quarta-feira, 15 de março de 2017

Quando eu morrer




Quando eu morrer


OS DOIS SONETOS DE AMOR DA HORA TRISTE (Álvaro Feijó)

I

Quando eu morrer — e hei de morrer primeiro

Do que tu — não deixes de fechar-me os olhos
Meu Amor. Continua a espelhar-te nos meus olhos
E ver-te-ás de corpo inteiro.
Como quando sorrias no meu colo.
E, ao veres que tenho toda a tua imagem
Dentro de mim, se, então, tiveres coragem,
Fecha-me os olhos com um beijo.
Farei a nebulosa travessia
E o rastro da minha barca
Segui-los-á em pensamento. Abarca
Nele o mar inteiro, o porto, a ria...
E, se me vires chegar ao cais dos céus,
Ver-me-ás, debruçado sobre as ondas, para dizer-te adeus,
II
Não um adeus distante
Ou um adeus de quem não torna cá,
Nem espera tornar. Um adeus de até já,
Como a alguém que se espera a cada instante.
Que eu voltarei. Eu sei que hei de voltar
De novo para ti, no mesmo barco
Sem remos e sem velas, pelo charco
Azul do céu, cansado de lá estar.
E viverei em ti como um eflúvio, uma recordação.
E não quero que chores para fora,
Amor, que tu bem sabes que quem chora
Assim, mente. E, se quiseres partir e o coração
To peça, diz-mo. A travessia é longa... Não atino
Talvez na rota. Que nos importa, aos dois, ir sem destino?


Álvaro Feijó







Quando eu morrer, Pedro, 
dà-me um abraço de MAR e um beijo de Maresia 
e transporta-me nos teus braços até 
ao sonho vivido a dois durante anos! 
E depois, my dear....
diz-me muito baixinho, 
para que só nos possamos ouvir, 
que irás ter comigo 
para viver os pedaços de tempo 
que a saudade nos privou!




                                             Lola