segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Imagem e Filosofia



 
Imagem e Filosofia


Adoro Filosofia! 

Confesso que me seduz nela a ousadia de criar conceitos, a alegria de tudo repôr permanente em questão, a inevitabilidade de argumentar e o atrevimento, sempre saudável,  de se intrometer em todas as dimensões do existente e, claro, forçosamente, na questão da racionalidade, às vezes, também ela científica.
Aprendemos, desde miúdos, que o homem é um ser racional e isto não nos causa estranheza até que encontramos Edgar Morin que o define como Sapiens-Demens
Sabemos, também, desde Descartes, que a razão “é a coisa do mundo melhor partilhada” e partilhamos com os alunos que esta racionalidade se estende pelo senso comum, pela ciência e pela filosofia.
Recuamos aos gregos e notamos o esforço socrático de encontrar o conceito num convite dialógico que tem como patamar o sempre desafiante “Só sei que nada sei” e vemos, logo a seguir, como os filósofos, em Platão, com a sua racionalidade, estão bem colocados no ranking da  dialéctica ascendente.
Espreitamos Kant e constatamos que o essencial de uma filosofia educadora reside na descoberta da capacidade de cada homem em usar a razão pensando por si próprio.
E é precisamente esta urgência continuada de uma autonomia de pensamento que nos projecta para a necessidade de leituras diversas e diversificadas, nós migrantes digitais  que teimamos passar o muro de Berlim entre o papel e o digital.
Cedo nos apercebemos que o ensino da Filosofia é inseparável da análise do texto, que os leitores oferecendo leituras acabam o texto tal como o espectador  faz em relação à obra de arte e que estes proliferam nos manuais escolares mais antigos. Tarde reconhecemos que a imagem tem de alegrar a partilha dos temas em Filosofia – mas que tal como o texto estas deverão suscitar um ler utilitário sem contudo levarem a uma rendição absoluta 
E porque o texto é primeiro em Filosofia (na ordem do tempo e das preferências dos filósofos) um bom naco de palavras de Eduardo Prado Coelho é-nos facultado exactamente para acender a discussão, a partilha, o (des)encontro de pontos de vista, a riqueza diversa de argumentações e a projecção daquilo que somos e queremos ser – alguns de nós projectam imagens do quotidiano pessoal e profissional.
Há, no entanto, que escolher o texto e a imagem - nem tudo eleva a razáo humana. 
E Porquê? 
É que se todos temos direito ao lixo  mas este deverá ser devidamente contextualizado e  depurado para que não seja exclusivo, logo empobrecedor.
Casamento ou divórcio palavra/imagem na Filosofia?
Casamento, mas por e com amor, porque se impera o interesse a imagem de sedutora e enriquecedora pode dar lugar a uma dimensão manipuladora e castradora – e este não é seguramente o propósito do pensar filosófico.
Se a ligação filosofia/imagem sempre foi complicada  esta tem e deve ser repensada. Sendo os filósofos aqueles que vêem para além da imagem, esta pode ser possibilitadora da pluralidade de leituras, de interpretações, de busca de sentido para o real, num movimento inverso àquele que o velho Sócrates fazia ao partir da experiência para a unificação racional no conceito.
Ouvindo que a verdade é partilhável em riqueza  a imagem e a palavra também o são. Pela motivação que despertam no aluno, pela discussão que provocam, pela troca de sentires, pela empatia que podem despoletar.




 Nos, os amantes de Filosofia, somos por excelência os maiores e melhores protagonistas do famoso dito popular “As palavras são como as cerejas” e por isso, ou mesmo por causa disso, deixamo-nos enlevar pelo diálogo e pela sedução das ideias que sendo férteis são sempre um patamar desafiante para a reflexão filosófica.
Quanto a possíveis temas futuros, desde que de filosofia se fale – eu estarei lá!

Agora...uma Imagem...






que escolhi para redefinir leituras...silenciosas,  porque...
...a  noção de mistério é parte integrante da condição humana e aponta para a busca de sentido, condição da indagação filosófica, a qual, nascendo da admiração, encontra a sua força na capacidade de interrogação.


Para isso, urge o silêncio. 
Numa sociedade em que predomina o imperialismo do ruído, o silêncio pode e deve orientar-nos para a intimidade, assumindo-se esta como plataforma de profunda afirmação do humano!

Lola