terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Linda para ti!



Linda para ti!

Sempre gostei de me cuidar
na mente e no físico
nas palavras e nos sonhoqs
nos desejos e nas memorias!
Por vezes grassa um pouquito de vaidade inconsciente
 de tal modo que me 
questiono
porque me visto assim?
Para mim
 ou para quem com, curiosidade, me vê passar!
Se te sinto por perto
claro que o desejo de te ver ali
 me faz mais bonita 
no querer colorir o encontro
ter um desejo de combinar cores
escolher laçarotes, rendinhas e nervuras
que me dão um ar de menina crescida
 e pronta a deixar-se gostar (e)ternamente por ti
ouvindo a tua voz doce e serena dizer,
de forma que me surpreende, sempre

Estás tão bonita!

Que bom existires desse lado...
à distância de um querer-te num tempo 
que se percorre de vez em quando o
cansaço não te atormenta os fins de tarde
e a competência te desperta um olhar
para  o céu estrelado sobre o mar...
que...
será sempre o nosso lugar comum....

Para me dizeres...

Continuas linda!





                                           Lola

Faltou ontem...



Faltou ontem...

a ternura que precisava
a palavra que me serena
o olhar que me adormece
o cheiro a maresia que enaltece a saudade!

Faltou...

o riso desconstruído em palavras 
que a simultaneidade desafia
os passos que conheço sem te ver
o jeito organizado que me ensinaste a ser!

Faltou quase...

esta vontade louca de te ouvir
de correr atrás de ti na areia seca
de te ver o sol espelhado no olhar 
de perguntar que horizontes percorres
que desejos persegues
que ambições perdeste
que alegrias te negaram
que trilhos te erraram no caminho

Faltou ainda...
o inicio de um sorriso teu
a disponibilidade de um "Olá" que tardava
a dança arriscada da mão que não se aperta
porque há um muro de latão enferrujado
que ninguém quer polir de imediato
porque o mistério enriquece
a distância empobrece
o carinho merece 
todo este querer-te constante e cadente!


Faltou-me...

dizer-te que tantas são as noites que te sonho
te sorrio desfazendo o silêncio 
rompendo o desencanto fugidio que guardas no teu peito!
que tantas são as madrugadas que te me tornas 
imensamente inebriada num bem estar paradisíaco 
de mar sereno e iluminado pelas minhas gargalhadas
que respondem de modo quase espontâneo aos teus reparos
pertinentes sobre o mundo 
que sendo teu é nosso pois há muito que te penso...

Falta-me

um pedaço de  tempo (con)junto para 
dizer-te num sorriso desvairado
que... 
para mim...






                                            Lola

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

E amanhã?




E amanhã?


Será que ainda te lembras de mim
do desejo de te ouvir em voz melodiosa
nesse  olhar de primavera
e da tranquilidade das palavras que fluíam para mim!




Tirado DAQUI


Será que te foste embora 
definitiva e demoradamente 
sem um apego, um afecto, uma ternura, 
um desejo de querer o
que há muito 
eu vinha desenhando  em mim?

Será que amanhã ainda estás ai 
para
me aconchegar no teu regaço
 me apertares com  o teu abraço
 me envolveres com o teu rosto de infinito,
numa  serenidade que me faz adorar a ternura do teu ser?


Será que amanhã,  vais dizer 
doce e pausadamente
em tom quase de melodia 
 mas com a convicção que sempre 
 maravilhou a utopia 
que nasce em mim...


Gosto muito de ti!

Será que amanhã ainda estas ai?

Para eu revisitar a saudade 
e o deslumbramento de querer que existas
 ( em mim...)



                                               Lola

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Tiago Martins - Bairro do Amor (Jorge Palma cover)


By Leonid Afremov


Bairro do Amor 

Por vezes recebem-se gestos de ternura em palavras, imagens...ou simplesmente numa melodia que pessoaliza as palavras que um ou outro dia todos nos quisemos ou poderíamos ter dito!



Para a Prof. LOLA o meu cover do "Bairro do Amor" de Jorge Palma! Espero que goste! 
1 de Dezembro de 2015


No bairro do amor a vida é um carrossel
Onde há sempre lugar para mais alguém
O bairro do amor foi feito a lápis de côr
Por gente que sofreu por não ter ninguém


No bairro do amor o tempo morre devagar

Num cachimbo a rodar de mão em mão

No bairro do amor há quem pergunte a sorrir:

Será que ainda cá estamos no fim do Verão?



Eh, pá, deixa-me abrir contigo

Desabafar contigo

Falar-te da minha solidão

Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair-me um pouco
Eu sei que tu compreendes bem



No bairro do amor a vida corre sempre igual

De café em café, de bar em bar

No bairro do amor o Sol parece maior

E há ondas de ternura em cada olhar



O bairro do amor é uma zona marginal

Onde não há prisões nem hospitais

No bairro do amor cada um tem que tratar

Das suas nódoas negras sentimentais



Eh, pá, deixa-me abrir contigo

Desabafar contigo

Falar-te da minha solidão

Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair-me um pouco
Eu sei que tu compreendes bem



Jorge Palma


Lembrei tanto do Mar, de ti
 e
 de Kant!



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Tanto tempo...




Tanto tempo...

Não sentes a Saudade
nem o corrupio dos nossos passos
 pelo corredor manhã cedo?

Não vês as aguas do Mar misturar o meu cabelo
 já de si desalinhado 
nem o vento toldar o meu olhar  perdido na distancia?

Não vês as escadas soalheiras do abraço 
nem o vazio que as  palavras sendo tuas,
em mim deixaram?

Não vês o meu acordar sem o sol brilhante 
nas janelas do nosso horizonte 
nem o entardecer nos campos despidos de folhas que se amontoam nos caminhos?

Não sentes o calor das palavras que nos aproximam
nem os risos das situações que se contam numa (e)terna empatia?

Não sentes que o frio deste inverno cristaliza sentires 
nem o orvalho da noite que prolonga sonhos em afectos simplesmente inadiáveis?

Não sentes que o tempo avança num turbilhão de mar
e que o vento junto a ele me lembra, continuadamente, da vida sem um nos?

Tanto tempo...

Não estás a sentir esta alteridade frágil do eu outro
aqui tão juntinho do outro eu
ou apenas do meu coeur ...
... que te visito em cada amanhecer 
que desfalece sorrindo 
num entardecer de luz?


Não vês que aqui já há um pouquinho de Natal?

Tanto tempo...









                                              Lola

domingo, 6 de dezembro de 2015

Queria...






Queria...



Apesar do novelo em que a vida nos enrola
apesar do efémero em que cada gesto se torna
apesar de cada linha que nos une se tornar infinita
Hoje 
aconteceu mais uma noite de veludo azul!
Revisitei o teu discurso
a tua sombra desenhando o espaço  no corredor
os quadradinhos do teu olhar sempre sereno e disponível
a tua mão que segura a esperança 
 que eu nunca...
nunca mesmo quero deixar dormir!
Hoje eu queria...

Sabes Pedro?

Queria que aqui estivesses.
Que corresses atrás de mim pelo campo verde frio
que me afagasses o rosto húmido do orvalho
Que apoiasses o meu sorriso no teu ombro.

Que me desses, um bocadinho,da candura  da tua voz
 doce,única e melodiosa.
Queria, somente por minutos...
descansar o meu rosto no teu olhar
 Queria-te a ti 
perto do meu ser e das minhas palavras guardadas
queria mesmo...
um pouco do teu existir anoitecendo
 tão  perto de mim!

 dormes,Pedro?

Então um abraço de BOA NOITE, my dear?






                                               Lola

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O que dizem os abraços


by Agostino Degas


O que dizem os abraços

Juntar as pontas dos ombros e dar algumas palmadinhas nas costas não é um abraço. Escrever "abraço" no fim de um e-mail também não é um abraço. Indiferente ao desenvolvimento social e tecnológico, um abraço continua a ser duas pessoas que se juntam e se apertam uma de encontro à outra.

Esses rapazes que aparecem com cartazes a oferecerem abraços nos festivais de verão têm graça e talvez sejam bem-intencionados, mas fazem publicidade enganosa. Não são os abraços que provocam as ligações, são as ligações que provocam os abraços. Um abraço não é apenas duas pessoas que se juntam e se apertam uma de encontro à outra.

Um abraço tem muita importância.

Quando eu era uma criança, teria talvez uns nove ou dez anos, o meu pai deu-me um abraço na cozinha da nossa casa. Era de madrugada porque essa era a hora em que, naquele tempo, se saía da minha terra quando se ia para Lisboa. O meu pai tinha uma operação marcada no hospital, estava vestido com as roupas novas e tinha medo. Enquanto me abraçava, o meu pai chorou porque, durante um momento, acreditou que podia nunca mais me ver. Os braços do meu pai passavam-me pelos ombros, a minha cabeça assentava-lhe na barriga, sobre o pullover. A lâmpada que tínhamos acesa por cima da cabeça espalhava uma luz que amarelecia tudo o que tocava: a mesa onde jantávamos todos os dias, o ar que ali respirámos em tantas horas anteriores àquela, em tantas horas ignorantes daquela. O meu pai usava um after shave muito enjoativo, barato, que alguém lhe tinha oferecido no Natal. Agora mesmo, consigo ainda sentir esse cheiro com nitidez absoluta.

A operação correu bem. Depois do susto, depois da convalescença, o meu pai voltou para casa com uma cicatriz grossa e roxa na barriga, ficava à vista quando a camisa lhe saía para fora das calças ou na praia, apesar de usar os calções exageradamente puxados para cima. Depois disso, tivemos direito a nove anos em que não voltámos a pensar em despedidas.

Durante muito tempo procurei em toda a minha memória: as lembranças de quando regressou da operação ou, depois, quando tínhamos a mesma altura ou, mesmo depois, quando ficou doente pela última vez. Mas abandonei as buscas, não consigo recordar outra ocasião em que nos tenhamos voltado a abraçar. Essa madrugada na cozinha, a luz amarela, o aftershave, foi a única vez em que nos abraçámos na vida.

Não afirmo com leveza que um abraço tem muita importância. Há quinze anos que escrevo livros apenas sobre esse abraço.


José Luís Peixoto, in Notícias Magazine,
 22 de novembro de 2015


Por tudo isto...
o Abraço é,  e continuará a ser, para mim, 
a expressão de afecto que mais me seduz, 
que me cura a distancia do teu ser, 
que me apazigua a saudade do teu sorriso, 
que me acalma a fronteira da tua voz suave e enternecedora...
...das lágrimas de menino feito homem pela rudeza da vida existencialmente vivida e 
filosoficamente pensada com carinho!

Envolves-me, por favor,
 mais uma vez...
 ...num abraço, esta noite?





                                             Lola





Olhar de Mar






Olhar de Mar




Há mulheres que trazem o mar nos olhos

Não pela cor

Mas pela vastidão da alma

E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma.


Sophia de Mello Breyner Andresen



E Tu?

tens uma voz de mar e espuma
um olhar de outono multicolor
um abraço inteiro e inquebrantável
uma serenidade de sorriso que me encanta
um perfume de distância que me invade
em noites de profunda 
e desejada solidão 
de ti...
de mim...
de nos!

Porque te sonho sem te pedir
te desejo aqui sem te dizer
te agarro num abraço sem te exigir!

Espero o teu ser na memoria de um encontro revisitado
tantas e tantas vezes!
Pensas em mim assim tantas vezes?
Não me surpreende o teu possível não!
Gosto de ter começado a gostar de ti...
...e gosto, devagarinho, cada vez mais! 

Porquê?


Os fundamentos ficam para a Filosofia
 que nos encontrou e nos encontra! 
Importas-te de me dar,
 devagarinho, se quiseres,
 a serenidade do teu corpo 
num abraço que 
ficará 
eternamente nosso?



                                            Lola