És linda!
És linda. E nem sabes quantos pedaços de beleza tive de
juntar para chegar a esta conclusão. Para te construir, tive de misturar a
conspiração das searas com a tristeza do choupo, a inquietação da cotovia com o
cheiro lavado do vento do ocidente. E a firmeza repartida dos livros, com a
alegria explosiva dos miosótis e a luz escura das violetas. Juntei depois um
pouco de ansiedade das estrelas, a paciência das casas à beira da falésia, a
espuma da terra, o respirar do sul, as perguntas de gesso que se fazem à lua. Acrescentei-lhe a
canção das margens e pequenos pedaços da angústia do olhar. Não esqueci a
intimidade do frio nem a dor branca que habita o coração dos muros. Por fim,
deitei na tua pele o sono dos alperces, aos teus músculos prometi a violência
das cascatas, no teu sexo acordei a memória do universo.
A tua beleza está no meu desejo, nos meus olhos, na minha desigual maneira de te amar. És linda, repito. Mas tenta não encarar o que te digo como um elogio.
Joaquim Pessoa, in 'Ano
Comum'
Também em ti vi essa beleza transbordante
na
doçura das palavras que chegavam
sem gritos
estridentes nem sons corcomidos pelo gosto
grosseiro do insulto!
Em ti
sonhei o olhar transparente de ilusão que um dia
se desvaneceu na distância que teima em nos
aproximar!
Não...decididamente
não
juntei pedaços de mar e
lua, de céu e montanha, de longe e de viagem para
te sentir linda!
És linda como uma estrela que brilha no mar
sereno e pleno de espuma!
que foi embora para o céu
mas que..
.
...continua distantemente junto de mim!
Gosto tanto de ti, DIANA!
Lola - Mãe