Afastada do Mar
Anos e anos do que não foi eu
Vivi recluso no ser que era o meu.
Anos e anos de quem nunca fui
Vivi submisso do meu ser que flui.
Agora que a viagem é regresso
Ao que deveras sou, deveras peço
Que eu tenha num momento de viagem
Remorsos de mim mesmo ou da paisagem.
Porque, por muito que se a alma tenha
Afastado do mar que as praias banha
Da sua solidão universal,
Volta, de noite, sem que o luar venha,
Ali, num passo antigo e natural.
Fernando Pessoa,
Um dia uma amiga enviou-me, muito
generosamente, um pedaço de Mar!
Eu que dele vivi afastada, tantos anos, pela vidraça
algumas pedras que se atravessaram na espuma da
existência!
Obrigado pela meiguice das ondinhas
de um azul transparente
Lola