domingo, 13 de setembro de 2015

És linda!




És linda!



És linda. E nem sabes quantos pedaços de beleza tive de juntar para chegar a esta conclusão. Para te construir, tive de misturar a conspiração das searas com a tristeza do choupo, a inquietação da cotovia com o cheiro lavado do vento do ocidente. E a firmeza repartida dos livros, com a alegria explosiva dos miosótis e a luz escura das violetas. Juntei depois um pouco de ansiedade das estrelas, a paciência das casas à beira da falésia, a espuma da terra, o respirar do sul, as perguntas de gesso que se fazem à lua. Acrescentei-lhe a canção das margens e pequenos pedaços da angústia do olhar. Não esqueci a intimidade do frio nem a dor branca que habita o coração dos muros. Por fim, deitei na tua pele o sono dos alperces, aos teus músculos prometi a violência das cascatas, no teu sexo acordei a memória do universo.
 
A tua beleza está no meu desejo, nos meus olhos, na minha desigual maneira de te amar. És linda, repito. Mas tenta não encarar o que te digo como um elogio.

Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'


Também em ti vi essa beleza transbordante 
na 
doçura das palavras que chegavam 
sem gritos 
estridentes nem sons corcomidos pelo gosto 
grosseiro do insulto!
Em ti
sonhei o olhar transparente de ilusão que um dia 
se desvaneceu na distância que teima em nos 
aproximar!
Não...decididamente 
não
 juntei pedaços de mar e 
lua, de céu e montanha, de longe e de viagem para
 te sentir linda!

És linda como uma estrela que brilha no mar

sereno e pleno de espuma!






 És linda porque és a minha filha

que foi embora para o céu

mas que..
.
...continua distantemente junto de mim!


Gosto tanto de ti, DIANA!


                                     Lola - Mãe