sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Mulher







FADO MULHER


Morrer ao pé de ti, é quase tudo
Viver junto de ti, é quase nada
Sou rosa de cetim e de veludo
Sou mulher possuída e mal amada


Não és o meu amigo, és só amante
Mal amado de mim que por ti choro
Na raiva dos meus olhos diamante
No sal da minha pele em cada poro

Põe os teus olhos nos meus
Aquece este corpo frio
E depois jura por Deus
Que foi meu o desafio;
São os meus olhos a espada
O mal, o fogo, e a chama
Sou ternura amarrotada
Quando os dois estamos na cama

Mulher ao pé de ti, como a entendes
Gazela, dôr, cavalo, flôr, fragata?
Mulher, palavra que não compreendes
Mulher da vida que a viver se mata

Rameira das palavras, sou roseira
De espinhos e canseiras que sofri
Mas quando eu canto, sou a vida inteira
Trepando na videira que há em ti 

ARY DOS SANTOS


Para todas as Mulheres, sobretudo para aquelas que têm lágrimas no olhar, amargura no coração e violência na alma!




                                          Lola