Palavras para o Tony Carreira
Olá!
Conheço muito bem a sua dor que amargamente senti há uns anos, também na altura do Natal. Contrariamente à Sara, a minha Diana durou um mês desde que eu soube que não havia cura em nenhum país do mundo. Também eu nunca entendi a partida, mas nunca me senti revoltada, isso tornaria a minha dor muito mais azeda.
Tive de continuar pelos que cá ficaram- dois rapazes que continuam comigo.
Olhe, Tony, os primeiros três anos são dolorosamente indiscritíveis ….depois a dor vai dando lugar a uma SAUDADE que só nós sentimos.
Cá por casa a DIANA (tinha 22 anos) está presente, nas fotos, nas palavras, nas recordações, nas situações vividas.
Sabe? Prefiro que a minha filha esteja no céu do que numa cama como um vegetal. A morte tal como a vida merece DIGNIDADE....e isso é fundamental para todas as pessoas.
Um dia destes vou passar aos meus alunos o seu tema "Ai, Destino, ai destino" e já me referi à sua perda dizendo-lhes que gostaria de saber se o Tony acha que o que lhe (nos) aconteceu é ou não fruto do destino!
Espero que este texto, que estava no meu pensamento desde aquele sábado inesperado, lhe chegue por alguma via e que o NATAL que, nunca mais será o mesmo, lhe traga a serenidade de pensar que um dia nos encontraremos com as meninas da nossa vida.
Por enquanto, continuaremos com esta SAUDADE, um sentimento tão português que nos envolverá para o resto da vida.
Abraço de conforto de uma MÃE DE SAUDADE!
22 de Dezembro de 2020
Olá, Tony!
Ao ver esta imagem lembrei-me que, com a perda de um filho, nós repensamos, inconscientemente, o conceito de família. E quando nos perguntam: quantos filhos tens? nós, num primeiro momento não sabemos o que responder.
Quando a minha Diana partiu, o meu filho mais novo tinha 11 anos e, um dia, ao fazer uma composição para a disciplina de Francês, perguntou-me: "Mãe, ponho a Diana?" e eu respondi: "Claro, ela continua nossa". E assim foi....ele lá escreveu junto a uma foto: "Voici ma sœur Diana. Maintenant, elle vit dans le ciel!".
Ainda guardo religiosamente esse documento que se mantém afectivamente actual.
Efectivamente, a vida presenteou-nos com esta dura realidade: ter dois rapazes junto de nós e uma menina numa outra dimensão onde, sem qualquer dúvida, um dia voltaremos. Seria muito mais duro se soubéssemos que apenas elas partiam e nós fossemos eternos mas, estou certa, de que um dia abraçá-las-emos numa outra dimensão.
Até lá, restará um profundo e desmesurado AMOR ETERNO pelos três filhos....os seus e os meus!
Um abraço de conforto de uma MÃE DE SAUDADE!
9 de Fevereiro, 2021