segunda-feira, 6 de março de 2017

Vestido xadrez



Vestido xadrez

Rita sempre adorara a moda coquette dos anos 50!

Nos tempos de meninice a mãe sempre a adornara  com vestidos floridos, com laçarotes que tornavam engraçada a sua figura de boneca!

Esta marca de infância, Rita nunca a esquecera porque lhe continuavam a seduzir os tecidos de risquinhas, de pintinhas, de bolinhas, florinhas, as nervuras, as rendas e o xadrez!

Demorava-se em montras de tecidos que ordenada e criativamente  formavam um colorido suave...ou mais arrojado, mas o que ela nunca perdia de vista era a cor vermelha que sempre a acompanhou na alma e no corpo desde que se conhecia como existente!

Por isso cada manhã que chegava à empresa, Pedro olhava-a com um sorriso porque lhe apreciava esta harmonia de cores envolvida por um sorriso que brilhava e iluminava qualquer resquício de cansaço que pudesse, arbitriamente, imiscuir-se na vida de Pedro!

Rita tinha cada vez mais a certeza de que vestia para si própria e não tanto para que a pudessem lisonjear, mas nunca esquecera que era bom, mesmo muito bom sentir o agrado no olhar moreno que, nos últimos tempos, enchia de alegria o seu coração pequenino mas de uma generosidade enorme!

Por isso, cada manha preparava-se meticulosamente com as cores que lhe agradavam e sonhava que mais uma vez as poderia embrulhar em sorrisos cúmplices e palavras como aquelas que, um dia, Pedro de forma agradavelmente inesperada lhe sussurrara ao ouvido numa solidão íntima mas colorida, no meio de tanta gente:

 "Estàs tão linda..."





Mas o que Rita queria agora mesmo, 
neste momento efémero 

era...

...um abraço em xadrez !

 Podias envolver-me nele
pois eu há muito que o espero,
ansiosamente, 
nesta mistura geométrica de cores!

                                           Lola