terça-feira, 31 de julho de 2018

Como uma flor vermelha




Como uma flor vermelha


À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece

Exausta, inútil, alheia.

Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.

Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.


Sophia de Mello Breyner Andresen .
in "Obra Poética I"



                                            Lola