ABRAÇA-ME
Abraça-me.
Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor
dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este
relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os
caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne
incandescente das estrelas.
Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti
eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com os
teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma
formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram.
Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de amor. Dá-me a beber, antes,
a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros
pequeninos.
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo,
e eu quero que dele fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.
Abraça-me.
Uma vez só.
Uma
vez mais.
Uma vez que nem sei se tu existes.
JOAQUIM PESSOA, in ANO COMUM (Litexa, 2011;
Ed. Edições Esgotadas, 2013))
Dia 342
Sei que existes em mim! Sinto-te ai nesse espaço de serenidade incompleta porque te falta a plenitude do eu que te quer!
Espero-te numa conversa de sorrisos, de olhares ou mesmo de silêncios, se quiseres!
Basta-me, por vezes, o teu olhar único e desesperadamente moreno pela proximidade do mar que sempre nos ira juntar!
Seria totalmente feliz hoje num abraço teu que....perfumadamente deslizasse entre os meus braços enlaçado... ao longo do meu corpo!
A pensar inquietamente no teu EU junto de mim
num abraço que se pede ... ou se perde?
num sonho que se deseja docemente colorido
na memoria insistentemente clara
de um mesmo encanto com que te vi naquele dia!
Lola