sábado, 6 de agosto de 2016

So Long, Marianne



So Long, Marianne

Até já, Marianne: Leonard Cohen despediu-se da sua musa dos anos 1960

Conheceram-se na ilha grega de Hidra no início da década de 1960. Ele, canadiano, ela norueguesa. Seriam amantes durante os anos seguintes, seriam amigos até ao fim. O dela chegou dia 28 de Julho. Marianne Ihlen morreu aos 81 anos. "Encontrar-te-ei pelo caminho", escreveu-lhe Cohen

Na ilha de Hidra, recordou Marianne, "banhámo-nos, brincámos, bebemos, discutimos". DR
Havia uma Marianne real. Chamava-se Marianne Ihlen, era norueguesa e morreu dia 28 de Julho, aos 81 anos, em Oslo. Foi para ela que Leonard Cohen escreveu So long, Marianne, editada em 1967 e incluída no álbum de estreia do cantor canadiano. “Your letters they all say that you’re beside me now / Then why do I feel alone?, diz a canção sobre o amor e os desencontros que os dois viveram desde que, no início dos anos 1960, se encontraram na ilha grega de Hidra. Quando uma leucemia fulminante a vitimou, Marianne não estava sozinha. Tinha a família e amigos próximos à sua volta. E, ainda consciente, ouvira a carta que o velho amigo e amante lhe endereçara.
Quando lhe foi diagnosticada a leucemia incurável, poucas semanas antes da morte, o realizador norueguês Jan Christian Mollestad, que prepara um documentário sobre a sua vida, contactou Cohen a informá-lo da proximidade do fim. A resposta chegou rápida. O El País transcreveu as palavras do cantor e poeta.
“Bem, Marianne, chegámos a este ponto em que somos tão velhos que os nossos corpos se desfazem; penso que te seguirei muito em breve. Quero que saibas que estou tão próximo de ti que, se estenderes a tua mão, creio que conseguirás tocar a minha. Sabes que sempre te amei pela tua beleza e sabedoria, mas não preciso de alongar-me, porque já sabes tudo isso. Quero apenas desejar-te boa viagem. Adeus, velha amiga. Com todo o amor, encontrar-te-ei pelo caminho”.
Depois da morte, como dá conta a página de Facebook de Leonard Cohen, Mollestad endereçou-lhe uma carta em que o informava do falecimento, contando que, quando leram a Marianne o que lhe escrevera, ela sorriu “como só Marianne sabia sorrir” e ergueu a mão para tocar a mão do amigo, que Cohen dizia tão próxima. 


Marianne Ihlen chegou à ilha de Hidra com o seu namorado de então, o escritor norueguês Axel Jensen, e o filho bébé de ambos. Tinha 25 anos. Pouco depois, abandonada por Axel - que, diz a lenda, iniciara uma relação com a namorada de Cohen -, aproximar-se-ia daquele canadiano praticamente da mesma idade, um dos jovens artistas e boémios que pululavam pela ilha no início da década de 1960. Nos anos seguintes, em Hidra, mas contando também com temporadas em Nova Iorque ou Montreal, os dois seriam amantes e serviriam de inspiração mútua. Cohen considerava-a a sua musa. Escreveu para ela So long, Marianne ou Bird in the wire e dedicou-lhe o seu livro de poesia Flowers for Hitler, publicado em 1964. 
“Esses anos foram realmente bons. Muito bons”, disse Marianne Ihlen numa entrevista ao escritor Kari Hesthamar, em 2006. “Sentámo-nos ao sol e deitámo-nos ao sol, andámos ao sol, ouvimos música, banhámo-nos, brincámos, bebemos, discutimos. Escrevemos e fizemos amor”. Acrescentou: “Durante cinco anos não tive sapatos nos pés, sabe. E conheci muitas pessoas maravilhosas. Agora foram lançadas ao vento. Algumas estão mortas. Muitas estão mortas”.
contracapa de Songs From a Room (1969), o segundo álbum de Leonard Cohen, mostra uma jovem mulher que sorri para a câmara, sentada à máquina de escrever num quarto modesto onde o branco impera. O sorriso é de Marianne, a máquina era de Cohen, o quarto era grego.
https://s.publico.pt/NOTICIA/1740503 https://s.publico.pt/musica/1740503 https://s.publico.pt/culturaipsilon/1740503

Fotografia de Leonard Cohen usada na contracapa do álbum Songs from a Room de 1969
MÁRIO LOPES, Publico 
06/08/2016 - 15:19

Com Oslo palco de rebeliões juvenis, Marianne Ihlen e Axel Jensen, conhecido escritor norueguês, fogem para a ilha de Hydra, Grécia, onde vários artistas internacionais se juntavam habitualmente, e compram uma pequena casa branca onde Axel escreve. Anos depois, Axel sai de Hydra abandonando Marianne e o filho de seis meses de ambos. Certo dia, Marianne estava na mercearia e recebe um convite de um homem para se juntar ao grupo de pessoas que está sentado na rua. Esse homem era Leonard Cohen. Leonardo Cohen diz-lhe que ela é  a mulher mais bonita que já viu e mais tarde vivem juntos no Canadá, com o filho de Marianne. Durante os anos 60 vivem entre Montreal, Nova Iorque e Hydra e a canção “So Long, Marianne” é composta, muito tempo antes de Leonard Cohen terminar a relação. A colecção de poemas Flowers for Hitler de Leonard Cohen é dedicada a Marianne. Em entrevista, Marianne Ihlen afirmou “He taught me so much, and I hope I gave him a line or two.”


Marianne Ihlen faleceu na semana passada. Como homenagem, a página de Facebook do músico encheu-se de memórias, poemas e várias outras formas de celebração da vida.


Kari Hesthamar, autor de So Long Marianne – A Love Story e amigo de Marianne, relembra:
“Listening to Leonard Cohen’s songs, it feels as though he’s singing precisely to you. Marianne had that gift: she made you feel that you were seen; she made you become a better version of yourself. With her eye for beauty, she made everything around herself beautiful. I remember how she put together a simple salad or an omelette, the light-footed, dancing way she moved, the laughter and the gravity. She spoke of how love doesn’t end. Relationships end, people die, but the love you have received remains within you, a foundation to be built upon.”
Jan Christian Mollestad, que se encontra a realizar um filme sobre a vida de Marianne, escreveu uma carta a Leonard Cohen, onde lhe comunica a morte de Marianne, imortal na sua música.
“Dear Leonard
Marianne slept slowly out of this life yesterday evening. Totally at ease, surrounded by close friends.
Your letter came when she still could talk and laugh in full consciousness. When we read it aloud, she smiled as only Marianne can. She lifted her hand, when you said you were right behind, close enough to reach her.
It gave her deep peace of mind that you knew her condition. And your blessing for the journey gave her extra strength. Jan and her friends who saw what this message meant for her, will all thank you in deep gratitude for replying so fast and with such love and compassion.
In her last hour I held her hand and hummed Bird on a Wire, while she was breathing so lightly. And when we left he room, after her soul had flown out of the window for new adventures, we kissed her head and whispered your everlasting words
So long, Marianne”


A musa...

Marianne Ihlen, 81 anos

A melodia...

Ver AQUI: https://www.youtube.com/watch?v=cZI6EdnvH-8


O cantor/amante...

Leonard Cohen
                                                Lola