segunda-feira, 19 de junho de 2017

Colcha negra


Colcha negra
A floresta parece agora coberta por uma colcha negra, fria, que o vento acredita não ter terminado ainda de bordar. O ar já não cheira aos rebanhos, não quer mais nada da árvore, é apenas uma lenda que já não pode ser contada.
Pequena chama, destroçaste todos os exércitos da montanha, todos os guerreiros da floresta, a tua vitória estendeu--se até aos vales, derrotaste tudo o que estava certo, tudo o que se dizia certo, e tudo o que antes foi uma coisa equilibrada é agora outra coisa, gasta, morta, devastada.
O poder da tua estratégia, essa rápida aliança com o vento, levou-te a conhecer a fraqueza dos que não conseguem ler  sequer os segredos queimados dos pastores. Qualquer deles, se alguém o interrogar, terá de perguntar ao seu anjo
quem fez isto.

Joaquim Pessoa

O céu entardeceu muito cedo! 
Em Pedrogão Grande cerca de sessenta vidas adormeceram nas chamas!
Para quando o céu azul de Mar?

Lola