terça-feira, 25 de abril de 2017

E o coração está seco…






E o coração está seco…


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.

Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.

Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?

Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

(Carlos Drummond de Andrade)

                                              Lola

Menina da Siria




Menina da Síria

Não te rendas...

Ainda que confundas a maquina fotográfica
com uma arma
e essa maquina, sem o saberes,
 te traga até nos
Ainda que os teus olhos nao sequem
as lágrimas incompreensíveis
Ainda que nao entendas
a dor deste mundo
nem tenhas pedido para nascer
nem escolhido o espaço para viver
nem a guerra para te amedrontar...

Nao te rendas, menina!


Ainda que te sejam estranhos conceitos como

 ética, respeito, pessoa e dignidade
Ainda que a inocência seja ignorada
os teus labios se comprimam
a tua dor indefinivel
tu sejas um mero numero de estatística
perdida num mundo de interesses
que nao sao os teus!
Ainda que  persista a banalização do mal
que tu nao entendes mas sofres duramente
Ainda que te desmereçam
pela amargura dos gritos das armas
pela expulsão numa vida errante
por te prenderem ao campo de refugiados
onde nao podes correr e brincar 
na liberdade de menina sonhadora!
Ainda que te tenham desabrigado
roubado futuros de sorriso
castrado o infinito
desautorizado o teu ser...
perturbado o teu semblante angelico
usurpado a tua felicidade
desprendendo-te de mundos a que tens direito
Por favor...


Nao te rendas, minha menina!


Mesmo de braços levantados

assustada, temerosa, confusa, perplexa
continuas no meu coraçao
que exige a tua serenidade
o teu olhar soalheiro
o teu amanhecer para um dia renovado!

Sabes? 
Aqui em Portugal celebra-se, hoje, a Liberdade
Mas o que eu queria mesmo era envolver-te nos meus braços
vestir-te com os meus abraços
trazer-te para minha casa
e dar-te um enorme sorriso de esperança...

Mas 
nao sei, sequer, o teu nome,
 nem onde te encontras a sofrer
nem o que sentes...nem sequer 
o que jà adormeceu em ti!
Por isso te peço com muita humildade:

Nao te rendas, minha querida!

Levanta os braços
Mas desta vez para tirar uma a uma 
as estrelinhas brilhantes que ves no céu
quando o silencio estilhaçar definitivamente a guerra 
Eu acredito e lutarei por um mundo colorido
em que a esperança nao envelheça
a tua dor nao mais floresça
o teu medo nao se perpetue
e o teu rosto nao paralise pelas agruras
de uma vida que nao escolheste nem mereces!
Por isso, minha querida menina
quero dizer-te
num abraço determinado que...

Acredito na utopia de um porvir
em que os teus olhos brilhem de ... 
... um enorme azul de MAR!


Algumas notas acerca da imagem:
A imagem foi postada no Twitter pela fotógrafa Nadia Abu Shaban, que vive em Gaza (território palestino que faz fronteira com Egito e Israel) e compartilhada por milhares de pessoas nas redes sociais durante a semana passada e chamou a atenção pela expressão da menina.
A foto da menina síria Adi Hudea, de quatro anos, foi registrada em dezembro de 2014 pelo fotógrafo turco Osman Sagirli no campo de refugiados de Atmeh, localizado na fronteira da Síria com a Turquia. 
Ao  aproximar-se dela com o equipamento fotográfico, a menina levantou os braços acreditando que a câmara seria uma metralhadora, por isso, na foto, Adi aperta os lábios entre os dentes e paralisa o rosto.
A menina é uma das milhares de crianças sírias que teve a família destroçada pela guerra. Perdeu o pai no atentado de Hama e vive com a mãe e três irmãos no acampamento.
Ob fotografo disse: "Eu usei uma lente de telefoto e ela pensou que fosse uma arma. Depois de eu tirar a foto,   olhei para a criança e percebi que ela  estava assustada, porque ela mordeu os lábios e levantou as mãos. Normalmente, crianças correm, escondem os rostos ou sorriem quando vêem uma câmara"

 Lola

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Gostava de te conhecer


Gostava de te conhecer

Um dia Rita ouviu, por acaso, uma conversa acerca do desempenho profissional de Pedro numa reunião de trabalho là na empresa!
Curiosa, como ela própria se definia, e porque era a primeira vez que alguém tecia considerações sobre ele, prestou  uma meticulosa atenção, até porque sem o saber, Pedro jà galvanizara a sua vontade de encontro, o seu desejo, há muito adormecido, de conhecer, descomprometidamente, alguém que lhe suportasse o sono e lhe colorisse os sonhos de si revestidos de  uma neblina exageradamente desconcertante!
Rita gostava muito da sua profissão ao serviço do Outro! 
E, por isso mesmo, nao era raro cruzar-se com outras formas de entender o mundo e a vida e isso garantia-lhe uma criatividade emergente pouco ou nada compatível com uma rotina monocórdica de que ela nunca fora adepta!
Pedro chegara precisamente com esse quê de sedução no mistério que, por timidez ou por opção consciente, nao se mostrava numa possível transparência existencial!
E,  se de inicio, Rita achara estranho esse véu de diferença que protegia Pedro, agora entendia que cada um pode e deve resguardar o seu eu de potenciais intromissões que desvirtuam modos de vida que se pretendem de saudável recato! 
Depois...
porque nao compreender a admirável busca do encontro com o outro naquilo que para Rita era, ainda, de profundo desconhecimento?
porque nao desejar a agradável procura do encanto que, silenciosamente, Pedro iria, por certo, desvelando? 
 Hoje, porém, Rita tinha a convicção de que... 
... era mesmo bom desconhecer-te, Pedro! 
Isso evita a consciência luzidia dos potenciais entraves, a visao clara e inevitavelmente controversa dos interditos entre nos, o promissor desencanto de uma distancia que podendo tardar, adormece a esperança e ludibria a utopia do possível!
Era inevitável nao acreditar que tanto Rita como Pedro transportavam, cada um por si ,pedaços de vida que o outro ignorava completamente, um tempo e percursos de existência nao felizmente partilhada e muito menos comunicada!
Gostava de te conhecer, Pedro, 
porém...desconheço-te e isso, talvez permita que eu possa querer-te sempre de uma forma solitária, intima e decidida em palavras ainda nao dialogadas e, muito provavelmente, nunca partilháveis!
Sinto saudade de futuros contigo! Por isso...
...O que eu quero mesmo é...
 desconhecer-te, Pedro!
Porquê?
Porque te adoro, my dear?


                                               Lola

quarta-feira, 12 de abril de 2017

O Teu Riso


O Teu Riso


Tira-me o pão, se quiseres, 
tira-me o ar, mas 
não me tires o teu riso. 

Não me tires a rosa, 

a flor de espiga que desfias, 
a água que de súbito 
jorra na tua alegria, 
a repentina onda 
de prata que em ti nasce. 


A minha luta é dura e regresso 

por vezes com os olhos 
cansados de terem visto 
a terra que não muda, 
mas quando o teu riso entra 
sobe ao céu à minha procura 
e abre-me todas 
as portas da vida. 


Meu amor, na hora 

mais obscura desfia 
o teu riso, e se de súbito 
vires que o meu sangue mancha 
as pedras da rua, 
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos 
como uma espada fresca. 


Perto do mar no outono, 

o teu riso deve erguer 
a sua cascata de espuma, 
e na primavera, amor, 
quero o teu riso como 
a flor que eu esperava, 
a flor azul, a rosa 
da minha pátria sonora. 


Ri-te da noite, 

do dia, da lua, 
ri-te das ruas 
curvas da ilha, 
ri-te deste rapaz 
desajeitado que te ama, 
mas quando abro 
os olhos e os fecho, 
quando os meus passos se forem, 
quando os meus passos voltarem, 
nega-me o pão, o ar, 
a luz, a primavera, 
mas o teu riso nunca 
porque sem ele morreria. 


Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda 


Rita nunca deixará de rir 
para (e com) Pedro 
como  fez na ultima conversa 
que tiveram! 

Porquê?

Então já te esqueceste que
te adoro, my dear?


                                            Lola

O Carteiro e o Poeta






O Carteiro e o Poeta


No filme O Carteiro e o Poeta (baseado no livro O Carteiro de Pablo Neruda, de Antônio Skámeta) temos o seguinte diálogo entre Neruda – o poeta – e Mário – o carteiro:

“- O que tens?
- Don Pablo?
- Ficas aí parado como um poste.
Mário torceu o pescoço e firmou os olhos do poeta de baixo a cima.
- Cravado como uma lança?
- Não, quieto como uma torre de xadrez.
- Mais tranquilo que gato de porcelana.
Neruda largou a maçaneta do portão e acariciou o queixo.
- Mário Jinenes, além das Odes Elementares, tenho livros muito melhores. É indigno que me submetas a todo tipo de comparação e metáforas.
- D. Pablo?
- Metáforas, homem!
- Que coisas são essas?
- Para te esclarecer mais ou menos imprecisamente, são maneiras de dizer uma coisa comparando-as a outra.
- Dê-me um exemplo.
- Neruda olhou para o relógio e suspirou.
- Bem, quando tu dizes que o céu está a chorar, o que é que queres dizer?
- Que fácil! Que está a chover, pois.
- Bem, isso é metáfora.
- E por que sendo tão fácil se chama uma coisa tão complicada?
- Porque os nomes não têm nada a ver com a simplicidade ou complicação das coisas. Segundo a tua teoria, uma coisa pequena que voa não devia ter o nome tão complicado como mariposa. Pensa que elefante tem o mesmo número de letras, é muito maior e não voa – conclui Neruda, exausto”.



Delicioso este dialogo acerca da metáfora e do carácter convencional dos conceitos!


                                               Lola

Estrela do Mar




Estrela do Mar

Era uma vez um escritor que morava em uma praia tranquila, próxima a uma colónia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira-mar para se inspirar e, à tarde, ficava em casa escrevendo.
Certo dia, ao caminhar pela praia, viu ao longe um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto, reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma a uma, jogá-las de volta ao oceano, além das ondas.
– Por qual motivo você está fazendo isso? – perguntou o escritor.
– Você não vê? – respondeu o jovem, ao apanhar alegremente e jogar as estrelas ao mar – A maré está vazando e o sol brilha forte. Elas vão ressecar e morrer se ficarem aqui na areia.
O escritor espantou-se com a resposta e disse com paciência:
– Meu jovem, existem milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Você joga algumas poucas de volta ao oceano, mas a maioria vai perecer de qualquer jeito. De que adianta tanto esforço? Não vai fazer diferença!
O jovem abaixou-se e apanhou mais uma estrela na praia, sorriu para o escritor e disse:
– Para esta aqui, eu fiz a diferença. – e jogou a estrela de volta ao mar.

Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, nem sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas de volta ao mar.
Desconheço o autor do texto!

                                                Lola

Metáfora do Mar




Metáfora do Mar


As metáforas nos ajudam a mergulhar nas profundezas do nosso ser e potencializam nosso crescimento como seres humanos

O mar é uma excelente alegoria para aprofundar um transe que costuma ser superficial. É interessante para os participantes da hipnose que ela seja profunda, caso o coachee esteja em busca de resultados rápidos. Mas é necessário cuidado em relação à figu­ra do oceano. Essa imagem pode re­meter num indi­víduo sensações agradáveis, de relaxamento e bem estar.
Po­rém, pode acon­tecer de essa me­táfora representar a outros um senso de desconforto e perigo, advindo da grandiosidade e mistérios característicos desse ele­mento. Verifique se a pessoa tem medo de água – se, por exemplo, ela já vivenciou alguma tragédia envolvendo mergulho.
Pergun­te: “gosta de mar? E de mergu­lhar?” Geralmente, a pessoa não gostar do que está relacionado ao mar é um caso isolado, não constitui uma regra, então apresentamos a seguir uma poderosa metáfora que pode servir para muitos e com certeza atingirá o âmago do indivíduo, facilitando a hipnose.

METÁFORA O MAR

Quando você vê uma linda praia, a observa de fora, vendo a beleza da cor de suas águas, da areia à sua volta, das plantas… mas geralmente não fica pensando como é o relevo lá debaixo… imaginando os peixes… as algas… as pedras… o desconhecido… você apenas sabe que existe esse mundo lá debaixo… aprecia o que os seus olhos observam e o que você sente…
Pois é… o que os seus olhos veem… Você observa as mudanças de clima, temperatura e pressão… Dias muito quentes sempre tra­zem aumento de pressão, tempestades e chuvas fortes… É possível perceber como o mar se modifica… fica bravo… batendo ondas vio­lentas… se torna sujo e feio, mas com o tempo ele vai acalmando… Então, vem o tempo da ressaca… com mar feio… revolto em areia…

O céu já está limpo… o sol já brilha novamente… mas é hora de colocar o que é ruim para fora… O mar elimina pedaços de embarcações, latas velhas, cascas de coco… A praia fica feia… mas o mar vai se limpando… e aos poucos se acalmando… A areia vai se assentando e tudo começa a tomar seu devido lugar novamente…
E mais uma vez o mar fica claro, limpo, convidativo a um bom mergulho… e você pode mergulhar… mergulhar devagarinho… ir conhecendo o outro lado… o que há lá embaixo… meu Deus! Um mundo… um mundo que vive, sente, trabalha e, no silêncio do seu interior, funciona, produzindo riquezas e belezas… Você pode ir mergulhando… com segurança e proteção… vasculhando… des­cobrindo… pequenos peixes coloridos… algas… estrelas do mar… Você pode até mesmo ir mais profundamente… e conhecer as coisas grandes que habitam lá no fundo…

Não tenha medo… é a sua praia… é o seu mar… você pode observar as maravilhas que lá existem… você pode parar… boiar… respirar livremente… Apenas observe…

Há vida! Há riquezas! E bem lá no fundo, no subsolo… há uma grande preciosidade… há petróleo… que dá a energia da vida… Observe… veja vida dentro de você… e assim, aos poucos… lentamente… você pode ir voltando… e quando chegar à tona… à sua praia… sente-se um pouco… observe-a… descanse… e pense sempre… que há um mundo de coisas a serem descobertas dentro do seu próprio mundo…

 Aproveite!


 Metáfora Retirada do livro de Sofia Bauer. 


Tirado DAQUI


Para Rita o Mar é 
metafora do encontro
do abraço intemporal
da ausencia saudosa
do desconforto da distancia
do rosto (in)tocado
do corpo revisitado
do olhar meigo e sereno 
que tarda muito em chegar!

Até quando, my dear?




                                               Lola

segunda-feira, 10 de abril de 2017

O Carteiro e o Poeta






O Carteiro e o Poeta 

O Carteiro e o Poeta foi um dos grandes sucessos do cinema europeu (1994). Trata-se de uma adaptação ao cinema do romance de Antonio Skármeta sobre a amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda e um carteiro italiano no início dos anos 50, quando o primeiro foi obrigado a exilar-se  numa ilha do Mediterrâneo. Michael Radford assina um filme sobre a força transformadora da amizade entre dois homens separados por diferenças, a partir de um diálogo mediado pela poesia. 

O filme narra o encontro do carteiro Mário Ruoppolo com o poeta Pablo Neruda. Mário mora  numa remota ilha do Mediterrâneo (Itália), sem infra-estrutura, onde a grande maioria dos homens vive da pesca. Só que ele não gosta de barcos e muito menos das velhas redes de pescaria. Mário consegue um emprego temporário como carteiro, de um único endereço, o de Pablo Neruda, poeta chileno que chega à ilha em 1953, exilado de seu país por ser comunista. 

Mário, homem naturalmente ingênuo, mas dotado de sensibilidade, encanta-se com a presença do importante poeta, a ponto de querer se tornar poeta também. O contato que passa a ter com Neruda desperta nele um conhecimento sobre si e seus sentimentos, abrindo seus olhos para ver o mundo limitado em que vive e que, agora, pode melhor entendê-lo. 

Mário apaixona-se pela jovem Beatrice e é ajudado por Neruda durante a sua conquista, que se dá por intermédio de metáforas construídas por Mário e de poesias escritas por Neruda. Ao fim do exílio, o escritor retorna ao Chile, esquecendo-se do seu antigo carteiro, e este, movido pela dor do abandono, escreve uma poesia sobre a ilha e sobre Neruda. Mário envolve-se com o comunismo, também por influência de Neruda, e acaba sendo morto por policiais durante um protesto. Mário tem um filho com Beatrice, Pablito. 

No final do filme, Neruda volta à Itália e conhece o filho de Mário, sabendo que seu amigo carteiro está morto. A chegada de Pablo Neruda à ilha irá despertar Mário para uma vida que parece perdida. O contato entre os dois é quase imediato. O anúncio no posto de correios desperta a sua curiosidade, uma vez que ele sabe ler e escrever e possui uma bicicleta. Desde o primeiro dia de trabalho, em que Mário entra em contato com o poeta Neruda, a vida dos dois personagens passa a ser diferente notadamente a do primeiro, relatada com principal no filme (apenas na tradução para o português do nome do filme é que aparece a citação do poeta. Em outras traduções, aparece apenas o carteiro). Pensando no contexto de produção destacado no filme, o encontro dos dois não marca apenas um encontro de palavras, de poesias e de sentimentos: marca o encontro de realidades políticas, de saberes e de dois países (Chile e Itália) que viviam situações políticas e econômicas semelhantes. O diálogo que se estabelece é possibilitado (no filme) pelas palavras, mas isso extrapola a poesia.


Neruda transmite a Mário a consciência de vida que há muito procurava. Apresenta-lhe as metáforas, o espírito do comunismo e ajuda-o a conquistar Beatriz Russo. Neruda fomenta a ânsia de vida de Mário Ruoppolo que, paradoxalmente, estará na base da sua morte, durante um comício do Partido Comunista violentamente reprimido pelas forças policiais. Sem o poeta chileno Mário nunca teria ganhado autonomia para reivindicar, para se sentir capaz de mudar o mundo ou, simplesmente, trazer a água corrente para a sua comunidade. Mário simboliza a vontade de pensar diferente, de dar conta da realidade que vive, apesar das épocas de alguma esperança que nos são retratadas tanto no Chile quanto na Itália. 

Em ambos os casos, em ambas as ilhas, ainda se sente a pobreza e a desigualdade que a poesia também pode ajudar a mostrar.






Tirado Daqui
https://www.youtube.com/watch?v=6Oi8cwZ-lK4


Porque as palavras aproximam
a poesia envolve-se em sonho
os horizontes alargam-se
o infinito inventa-se!

Um Livro Sublime!
Um filme imperdivel!




                                                Lola