domingo, 23 de novembro de 2014

Lembra de mim





Lembra de mim

Nunca te perguntei pelo amor
Nem pelo encanto de o seduzir!
Nunca quis saber o que sentias 
nos momentos de ausências, 
de olhares alheados do mundo que te circundava 
e te deixava sozinho...
Nunca indaguei da tua felicidade
do teu horizonte longinquo
da tua imensidão de ser!
Nunca desfiz a curiosidade de perguntar-te
o que te lembrava um momento de cumplicidade
de dialogo alegre e descomprometido 
na minha companhia!
Nunca pretendi vislumbrar para là dos teus passos
momentos de aproximação ao encanto
que te tenho no luar
que te envolvo no meu mar
que te espero no meu coração
e
que te quero fusional num abraço 
so para te ouvir dizer baixinho 
que...
...nunca te vais esquecer ...

LEMBRA DE LEMBRAR DE 
MIM






E depois entraremos mar adentro 
para nele sorrirmos da pureza da água 
que sustenta tão grande cumplicidade
que molha tão enorme ausência
que beija almas de distância 
que acorda nos pensamentos boémios 
das noites do inevitável e frequente ...

Lembra de não te esqueceres de mim!




                                              Lola

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Coração



Coração

Na ciência

Ciência
Neurociência
"O homem está evoluindo para conciliar a emoção e a razão", diz António Damásio
Em entrevista a VEJA, o neurocientista português António Damásio fala sobre como as emoções e sentimentos são essenciais ao influenciar a tomada de decisões e moldar a razão humana


O neurocientista português António Damásio: seu trabalho mostrou como as emoções e sentimentos são inseparáveis da razão humana (Franziska Krug/Getty Images/VEJA)



O português António Damásio, 69 anos, é um dos maiores nomes da neurociência na atualidade. Radicado nos Estados Unidos desde a década de 70, e professor da University of Southern California, em Los Angeles, onde dirige o Instituto do Cérebro e da Criatividade, ele conduziu pesquisas que ajudaram a desvendar a base neurológica das emoções, demontrando que elas têm um papel central no armazenamento de informações e no processo de tomada de decisões. 

Seus livros O Erro de Descartes (1994)O mistério da Consciência (1999)Em Busca de Espinosa (2003) e E o Cérebro Criou o Homem (2009), todos publicados no Brasil pela Cia. das Letras, tratam principalmente do papel das emoções e sentimentos na razão humana e quais são os processos que produzem o fenômeno da consciência.

 Em visita ao Brasil para participar da série de palestras Fronteiras do Pensamento, Damásio falou a VEJA.

Na introdução de seu último livro, O Cérebro criou o Homem, o senhor diz que acabou se desapontando com algumas de suas abordagens ao longo do tempo e decidiu começar seu trabalho de novo. Quais foram as descobertas que o levaram a repensar sua pesquisa? Ao longo desses anos todos, o estudo sobre a estrutura do cérebro avançou muito e ajudou a entender melhor certas operações, como a memória e a consciência. Além disso, por meio das minhas pesquisas pude perceber a importância das emoções e dos sentimentos na construção do nosso raciocínio. Para ter o que chamamos de consciência básica é preciso ter sentimentos. Isto é, é preciso que o cérebro seja capaz de representar aquilo que se passa no corpo e fora dele de uma forma muito detalhada. É daí que nasce a rocha sobre a qual a mente forma sua base e se edifica.

O que é a mente? Ela é uma sucessão de representações criadas através de sistemas visuais, auditivos, táteis e, muito frequentemente, das informações fornecidas pelo próprio corpo sobre o que está acontecendo com ele — quais músculos estão se contraindo, em que ritmo o coração está batendo e assim por diante. Em resumo: a mente é um filme sobre o que se passa no corpo e no mundo a sua volta.

Qual a diferença entre emoção e sentimento? A emoção é um conjunto de todas as respostas motoras que o cérebro faz aparecer no corpo em resposta a algum evento. É um programa de movimentos como a aceleração ou desaceleração do batimento do coração, tensão ou relaxamento dos músculos e assim por diante. Existe um programa para o medo, um para a raiva, outro para a compaixão etc. Já o sentimento é a forma como a mente vai interpretar todo esse conjunto de movimentos. Ele é a experiência mental daquilo tudo. Alguns sentimentos não têm a ver com a emoção, mas sempre têm a ver os movimentos do corpo. Por exemplo, quando você sente fome, isso é uma interpretação da mente de que o nível de glicose no sangue está baixando e você precisa se alimentar. 

O senhor diz que as emoções desempenham um papel muito importante no desenvolvimento do raciocínio e na tomada de decisões. Que papel é esse? Há certas decisões que são evidentemente feitas pela própria emoção. Quando há uma situação de medo, ele aconselha um entre dois tipos de decisão: correr para longe do perigo ou permanecer quieto para não ser notado. Há também decisões muito mais complexas, como, por exemplo, aceitar ou não um convite para jantar. Nesse caso, a emoção tem um papel de primeiro conselheiro, um primeiro indicador do que se deve fazer.  Você pode querer ir, mas ao mesmo tempo há qualquer coisa no comportamento da pessoa que o faz desconfiar de que ela pode não ser sincera. E o que é isto? É uma reação emotiva, a emoção participando da sua decisão. 

Então é a emoção que nos fornece o que chamamos popularmente de instinto ou sexto sentido? Instinto é uma palavra que deve ser reservada para certas coisas muito fundamentais, como o instinto sexual ou de alimentação. Eu diria que a emoção fornece incentivos. As emoções, quer as positivas quer as negativas, podem ter uma enorme influência naquilo que nós pensamos. Mesmo as pessoas que se dizem muito racionais não podem separar as duas coisas. Por exemplo: imaginemos que um chefe esteja entrevistando uma pessoa para uma vaga. O currículo da pessoa é ótimo e as referências também, mas algo diz que ela não vai dar certo na empresa. Esse 'algo me diz' é a emoção falando. Algo no comportamento dessa pessoa evoca uma emoção negativa que leva o chefe a ficar com um pé atrás.

O que pode causar essa desconfiança? O ser humano avalia uma outra pessoa principalmente pela voz e pela expressão facial dela. Assim, a forma como a pessoa olha para você pode parecer insolente; ou um jeito de mexer a boca faz parecer que ela não é sincera.

Se toda a nossa percepção do mundo é afetada pela emoção, como podemos confiar nos nossos julgamentos? As emoções foram extremamente bem sucedidas, ao longo da evolução, em nos manter vivos. O medo fez com que nos expuséssemos menos ao perigo e tivéssemos mais chance de sobreviver. A alegria nos deu incentivo para fazer o que precisamos para prosperar: exercitar a mente, inventar soluções para problemas, comer, nos reproduzir. Emoções como a compaixão, a culpa e a vergonha são importantes porque orientam nosso comportamento moral. Se você fizer qualquer coisa que não está correta em relação a outra pessoa, vai se sentir envergonhado e terá um sentimento de culpa. Isso é muito importante porque vai ajudar a manter a sua conduta de acordo com a convivência em sociedade. Uma coisa que falta aos psicopatas é exatamente esse sentimento de culpa, de vergonha. Os sentimentos são, portanto, fundamentais para organizar a sociedade e foram fundamentais para a formação dos sistemas moral e judicial. Mas as emoções por si só têm limites. Para vivermos em sociedade no século XXI, precisamos muitas vezes ser capazes de criticar as nossas próprias emoções e dizer não a elas. E a única maneira de ultrapassar as emoções é o conhecimento: saber analisar as situações com grande pormenor, ser capaz de raciocinar sobre elas e decidir quando uma emoção não é vantajosa. Há um nível básico em que as emoções ajudam, e se você não tem esse nível você é um psicopata. Mas há um nível mais elevado em que as emoções têm de ser não as conselheiras, mas as aconselhadas. 

As emoções são condicionadas pela vivência em sociedade? As emoções são em grande parte inatas, mas nos primeiros anos de vida são condicionadas e sintonizadas com a sociedade. Alguns mamíferos têm emoções mais elevadas, como a compaixão, especialmente na relação entre mães e filhos. As mães de cães e lobos tratam seus filhotes com um carinho que é emocional e é totalmente inato, ninguém as ensinou. Há elefantes que quando perdem um companheiro ficam não só tristes como deixam de brincar e são capazes até de fazer uma espécie de luto. Claro que nada disso foi ensinado, é tudo inato. O que acontece com os seres humanos é que esses programas inatos têm sido, através de milhares de anos, refinados e melhorados por aspectos sócio-culturais. Hoje em dia, evidentemente, nossa estrutura moral não é inata. Ela tem sido condicionada pela história da nossa sociedade com elementos que têm a ver com a religião, a justiça e a economia, estruturas que são resultado da vida humana em sociedades complexas.

Se as emoções podem moldar o raciocínio, o oposto pode acontecer? Isto é, o raciocínio pode alterar nossas emoções? Claro, e é aí que está a grande beleza e a grande complicação dos seres humanos. É aí que você vai encontrar todos os grandes dramas da história, aquilo que Sófocles ou Shakespeare captaram em suas peças. Os grandes dramas de reis e rainhas, príncipes e plebeus, é o constante conflito entre aquilo que são os conselhos da emoção e do instinto, por um lado, e a influência que vem do raciocínio, do conhecimento e da reflexão. Essa é a grande base da tragédia grega ou shakespeariana. Nós, na medida em que as sociedades evoluem, estamos caminhando para uma maior harmonia entre o lado emocional e instintivo e o lado racional e de reflexão. Essa harmonia ainda não se estabeleceu e não vai acontecer nem na minha geração nem na sua. É um trabalho por se concluir. Mas um dia, a convivência em sociedade, que exige que se ponha razão e emoção na balança o tempo inteiro, vai conseguir equilibrar os dois lados. 

E como ocorre esse condicionamento das emoções? É nos primeiros anos de vida que podemos inculcar valores e formas de raciocínio através da repetição de exemplos. Eles são o alicerce da construção da nossa moral. Do ponto de vista do cérebro isso é muito curioso porque é quase uma negociação entre suas partes. Há partes muito antigas em termos de evolução, como o tronco cerebral, e muito mais recentes, como o córtex cerebral. No córtex cerebral estão as grandes representações que constroem a mente: visão, audição, tato. Todas essas representações se constroem ali, e da ligação entre elas se dá o raciocínio. Mas o córtex cerebral precisa negociar com regiões do cérebro que estão no tronco cerebral e são as responsáveis pelos impulsos e as reações rápidas. É dessa negociação que surge o conceito de que algo é permitido ou não. Você repete, repete, repete até que as duas partes entrem em consenso.

É possível recondicionar os sentimentos já na vida adulta? É possível, porém é muito mais difícil e nem sempre é um trabalho bem sucedido. Se você tem uma pessoa que começou a vida como um sociopata, é extraordinariamente difícil tornar essa pessoa um ser normal em relação a comportamento social. Isto porque seria necessário fazer todo o processo que se faz numa criança, mas o paciente já tem autonomia para não aceitá-lo.

Como raciocinamos melhor? Felizes ou tristes? A felicidade está ligada a certas moléculas químicas e a tristeza a outras. Quando estamos felizes as imagens se sucedem com mais rapidez e se associam mais facilmente. Na tristeza as imagens passam muito mais devagar e ficam como que impressas ali por um tempo. O ponto ideal para a efetividade do raciocínio é a felicidade com uma ponta de tristeza — porque na euforia, o pensamento sebaralha.


Julia Carvalho, Revista VEJA
29-6-2013


)Na musica




Corações Periféricos


Na cidade dormitório
Onde o sol se põe cinzento
E o bel-canto da cigarra
Jaz mudo sob o cinzento
Quando a noite cai sombria
Com seus ténues lampadários
Luzindo na simetria
Dos novos bairros operários
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Pinto apelos em murais
Esfumo a noite em olheiras
Deslizo na hora do lobo
Sigo o rastro das padeiras
Afio as minhas armas brancas
Nas esquinas de metal
Cravo-as bem fundo nas ancas
Da cintura industrial
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Silva a hora do comboio
Treme na erva o orvalho
Corações da outra banda
Apressam-se para o trabalho
Com olhos mal acordados
Brilho vestido ao contrário
Como peixes alucinados
Às voltas no seu aquário
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio


No cinema





No segredo da  existência

Sem saberes estàs no meu coração
Sem sonhares adormeces o teu viver em mim 
Sem perceberes envolvo a tua voz de mel
Sem desconfiares penso profundamente em ti
Sem olhares...
abraço-te perdidamente 
desenho-te frequentemente
projeto a utopia do encontro
visito as tuas palavras
agarro os teus desencantos
fito, carinhosamente, as tuas lagrimas 
cobro os teus sonhos de esperança

Quando?

em momentos de azul e ....

 ...mar!

                                             Lola

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Palavras





As palavras





"Sempre amei por palavras muito mais
do que devia

são um perigo
as palavras

quando as soltamos já não há
regresso possível
ninguém pode não dizer o que já disse
apenas esquecer e o esquecimento acredita
é a mais lenta das feridas mortais
espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo
e vai cortando a pele como se um barco
nos atravessasse de madrugada

e de repente acordamos um dia
desprevenidos e completamente
indefesos

um perigo
as palavras

mesmo agora
aparentemente tão tranquilas
neste claro momento em que as deixo em desalinho
sacudindo o pó dos velhos dias
sobre a cama em que te espero"

Alice Vieira







                                                Lola

Silêncios







Silêncios



Os Silêncios


Não entendo os silêncios
que tu fazes 
nem aquilo que espreitas 
só comigo 

Se escondes a imagem 
e a palavra 
e adivinhas aquilo 
que não digo 

Se te calas 
eu oiço e eu invento 
Se tu foges 
eu sei não te persigo 

Estendo-te as mãos 
dou-te a minha alma 
e continuo a querer 
ficar contigo 

Maria Teresa Horta






                                               Lola

domingo, 9 de novembro de 2014

Lolita






LOLITA


é o meu nome há muitas décadas
sempre me habituei a ouvi-lo 
com ternura
com ordem
com receio
com angustia
com muita muita alegria
por aqueles que gostam de mim!!!







                                           Lola



Som do Mar



Som do Mar



Deslizei  junto ao Mar
 ouvir as suas melodias
de um azul hà muito desejado



Estava sereno
de uma profundidade que convidava
a uma caminhada 
levemente salpicada de areia




Parei um pouco ...
como que se o mar falasse para mim 
num segredo que jamais quero desvendar
porque é so meu
e teu...
que gostas e sentes o mar...





Como seria bom partilhar este som no olhar
e na mão
e no abraço silencioso 
e moderadamente apertadinho!


Adormecendo junto dele!



                                                Lola

sábado, 8 de novembro de 2014

Pendurei



Pendurei-me...

Pendurei-me na lua para te ver 
e não te encontrei
peguei uma estrela para te oferecer
e não  vi subir os degraus de brilho
que te levariam ao encontro
da minha imensa saudade 
naquela belíssima noite iluminada
pelo desejo de te ver 
 um instante pequenino 
de tempo saboreado a dois!




Pendurei

o meu coração na lua 
como a dizer-te que estive ali esperando 
um sorriso estranhamente moreno
uma palavra numa melodia aprazivel
um olhar profundo e triste
uma estoria de tempos de distância
ou mesmo
 um silêncio que eu adoro interpretar 
na incerteza cada vez maior
do mistério do teu ser!


Pendurei-te

no meu corpo que repousei numa fraga
clara e dourada pela luz do mar
ouvi-te no enrolar das ondas salgadas 
que rebentavam lá longe 
deixando espaço para o abraço que demora!
Saboreei a maresia e enfrentei o sol 
que, lentamente, me deixava 
esperar-te
sem me desacompanhar na esperança
de te sentir no meu coração 
envolvido pelo segredo
E là longe, bem longe
um sussurro veio beijar-me
desenhando o teu olhar...

Fiquei tão abraçadamente feliz...



                                               Lola