domingo, 3 de novembro de 2019

CAI A CHUVA ABANDONADA









CAI A CHUVA ABANDONADA



Cai a chuva abandonada
à minha melancolia,
a melancolia do nada
que é tudo o que em nós se cria.

Memória estranha de outrora
não a sei e está presente.
Em mim por si se demora
e nada em mim a consente
do que me fala à razão.

Mas a razão é limite
do que tem ocasião
de negar o que me fite
de onde é a minha mansão
que é mansão no sem-limite.

Ao longe e ao alto é que estou
e só daí é que sou.
.

Vergílio Ferreira
in "Conta-Corrente"








                                                                            Lola