Adoro Filosofia!
Confesso que me seduz nela a ousadia de criar conceitos, a alegria de tudo repôr
permanente em questão, a inevitabilidade de argumentar e o atrevimento, sempre
saudável, de se intrometer em todas as dimensões
do existente e, claro, forçosamente, na questão da racionalidade, às vezes,
também ela científica.
Aprendemos,
desde miúdos, que o homem é um ser racional e isto não nos causa estranheza até
que encontramos Edgar Morin que o define como Sapiens-Demens
Sabemos,
também, desde Descartes, que a razão “é a coisa do mundo melhor partilhada” e
partilhamos com os alunos que esta racionalidade se estende pelo senso comum,
pela ciência e pela filosofia.
Recuamos
aos gregos e notamos o esforço socrático de encontrar o conceito num convite
dialógico que tem como patamar o sempre desafiante “Só sei que nada sei” e
vemos, logo a seguir, como os filósofos, em Platão, com a sua racionalidade, estão
bem colocados no ranking da dialéctica ascendente.
Espreitamos
Kant e constatamos que o essencial de uma filosofia educadora reside na
descoberta da capacidade de cada homem em usar a razão pensando por si próprio.
E é
precisamente esta urgência continuada de uma autonomia de pensamento que nos
projecta para a necessidade de leituras diversas e diversificadas, nós migrantes digitais que teimamos passar o muro de Berlim entre o papel e o
digital.
Cedo
nos apercebemos que o ensino da Filosofia é inseparável da análise do texto,
que os leitores oferecendo leituras acabam o texto tal como o espectador faz em relação à obra de arte e que estes
proliferam nos manuais escolares mais antigos. Tarde reconhecemos que a imagem
tem de alegrar a partilha dos temas em Filosofia – mas que tal como o texto
estas deverão suscitar um ler utilitário
sem contudo levarem a uma rendição
absoluta
E
porque o texto é primeiro em Filosofia (na ordem do tempo e das preferências
dos filósofos) um bom naco de palavras de Eduardo Prado Coelho é-nos facultado exactamente para acender a discussão, a
partilha, o (des)encontro de pontos de vista, a riqueza diversa de argumentações
e a projecção daquilo que somos e queremos ser – alguns de nós projectam
imagens do quotidiano pessoal e profissional.
Há, no
entanto, que escolher o texto e a imagem - nem tudo eleva a razáo humana.
E Porquê?
É que se todos temos direito ao lixo mas este deverá ser devidamente contextualizado e depurado para que não seja exclusivo, logo empobrecedor.
E Porquê?
É que se todos temos direito ao lixo mas este deverá ser devidamente contextualizado e depurado para que não seja exclusivo, logo empobrecedor.
Casamento
ou divórcio palavra/imagem na Filosofia?
Casamento,
mas por e com amor, porque se impera o interesse a imagem de sedutora e
enriquecedora pode dar lugar a uma dimensão manipuladora e castradora – e este
não é seguramente o propósito do pensar filosófico.
Se a
ligação filosofia/imagem sempre foi complicada esta tem e deve ser repensada. Sendo os filósofos aqueles que vêem para
além da imagem, esta pode ser possibilitadora da pluralidade de leituras, de interpretações,
de busca de sentido para o real, num movimento inverso àquele que o velho Sócrates
fazia ao partir da experiência para a unificação racional no conceito.
Ouvindo
que a verdade é partilhável em riqueza a imagem e a palavra também o são. Pela
motivação que despertam no aluno, pela discussão que provocam, pela troca de
sentires, pela empatia que podem despoletar.
Nos, os amantes de Filosofia, somos por excelência os maiores e melhores protagonistas do
famoso dito popular “As palavras são como as cerejas” e por isso, ou mesmo por
causa disso, deixamo-nos enlevar pelo diálogo e pela sedução das ideias que
sendo férteis são sempre um patamar desafiante para a reflexão filosófica.
Quanto a possíveis
temas futuros, desde que de filosofia se fale – eu estarei lá!
Agora...uma Imagem...
Agora...uma Imagem...
que escolhi para redefinir
leituras...silenciosas, porque...
...a noção de mistério é parte integrante da
condição humana e aponta para a busca de sentido, condição da indagação
filosófica, a qual, nascendo da admiração, encontra a sua força na capacidade
de interrogação.
Para isso,
urge o silêncio.
Numa sociedade em que predomina o imperialismo do ruído, o
silêncio pode e deve orientar-nos para a intimidade, assumindo-se esta como
plataforma de profunda afirmação do humano!
Lola