PROFESSOR DE FILOSOFIA
Coimbra, 20 de Novembro de 1971 - Jà tremo , quando o vejo entrar. Fala, fala, fala, e, no fim do soliloquio, que nenhum enfado monossilàbico consegue esmorecer, fico sempre com a impressão de que perdi o meu rico tempo a ouvir pela milésima vez um disco arranhado. As pessoas,aqui, aprendem uma lição qualquer - a do catecismo, a do marxismo, a do fascismo,, a do existencialismo, e a mais recente do estruturalismo, e repentem-na incansavelmente enquanto o fôlego as não abandona.E os proprios juizos que formulam - religiosos, politicos, filosoficos, literàrios ou outros - , não passam de confrontos.
Tudo o que confirma a lição, està certo. tudo o que a contraria, errado. As vezes acontece soar na monotonia do cantochão, que, de tão familiar, sabemos de cor, uma voz que parece vestida de lavado. Olà! E arrebitamos a orelha. Mas foi rebate falso, mera alucinação auditiva. (...)
Miguel Torga - Diàrio XX.
E nos que professores de filosofia somos?
Que exigências pedagogicas deverà ter um professor de Filosofia?
O que esperam os alunos de um professor de Filosofia?
Como manter uma aula simultaneamente alegre e motivadora, reflexiva e interventiva?
Que coerência de valores lhes passamos nos?
Que toleräncia vivenciamos com os alunos?
Que perspectivas de futuro lhes transmitimos?
Com que convicção?
Lola