possa querer-te sempre de uma forma solitária, intima e decidida em palavras ainda nao dialogadas e, muito provavelmente, nunca partilháveis!
No filme O Carteiro
e o Poeta (baseado no livro O Carteiro de Pablo Neruda, de
Antônio Skámeta) temos o seguinte diálogo entre Neruda – o poeta – e Mário – o
carteiro:
“- O que tens?
- Don Pablo?
- Ficas aí parado como um poste.
Mário torceu o pescoço e firmou os olhos do poeta de
baixo a cima.
- Cravado como uma lança?
- Não, quieto como uma torre de xadrez.
- Mais tranquilo que gato de porcelana.
Neruda largou a maçaneta do portão e acariciou o
queixo.
- Mário Jinenes, além das Odes Elementares, tenho
livros muito melhores. É indigno que me submetas a todo tipo de comparação e
metáforas.
- D. Pablo?
- Metáforas, homem!
- Que coisas são essas?
- Para te esclarecer mais ou menos imprecisamente, são
maneiras de dizer uma coisa comparando-as a outra.
- Dê-me um exemplo.
- Neruda olhou para o relógio e suspirou.
- Bem, quando tu dizes que o céu está a chorar, o que
é que queres dizer?
- Que fácil! Que está a chover, pois.
- Bem, isso é metáfora.
- E por que sendo tão fácil se chama uma coisa tão
complicada?
- Porque os nomes não têm nada a ver com a
simplicidade ou complicação das coisas. Segundo a tua teoria, uma coisa pequena
que voa não devia ter o nome tão complicado como mariposa. Pensa que elefante
tem o mesmo número de letras, é muito maior e não voa – conclui Neruda,
exausto”.
Delicioso este dialogo acerca da metáfora e do carácter convencional dos conceitos!
Era uma vez um escritor que morava em uma praia tranquila, próxima a uma colónia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à
beira-mar para se inspirar e, à tarde, ficava em casa escrevendo.
Certo dia, ao caminhar pela praia, viu ao longe um
vulto que parecia dançar. Ao chegar perto, reparou que se tratava de um jovem
que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma a uma, jogá-las de volta ao
oceano, além das ondas.
– Por qual motivo você está fazendo isso? – perguntou
o escritor.
– Você não vê? – respondeu o jovem, ao apanhar alegremente e jogar as estrelas
ao mar – A maré está vazando e o sol brilha forte. Elas vão ressecar e morrer
se ficarem aqui na areia.
O escritor espantou-se com a resposta e disse com
paciência:
– Meu jovem, existem milhares de estrelas-do-mar
espalhadas pela praia. Você joga algumas poucas de volta ao oceano, mas a
maioria vai perecer de qualquer jeito. De que adianta tanto esforço? Não vai
fazer diferença!
O jovem abaixou-se e apanhou mais uma estrela na
praia, sorriu para o escritor e disse:
– Para esta aqui, eu fiz a diferença. – e jogou a
estrela de volta ao mar.
Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, nem
sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e,
juntos, começaram a jogar estrelas de volta ao mar.
As metáforas nos ajudam a mergulhar nas profundezas do
nosso ser e potencializam nosso crescimento como seres humanos
O mar é uma excelente alegoria para aprofundar um transe que costuma ser
superficial. É interessante para os participantes da hipnose que ela
seja profunda, caso o coachee esteja em busca de resultados rápidos. Mas é
necessário cuidado em relação à figura do oceano. Essa imagem pode remeter
num indivíduo sensações agradáveis, de relaxamento e bem estar.
Porém, pode
acontecer de essa metáfora representar a outros um senso de desconforto e
perigo, advindo da grandiosidade e mistérios característicos desse elemento.
Verifique se a pessoa tem medo de água – se, por exemplo, ela já vivenciou
alguma tragédia envolvendo mergulho.
Pergunte: “gosta de mar? E de mergulhar?” Geralmente, a pessoa não gostar
do que está relacionado ao mar é um caso isolado, não constitui uma regra,
então apresentamos a seguir uma poderosa metáfora que pode
servir para muitos e com certeza atingirá o âmago do indivíduo, facilitando a
hipnose.
METÁFORA O MAR
Quando você vê uma linda praia, a observa de fora,
vendo a beleza da cor de suas águas, da areia à sua volta, das plantas… mas
geralmente não fica pensando como é o relevo lá debaixo… imaginando os peixes…
as algas… as pedras… o desconhecido… você apenas sabe que existe esse mundo lá
debaixo… aprecia o que os seus olhos observam e o que você sente…
Pois é… o que os seus olhos veem… Você observa as
mudanças de clima, temperatura e pressão… Dias muito quentes sempre trazem
aumento de pressão, tempestades e chuvas fortes… É possível perceber como o mar
se modifica… fica bravo… batendo ondas violentas… se torna sujo e feio, mas
com o tempo ele vai acalmando… Então, vem o tempo da ressaca… com mar feio…
revolto em areia…
O céu já está limpo… o sol já brilha novamente… mas é
hora de colocar o que é ruim para fora… O mar elimina pedaços de embarcações,
latas velhas, cascas de coco… A praia fica feia… mas o mar vai se limpando… e
aos poucos se acalmando… A areia vai se assentando e tudo começa a tomar seu
devido lugar novamente…
E mais uma vez o mar fica claro, limpo, convidativo a
um bom mergulho… e você pode mergulhar… mergulhar devagarinho… ir conhecendo o
outro lado… o que há lá embaixo… meu Deus! Um mundo… um mundo que vive, sente,
trabalha e, no silêncio do seu interior, funciona, produzindo riquezas e
belezas… Você pode ir mergulhando… com segurança e proteção… vasculhando… descobrindo…
pequenos peixes coloridos… algas… estrelas do mar… Você pode até mesmo ir mais
profundamente… e conhecer as coisas grandes que habitam lá no fundo…
Não tenha medo… é a sua praia… é o seu mar… você pode
observar as maravilhas que lá existem… você pode parar… boiar… respirar
livremente… Apenas observe…
Há vida! Há riquezas! E bem lá no fundo, no subsolo…
há uma grande preciosidade… há petróleo… que dá a energia da vida… Observe…
veja vida dentro de você… e assim, aos poucos… lentamente… você pode ir
voltando… e quando chegar à tona… à sua praia… sente-se um pouco… observe-a…
descanse… e pense sempre… que há um mundo de coisas a serem descobertas dentro
do seu próprio mundo…
O Carteiro e o Poeta foi um dos
grandes sucessos do cinema europeu (1994). Trata-se de uma adaptação ao cinema
do romance de Antonio Skármeta sobre a amizade entre o poeta chileno Pablo
Neruda e um carteiro italiano no início dos anos 50, quando o primeiro foi
obrigado a exilar-se numa ilha do Mediterrâneo. Michael Radford assina um
filme sobre a força transformadora da amizade entre dois homens separados por
diferenças, a partir de um diálogo mediado pela poesia.
O filme narra
o encontro do carteiro Mário Ruoppolo com o poeta Pablo Neruda. Mário mora numa remota ilha do Mediterrâneo (Itália), sem infra-estrutura, onde a grande
maioria dos homens vive da pesca. Só que ele não gosta de barcos e muito menos
das velhas redes de pescaria. Mário consegue um emprego temporário como
carteiro, de um único endereço, o de Pablo Neruda, poeta chileno que chega à
ilha em 1953, exilado de seu país por ser comunista.
Mário, homem naturalmente
ingênuo, mas dotado de sensibilidade, encanta-se com a presença do importante
poeta, a ponto de querer se tornar poeta também. O contato que passa a ter com
Neruda desperta nele um conhecimento sobre si e seus sentimentos, abrindo seus
olhos para ver o mundo limitado em que vive e que, agora, pode melhor
entendê-lo.
Mário apaixona-se pela jovem Beatrice e é ajudado por Neruda
durante a sua conquista, que se dá por intermédio de metáforas construídas por
Mário e de poesias escritas por Neruda. Ao fim do exílio, o escritor retorna ao
Chile, esquecendo-se do seu antigo carteiro, e este, movido pela dor do
abandono, escreve uma poesia sobre a ilha e sobre Neruda. Mário envolve-se com
o comunismo, também por influência de Neruda, e acaba sendo morto por policiais
durante um protesto. Mário tem um filho com Beatrice, Pablito.
No final do
filme, Neruda volta à Itália e conhece o filho de Mário, sabendo que seu amigo
carteiro está morto. A chegada de Pablo Neruda à ilha irá despertar Mário para
uma vida que parece perdida. O contato entre os dois é quase imediato. O
anúncio no posto de correios desperta a sua curiosidade, uma vez que ele sabe
ler e escrever e possui uma bicicleta. Desde o primeiro dia de trabalho, em que
Mário entra em contato com o poeta Neruda, a vida dos dois personagens passa a
ser diferente notadamente a do primeiro, relatada com principal no filme
(apenas na tradução para o português do nome do filme é que aparece a citação
do poeta. Em outras traduções, aparece apenas o carteiro). Pensando no contexto
de produção destacado no filme, o encontro dos dois não marca apenas um
encontro de palavras, de poesias e de sentimentos: marca o encontro de
realidades políticas, de saberes e de dois países (Chile e Itália) que viviam
situações políticas e econômicas semelhantes. O diálogo que se estabelece é
possibilitado (no filme) pelas palavras, mas isso extrapola a poesia.
Neruda transmite a Mário a
consciência de vida que há muito procurava. Apresenta-lhe as metáforas, o
espírito do comunismo e ajuda-o a conquistar Beatriz Russo. Neruda fomenta a
ânsia de vida de Mário Ruoppolo que, paradoxalmente, estará na base da sua
morte, durante um comício do Partido Comunista violentamente reprimido pelas
forças policiais. Sem o poeta chileno Mário nunca teria ganhado autonomia para
reivindicar, para se sentir capaz de mudar o mundo ou, simplesmente, trazer a
água corrente para a sua comunidade. Mário simboliza a vontade de pensar
diferente, de dar conta da realidade que vive, apesar das épocas de alguma
esperança que nos são retratadas tanto no Chile quanto na Itália.
Em ambos os
casos, em ambas as ilhas, ainda se sente a pobreza e a desigualdade que a
poesia também pode ajudar a mostrar.