Hoje chegou a vez do
Gil se encontrar com o escritor José Luís Peixoto.
As perguntas? Essas são
curiosas, como sempre
O que é, para ti, uma
ideia?
Uma ideia é uma
visão. Para ser partilhada, precisa de ser concretizada em palavras ou em
signos de qualquer código, mas as ideias começam a existir antes das palavras e
dos signos. Depois, quando há palavras, as ideias habitam-nas. Então, essa
visão inicial passa a ser uma espécie de paisagem, mais ou menos nítida. As
palavras são janelas abertas sobre ela.
Conta-me uma história
em que penses, a que regresses com frequência.
Essas histórias são
sérias e muito preciosas. São o centro do que nos interessa, são o que não
conseguimos ultrapassar. Há relativamente pouco tempo, descobri que não tenho
de responder a todas as perguntas que me fazem. Antes, não sei porquê, achava
que tinha a obrigação de o fazer. Esta descoberta singela é uma “história” a
que tenho regressado com frequência nos últimos tempos, tenho desfrutado
bastante dela.
O que é que gostavas
de preservar?
Escrever e publicar
palavras em papel é uma forma de tentar parar o tempo, de tentar preservar.
Essa, no entanto, é uma ilusão. Não é possível parar o tempo. Tudo muda, tudo
passa, tudo morre. Não faço estas afirmações com amargura, creio que tenho
retirado o partido possível desta transitoriedade, deste efémero. A esse
respeito, não tenho muitos arrependimentos. Periodicamente, por diversos meios,
chego à avaliação daquilo que é mais importante para mim, que quero preservar.
É nesses períodos que inicio a escrita de um livro. Então, mesmo sabendo que
esses assuntos, ideias, palavras e imagens não chegarão ao fim da eternidade,
anima-me a ilusão de estar a preservar alguma coisa, de estar a difundi-la, de
estar a soprar-lhe um pouco mais de vida. Normalmente, tratam-se de princípios,
convicções.
E qual é a tua
memória mais antiga?
A primeira memória
que julgo recordar é de quando tinha quatro anos. Lembro-me de pensar: “Tenho
quatro anos”. Sei os detalhes dessa hora e sou capaz de convocar essa sensação
com alguma clareza.
CIÊNCIA EXPLICA COMO A PRAIA
PODE MUDAR NOSSOS CÉREBROS E SAÚDE MENTAL
Alguma vez você
já passou um dia na praia e voltou para casa sentindo-se relaxado e
rejuvenescido? Você pode concordar prontamente que a praia tem um efeito
calmante, mas também sabe que estar na praia pode ter um enorme efeito sobre a
sua saúde e bem-estar, e pode mesmo mudar seu cérebro. Vamos dar uma olhada em alguns
dos benefícios cientificamente apoiados que a praia pode oferecer.
Professor Lora Fleming is Director of the European Centre and Chair of Oceans, Epidemiology and Human Health at the University of Exeter.
Lora Fleming, da
Universidade de Exeter na Inglaterra, diz que a ideia de que a praia ajuda a
nossa saúde está bem estabelecida. Os médicos do século XVIII costumavam
prescrever viagens para o oceano para visitar “hospitais de banho”. Hospitais
de banho eram clínicas especialmente projetadas que ofereciam tratamentos banho
de água salgada.
Fleming observa,
no entanto, que os cientistas só começaram a olhar para os benefícios de saúde
do oceano experimentalmente nos últimos tempos.
1.O córtex pré-frontal do seu
cérebro é ativado
O córtex
pré-frontal, uma área do cérebro associada com a emoção e autorreflexão (bem
como outras funções) é ativado quando os sons do oceano são reproduzidos. Isso
foi provado através de pesquisas de cientistas com participantes de estudos que
foram expostos a sons e ruídos do oceano.
2.As ondas dos oceanos geram
íons negativos
A sensação de
paz que temos na praia pode ser um resultado de alterações moleculares em
nossos corpos. As ondas do oceano produzem íons negativos. Íons negativos
aceleram a capacidade do nosso corpo de absorver oxigênio. Eles também
equilibram os níveis de serotonina; uma substância química produzida pelo
organismo que está relacionada com o humor e o stress. Esta é uma das razões
pelas quais estar na praia foi ligada, por cientistas, à energia mental
positiva e uma sensação geral de saúde e bem-estar. Pode até fazer-nos dormir
melhor.
3.Os níveis de seu hormônio do
estresse, cortisol, diminuem
A razão pela
qual as praias têm um efeito tão calmante sobre nós pode ser por causa do som
das ondas.
Os sons mais
relaxantes e agradáveis de ouvir são aqueles que têm padrões de ondas
previsíveis. O som também deve ser suave em volumes e frequências harmônicas em
intervalos regulares. As ondas do oceano são dessa forma. Regulares e suaves de
ouvir.
O som do mar
pode ter um efeito ainda mais profundo no emocional, de acordo com a
neurocientista Shelley Batts. O ruído do oceano provavelmente desencadeia
memórias profundas ou sensações de relaxamento e segurança. Algumas pessoas
podem até dizer que recordam o útero e os batimentos cardíacos de sua mãe.
Há um hormônio
do estresse chamado cortisol. Alguns ruídos, tais como tráfego e o ruído de
avião pode acioná-lo. Quando esse hormônio é liberado, problemas de saúde, tais
como úlceras e doenças cardíacas podem ocorrer. O barulho calmante do oceano
trabalha para diminuir os níveis de cortisol. Desta forma, o oceano pode ter um
efeito positivo sobre nossa saúde em geral e evitar potenciais problemas de
saúde.
4.A superfície plana do oceano
te acalma
A superfície
plana do oceano pode também dar-nos uma sensação de segurança. O neurocientista
Michael Merzenich diz que os seres humanos se sentem seguros quando estão em
lugares que não são complexos. Na floresta, seres humanos precisam fugir de
animais predadores; nas cidades, há bandidos e vilões com os quais devemos
tomar cuidado; no entanto, na praia podemos enxergar milhas, e isso nos dá paz
de espírito. Não há ameaças potenciais.
“Somos
construídos, neurologicamente, para normalizar o nosso ambiente e
controla-lo.”, diz Merzenich. “Quando olhamos para o mar, ou estamos ao longo
da costa, nós estamos em um ambiente previsível e estável.”
Até já, Marianne: Leonard
Cohen despediu-se da sua musa dos anos 1960
Conheceram-se na ilha grega de Hidra no início da
década de 1960. Ele, canadiano, ela norueguesa. Seriam amantes durante os anos
seguintes, seriam amigos até ao fim. O dela chegou dia 28 de Julho. Marianne
Ihlen morreu aos 81 anos. "Encontrar-te-ei pelo caminho",
escreveu-lhe Cohen
Na ilha de Hidra, recordou Marianne,
"banhámo-nos, brincámos, bebemos, discutimos". DR
Havia uma Marianne real. Chamava-se Marianne Ihlen,
era norueguesa e morreu dia 28 de Julho, aos 81 anos, em Oslo. Foi para ela que
Leonard Cohen escreveu So long, Marianne, editada em 1967 e
incluída no álbum de estreia do cantor canadiano. “Your letters they all say
that you’re beside me now / Then why do I feel alone?, diz
a canção sobre o amor e os desencontros que os dois viveram desde que, no
início dos anos 1960, se encontraram na ilha grega de Hidra. Quando uma
leucemia fulminante a vitimou, Marianne não estava sozinha. Tinha a família e
amigos próximos à sua volta. E, ainda consciente, ouvira a carta que o velho
amigo e amante lhe endereçara.
Quando lhe foi diagnosticada a leucemia incurável, poucas semanas antes da
morte, o realizador norueguês Jan Christian Mollestad, que prepara um
documentário sobre a sua vida, contactou Cohen a informá-lo da proximidade do
fim. A resposta chegou rápida. O El País transcreveu as
palavras do cantor e poeta.
“Bem, Marianne, chegámos a este ponto em que somos tão velhos que os nossos
corpos se desfazem; penso que te seguirei muito em breve. Quero que saibas que
estou tão próximo de ti que, se estenderes a tua mão, creio que conseguirás
tocar a minha. Sabes que sempre te amei pela tua beleza e sabedoria, mas não
preciso de alongar-me, porque já sabes tudo isso. Quero apenas desejar-te boa
viagem. Adeus, velha amiga. Com todo o amor, encontrar-te-ei pelo caminho”.
Depois da morte, como dá conta a página de Facebook de Leonard Cohen, Mollestad endereçou-lhe uma carta em que o informava do falecimento,
contando que, quando leram a Marianne o que lhe escrevera, ela sorriu “como só
Marianne sabia sorrir” e ergueu a mão para tocar a mão do amigo, que Cohen
dizia tão próxima.
Marianne Ihlen chegou à ilha de Hidra com o seu namorado de então, o
escritor norueguês Axel Jensen, e o filho bébé de ambos. Tinha 25 anos. Pouco
depois, abandonada por Axel - que, diz a lenda, iniciara uma relação com a
namorada de Cohen -, aproximar-se-ia daquele canadiano praticamente da mesma
idade, um dos jovens artistas e boémios que pululavam pela ilha no início da
década de 1960. Nos anos seguintes, em Hidra, mas contando também com
temporadas em Nova Iorque ou Montreal, os dois seriam amantes e serviriam de inspiração
mútua. Cohen considerava-a a sua musa. Escreveu para ela So long,
Marianne ou Bird in the wire e dedicou-lhe o seu
livro de poesia Flowers for Hitler, publicado em 1964.
“Esses anos foram realmente bons. Muito bons”, disse Marianne Ihlen numa entrevista ao escritor Kari Hesthamar, em 2006. “Sentámo-nos ao sol e deitámo-nos ao sol, andámos ao sol,
ouvimos música, banhámo-nos, brincámos, bebemos, discutimos. Escrevemos e fizemos
amor”. Acrescentou: “Durante cinco anos não tive sapatos nos pés, sabe. E
conheci muitas pessoas maravilhosas. Agora foram lançadas ao vento. Algumas
estão mortas. Muitas estão mortas”.
A contracapa de Songs From a Room (1969), o segundo álbum de Leonard Cohen, mostra uma jovem mulher que
sorri para a câmara, sentada à máquina de escrever num quarto modesto onde o
branco impera. O sorriso é de Marianne, a máquina era de Cohen, o quarto era
grego.
Fotografia de Leonard Cohen usada na contracapa do álbum Songs from a Room de 1969
Com Oslo palco de rebeliões juvenis, Marianne
Ihlen e Axel Jensen, conhecido escritor norueguês, fogem
para a ilha de Hydra, Grécia, onde vários artistas internacionais
se juntavam habitualmente, e compram uma pequena casa branca onde Axel escreve.
Anos depois, Axel sai de Hydra abandonando Marianne e o filho de seis meses de
ambos. Certo dia, Marianne estava na mercearia e recebe um convite de um homem
para se juntar ao grupo de pessoas que está sentado na rua. Esse homem era Leonard
Cohen. Leonardo Cohen diz-lhe que ela é a mulher mais bonita que já
viu e mais tarde vivem juntos no Canadá, com o filho de Marianne. Durante
os anos 60 vivem entre Montreal, Nova Iorque e Hydra e a canção “So
Long, Marianne” é composta, muito tempo antes de Leonard Cohen
terminar a relação. A colecção de poemas Flowers for Hitler de
Leonard Cohen é dedicada a Marianne. Em entrevista, Marianne Ihlen afirmou “He
taught me so much, and I hope I gave him a line or two.”
Marianne Ihlen faleceu na semana passada. Como
homenagem, a página de Facebook do músico encheu-se de memórias, poemas e
várias outras formas de celebração da vida.
Kari Hesthamar, autor de So Long Marianne – A Love Story e amigo de
Marianne, relembra:
“Listening to Leonard Cohen’s songs, it feels as
though he’s singing precisely to you. Marianne had that gift: she made you feel
that you were seen; she made you become a better version of yourself. With her
eye for beauty, she made everything around herself beautiful. I
remember how she put together a simple salad or an omelette, the light-footed,
dancing way she moved, the laughter and the gravity. She spoke of how
love doesn’t end. Relationships end, people die, but the love you have received
remains within you, a foundation to be built upon.”
Jan Christian Mollestad, que se encontra a realizar um filme sobre
a vida de Marianne, escreveu uma carta a Leonard Cohen, onde lhe comunica a
morte de Marianne, imortal na sua música.
“Dear
Leonard
Marianne
slept slowly out of this life yesterday evening. Totally at ease, surrounded by
close friends.
Your
letter came when she still could talk and laugh in full consciousness. When we
read it aloud, she smiled as only Marianne can. She lifted her hand, when you
said you were right behind, close enough to reach her.
It
gave her deep peace of mind that you knew her condition. And your blessing for
the journey gave her extra strength. Jan and her friends who saw what this
message meant for her, will all thank you in deep gratitude for replying so
fast and with such love and compassion.
In
her last hour I held her hand and hummed Bird on a Wire, while she was
breathing so lightly. And when we left he room, after her soul had flown out of
the window for new adventures, we kissed her head and whispered your
everlasting words
So long, Marianne” A musa...
Marianne Ihlen, 81 anos
A melodia...
Ver AQUI: https://www.youtube.com/watch?v=cZI6EdnvH-8