domingo, 28 de fevereiro de 2016

Beijo





Beijo

múltiplo
sereno
desejo
saudade
desconforto
desleal
noturno
sombrio
livre
circunstancial
meio
momentaneo
desencanto
ilusao
efemero
sentido
eterno
ousado
timido 
oferecido
roubado
utopia
transgressao
desregrado
surpreendente
premeditado!


Mas...
 o que eu gosto mesmo é de um claro e electrizante beijo de corpo inteiro...

O teu abraço, my dear!




                                           Lola

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Amizade verdadeira entre um homem e uma mulher



Amizade verdadeira entre um homem e uma mulher

Sei que as pessoas se confundem num mundo já ele próprio confuso, mas a amizade é uma coisa séria, se preservada dura epopeias, se cultivada é inexplicável e se sentida não tem género. É ainda impossível uma amizade entre um homem e uma mulher?

A amizade é um amor diferente, nem é para mais nem para menos, sente-se noutra medida. Sofre-se como se fossemos o outro a sofrer, ganhamos com as conquistas dele, somos felizes se lhes sentirmos as gargalhadas, e um dos maiores princípios é vê-los bem... aos nossos amigos, porque é dessa forma que também estaremos felizes.

Os nossos amigos não têm diferenças, nem sequer género, mas na maior parte das vezes (ou sempre) parece quase impossível que um homem e uma mulher não possam partilhar uma amizade verdadeira, que lhes desconfiamos de imediato segundas intenções. Não se percebe que existe um laço gigantesco e inquebrável que pode unir pessoas do sexo oposto e que pode apenas ser a amizade, que se ouve logo um burburinho "ah é mais que isso...", como se pudesse existir algo mais que a amizade.

Um rapaz e uma rapariga podem realmente ser amigos, carrego comigo um testemunho digno disso mesmo, capaz de entrar para o Guiness, se porventura existissem recordes na amizade. "Ela" é a Leticia, e não, não namoramos. Temos que dar esta resposta tantas vezes que já a sabermos de cor. Também não trocamos roupa interior nem as outras coisas que levantam as dúvidas de quem não percebe que a maior das bençãos é ela poder conceder-me uma amizade em vias de extinção. Sofro-lhe as ausências, sinto a perda de não poder partilhar os dias todos com ela, porque quando estamos juntos não escasseamos de felicidade, as gargalhadas podem conter décibeis que não são permitidos por lei, mas o que perdemos em poluição sonora ganhamos em cumplicidade.

Ela consegue perceber quando o meu coração sofre uma arritmia mesmo antes de acontecer e se o encontro que vou ter dali a 15 dias valerá a pena. Escolhe-me a melhor camisa naquele momento, porque segundo ela é entendida nos gostos da outra pessoa. Eu dou-lhe os melhores conselhos, não consinto ver-lhe uma lágrima a escorrer-lhe pelos nosso rosto e sei que vai sempre correr tudo bem independentemente do que ela leve vestido, porque lhe conheço a presença e a atitude, a genialidade do sentido de humor ou a cor dos olhos que vai dar segredo às inseguranças que lhe vão surgir, porque eu sei que elas vão acontecer. Serei o porto de abrigo para a sms — urgente, mas sei que ela não vai carregar no botão, nem é por vergonha, é porque na hora da verdade ela não teme... ela enfrenta. Conheço-lhe os maiores segredos que o coração lhe guarda e abro-lhe sempre a cortinas do meu de forma a nem deixar uma fisga fechada.

Brindamos e outras vezes rimos de todas as vezes que nos dizem: "...mas porque não tentam? ficam tão bem juntos...". Na verdade nós já estamos juntos e de uma forma insubstituível, só que não percebem. Nessas alturas ela já é mais descarada e consegue rir-se sem explicar às pessoas que um rapaz e uma rapariga podem ser somente amigos, mas existe sempre alguém que lhe desconhece a essência e nem o faz por mal, é porque nem percebe a amizade.






Põe a música que eu gosto, fuma a meias comigo (e sei o quanto isso lhe custa , sofre com as minhas perdas, exulta com as minhas vitórias, sorrimos ao mesmo tempo, percebe as piadas que só nós os dois entendemos, acrescenta-me bom gosto sem que eu tenha que nada retribuir e sabemos fazer uma coisa juntos que só o consegue quem dignifica a amizade ao mesmo tempo que a sente: silêncios, aqueles que demoram e não incomodaram porque nem os sentimos, quando estamos lado a lado, daqueles que parecem interromper a vida e numa outra ocasião alguém teria que tossir para que não parecesse mal, nós sabemos fazer isso... em silêncio.

Quando parto sei que lhe deixo uma parte de mim e trago a dela comigo, mas a distância não interrompe a intensidade. É intrínseco isto. Preciso dela por cada encontro, nem é que sejam muitos, mas ela nunca falha na cor da camisa ou na fragância, creio que é por saber as mulheres de cor ou por me conhecer tão bem. Ela critica-me na frente e defende-me nas costas, eu faço o mesmo porque nos é exigido assim.

Aprecio-lhe aquele jeito bravo ou rebelde, a frontalidade, as inseguranças e gosto de a ver refilar... umas vezes para mim, outras vezes para o ar, gosto da forma como a cabelo dela sopra em uníssono com o vento, do reflexo das coisas quando lhe resvalam no olhar. Admiro a forma como ela vê o mundo, como exibe a opinião, como recua quando percebe que não é a correcta.

"Só se escreve assim quando estamos apaixonados por alguém", também já ouvi esta, admito que o ênfase que lhe dou pode ganhar outros sentidos, mas é porque a amizade que nos une é desmedida, contém mais exageros e afecto que lacunas, tenho em mim que nada pode ficar por dizer, ou por mostrar. A amizade entre um homem e uma mulher é das coisas mais extraordinárias, o mundo devia parar para pensar que os amigos se escolhem, mas a escolha não é feita pelo sexo, que um beijo no rosto é tão nobre e forte como uma muralha, que uma amizade vale pela combinação e quando ela se acerta não há jogo de lotaria que lhe faça frente, vale pela cumplicidade, pelo companheirismo, pelos abraços a qualquer hora, pelas zangas que são pazes cinco minutos depois.

Nunca poderei perguntar a um padeiro como se faz uma estante e é por isso que consigo entender quem não nos percebe, quem nos troca o sentimento, porque somos de géneros diferentes. Acredito que o facto de nós não vivermos em mundos diferentes possa encurtar as semelhanças. Sei que as pessoas se confundem num mundo já ele próprio confuso, mas a amizade é uma coisa séria, se preservada dura epopeias, se cultivada é inexplicável e se sentida não tem género. 

É ainda impossível uma amizade entre um homem e uma mulher?


 Texto de Marco Gil • 
15/02/2016 - 12:02
 in publico



Sera possível mesmo quando somos mais do que

 amigos e menos do que amantes!


A inevitabilidade do amor Platónico...porque o 

envolvemos

 num pensamento delicioso 

que é  nosso! 

Simplesmente porque há...

 um SE...




Lola

Sintomas de Saudade






Sintomas de Saudade 


Sinto mesmo saudade...
De quê?
Da tua voz meiga chamando o meu nome,
do teu ar sereno que tranquiliza
do teu sorriso que me enobrece
do teu andar insubstituível, 
do teu ser cuidadosamente organizado
da tua generosidade que me fascina
porque jamais vislumbrei 
tanta bondade
tanta doçura
tanto respeito
tanta calmaria
tanta disponibilidade de ouvir
tanto sol na tua chegada
tanta inquietude no ver-te partir!







Se estou triste?

Não! Melhor uns minutos de ti 
do que uma ausência infinita!

Muito embora ....sinta, e tu sentes

Mil vezes 
SINTOMAS DE SAUDADE 
de ti, Pedro!


                                                Lola

Estrela da tarde






ESTRELA DA TARDE

Era a tarde mais longa de todas as tardes

Que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
Tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
Na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhamos tardamos no beijo
Que a boca pedia
E na tarde ficamos unidos ardendo na luz
Que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto
Tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite,
Para haver outro dia.

Meu amor, meu amor

Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.

Foi a noite mais bela de todas as noites

Que me aconteceram
Dos noturnos silêncios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.




Tirado DAQUI


Foram noites e noites que numa só noite

Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.


Eu não sei, meu amor, se o que digo

É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto!

JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS (1976)



                                              Lola

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ausência




AUSÊNCIA


Num deserto sem água

Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua




SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN,
 in MAR NOVO (Guimarães Ed, 1958), 
OBRA POÉTICA (Caminho, 2010; Assírio & Alvim, 2015)


Mas eu, decididamente, 

não vou desistir, 

pois a tua ausência 
envolve a presença
 do teu eu em mim... 
continua,
continuada 
e...
continuadamente!



Lola

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Amor perfeito




Amor perfeito

Rita nunca mais esquecera as palavras daquele livro que lera na adolescência e que criaram nela certezas que hoje sabe que sem elas a sua vida seria radicalmente diferente.
Após a primeira leitura, por mais que uma vez  Rita revisitara as palavras de Erico Veríssimo em Olhai os Lirios do Campo para sonhar a possível eternidade daquele amor profundo mas clandestino de dois seres que a morte impediu de continuar amantes por mais tempo.

Quanto?
Rita não imagina...e era precisamente este corte abrupto, essa ruptura inexplicável, para ela, esse longínquo mistério que a fazia saborear com muita doçura, as palavras de ternura e paixão, deixadas escritas para o  amado pouco antes de ela morrer!
Hoje Rita não mais acredita em amores perfeitos e, sobretudo, eternos! 
E sente-se maravilhosamente por desacreditar! Não que isso a torne mais segura nos passos que vai trilhando entre as folhas enrugadas pela geada do inverno, mas porque busca outros sentidos  em pequeninas realidades que... bem, naquilo que tardou em reconhecer como o belo para cada momento sentido.
Aprendeu, por exemplo a admirar o anoitecer, a olhar demoradamente o infinito, a olhar atentamente as florinhas do jardim, a mexer a terra plantando o porvir de um colorido  de malmequeres que gosta de ver crescer!

Habituou-se a fruir a noite, que adora,  procurando nela a serenidade de estar consigo própria no seu recato  de momentos intransferiveis mas inteligíveis para si própria!
Hoje Rita não quer aceitar os amores eternos!
Gosta do fluir dos momentos sedutores pelas palavras que escreve, pelo seu encanto pelos livros que sempre a acompanham, pelas memorias que teima em respeitar e recordar, pelo sonho irrealizável - talvez - de um dia poder abraçar demorada e eternamente um olhar que sonhou há uns anos e que, irremediavelmente, vai permanecendo voluntariamente junto do seu eu!
Aprecia os gestos simples de um olhar sadio, de uma mão na mão ou mesmo  um sorriso que brota da espontaneidade de uma conversa tida a dois!
Rita gosta de sonhar! 

Com o improvável, talvez! Nada nem ninguém a vão afastar deste sonho de admirar a simplicidade e a disponibilidade de um rosto de ébano  que há muito a faz gostar cada vez mais de si própria em busca das palavras que lhe ecoam, de vez em quando, parecendo vindas do MAR: "Estás tão bonita!"

Hoje Rita busca apenas....
as mãos....
sim, as tuas ...
 capazes de enlaçar um corpo de rosas vermelhas que, há muito e, desajeitadamente, esperam, desejam, pedem e suplicam....

Um abraço de xadrez azul....
... a mesma cor do teu corpo quando te conheci! 



                                               Lola

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Solidão...


Solidão

Chico Buarque define solidão...
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!



Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade!




Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!




Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsivamente... Isto é um princípio da natureza!




Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto e circunstância!




Solidão é muito mais do que isto...




SOLIDÃO é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

Francisco Buarque de Holanda
 (Poeta, compositor e cantor)



Lola

Adeus, Rosa.





Adeus, Rosa.


Dia 272


Adeus, Rosa. Não subestimes os sonhos e aproveita acordada a

luz do dia, enquanto ela quiser povoar as tuas mãos, até ao preciso
momento em que se desmobilizará sobre a tua pele, e nela
se há-de esconder para dormir contigo. Tens coração de pomba,
corpo de cigarra, as tuas pupilas dilatam-se na noite,ficam do
tamanho da noite e, depois de fechares as pálpebras, sentes que
a tua culpa regressa com o mesmo vestido curto da aurora. Sabes agora
que há um amor trágico que se exibe como um fogo molhado, o fogo dos
mortos, a raiz do outono. Dulcíssima e real é a tua sombra, imensamente
tristes as horas roubadas aos teus músculos, aos teus nervos, um feixe
de silêncios penetrados em triunfo por uma intransigente horda de bárbaros
que te exibem os corpos em nome do amor.

Adeus, Rosa. Não sei como terá sido a tua meninice, sequer se
valerá a pena recordá-la. Se um amor real, vivo, livre, permanente, pôde um
dia sorrir na tua boca, se os teus lábios tremeram alguma vez pronunciando
uma hesitante palavra de amor, um desejo, um beijo, um perdão. Talvez
tenha passado já demasiado tempo desde o primeiro sonho, desde o
primeiro príncipe, desde a primeira vez.
Talvez a tua vida dorida, fria, crua, te permita apenas recordar a última vez.
E talvez tu desejes que a próxima vez possa ser também a última. Talvez.
Ainda assim por muito sufocante que seja a realidade, não subestimes
nunca os sonhos. E aproveita, acordada, a luz do dia.

Adeus, Rosa.



JOAQUIM PESSOA, in ANO COMUM
 [Introdução de Robert Simon; 
Posfácio de Teresa Sá Couto 
(Litexa Editora, 2011)]


                                  
                                                Lola


Será - Pedro Abrunhosa

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Horizontes






Horizontes




"Dois horizontes fecham nossa vida:




Um horizonte, a saudade,




do que não há de voltar.



..

Outro horizonte, a esperança,




dos tempos que hão de chegar" ...





Machado de Assis




O meu horizonte é correr ao teu

 encontro!

Esperas-me num abraço com 

sabor a MAR?



Lola