quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Chuva




Chuva

Custa muito ver partir os nossos alunos! Temo-los, por vezes, dois anos lectivos e aprendemos a rir em conjunto e a partilhar momentos carregados de pormenores surpreendentes!
Tal como uma parte dos docentes, jà chorei a perda de miudos que nos acompanharam, durante longos meses!
E, por isso mesmo, hoje lembrei-me de todos eles! Precisamente, porque...
Eu tive uma aluna de sorriso moreno de quem sempre gostei muito! Um dia tocou no funeral da minha DIANA e eu fiquei-lhe eternamente reconhecida! Numa tarde inexplicavel, perdi-a! E hoje ainda choro por elas! 
Esta interpretação genial de Berg é para si, minha querida Nàdia!


                          


                       Chuva





As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Letra de Jorge Fernando





Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego…

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece…

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente…
Fernando Pessoa


     Lola