terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Afastada do Mar





Afastada do Mar


Anos e anos do que não foi eu
Vivi recluso no ser que era o meu.
Anos e anos de quem nunca fui
Vivi submisso do meu ser que flui.

Agora que a viagem é regresso
Ao que deveras sou, deveras peço
Que eu tenha num momento de viagem
Remorsos de mim mesmo ou da paisagem.

Porque, por muito que se a alma tenha
Afastado do mar que as praias banha 
Da sua solidão universal,
Volta, de noite, sem que o luar venha,
Ali, num passo antigo e natural.



Fernando Pessoa,





Um dia  uma amiga enviou-me, muito

 generosamente, um pedaço de Mar!


Eu que dele vivi afastada, tantos anos, pela vidraça 

opaca da mediocridade opressiva e egoísta de 

algumas pedras que se atravessaram na espuma da

 existência!

Obrigado pela meiguice das ondinhas 

 de um azul transparente

 que nos eleva ao céu!





                                              Lola