segunda-feira, 6 de março de 2017

Não digas nada!






Não digas nada!


Não digas nada!

Nem mesmo a verdade

Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender
Tudo metade
De sentir e de ver…
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã

Em outra paisagem

Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.


Fernando Pessoa, in “Cancioneiro”


Será que Pedro imaginava que Rita gostava dele, 

que sentia o vazio da ausência e que sempre 

esperava as suas palavras envoltas numa 

serenidade que a tranquilizava?


Será que Pedro saberia as linhas de aproximação

 do rosto de Rita ao seu?


                                              Lola