quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Abraço às pintinhas



Abraço às pintinhas


Pedro chegara recentemente ao mundo de Rita! Mundo do trabalho, claro, porque de Pedro Rita não conhecia nada a não ser o nome que, por vezes, e não sabe como, trocava por um outro que o fazia sorrir sem regatear o que quer que fosse!

Os momentos de Rita estavam mergulhados num emaranhado angustiante da doença terrível que povoava uma jovem muito próxima do seu coração e, por isso mesmo, esse não foi o momento certo para apreciar toda a riqueza interior que Pedro transportava mesmo que, de forma tímida, para as parcas intervenções que fazia nas reuniões de trabalho!

Era um ser de uma leveza de atitudes que a surpreendia constantemente! Calmo, de uma educação esmerada e sempre atento, de uma generosidade que já tardava muito ser admirada por si própria!

Dava gosto conhecer pessoas assim...que não se poupam a esforços para, empenhadamente, se colocarem ao serviço do OUTRO com a sua competência, o seu brio, o seu profissionalismo recatado em comportamentos que primavam pela simplicidade!

Rita, como sempre, apreciava a sua maneira de vestir que primava pelos quadradinhos que combinava com peças lisas sempre de um bom gosto que a ela seduzia! Ela mais exuberante adorava sobretudo pintinhas...de preferência brancas sobre fundo vermelho!

Desde que se conhecia que o vermelho era a sua cor de eleição! Qualquer outro tom era facilmente destronado pelo encarnado vivo que em muito condizia com a sua forma de ser e estar na vida: boémia, intempestiva, amante responsável da liberdade, encantada pelo questionamento, insatisfeita no conhecimento!

Com o tempo, Pedro dera-se a conhecer e Rita não podia nem deveria esconder o seu ser! Ele, com a sua perspicácia, foi conhecendo em Rita os seus desejos e projectos, os seus sorrisos e amuos, os seus gostos e vivacidades do e no quotidiano!

Num mês de aniversario de Rita, procurou-a no sector de um pavilhao, abriu a porta e veio falar com ela não sei se por se ter lembrado que era o dia do seu aniversario...se, simplesmente para a ver e falar em sorriso com ela! Rita levantou-se rapidamente e veio ao seu encontro...fundindo-se num abraço grande, enorme, não tão demorado como ela queria pois esse seria....inexplicável e docemente eterno!

Como estava Rita vestida? 
Com um vestido vermelho às pintinhas brancas?

Que ficou entre os corpos de Rita e Pedro?
Um enorme laçarote às pintas que lhe adornava a graciosidade de mulher que teimava em colorir a vida que lhe fora tão, indelicadamente, estranha!

Nesse e nos dias seguintes o seu coração grande, como Pedro lhe chamava com alguma frequência,  encheu-se de uma emoção transbordante pois conhecia agora, mais do que nunca as cores de um saboroso...

...abraço às pintinhas!


                                               Lola