domingo, 17 de dezembro de 2017

Último Poema






Último Poema


É Natal, nunca estive tão só. 
Nem sequer neva como nos versos 

do Pessoa ou nos bosques 
da Nova Inglaterra. 
Deixo os olhos correr 
entre o fulgor dos cravos 
e os dióspiros ardendo na sombra. 
Quem assim tem o verão 
dentro de casa 
não devia queixar-se de estar só, 
não devia. 



Eugénio de Andrade, (1923 // 2005) 
in 'Rente ao Dizer'




                                           Lola