Embora
Quero ir embora
largar esse pedaço de vida
que foi comum, num passado,
que me desconforta
me angustia
me martiriza
me faz doer a existencia
que me desconforta
me angustia
me martiriza
me faz doer a existencia
ao qual,
decididamente, não quero
decididamente, não quero
não vou voltar
nem sequer lembrar
na difícil viagem
de tempos perdidos
sem qualquer sonhar!
Quero ir
para um lugar sem barulho
onde impere o silencio do mar
ou na natureza adormecida
sem temor
sem ardor no coração
sem noites perfuradas
pela loucura de um chegar
que sempre se adivinhava
turbulento
castrador
violento
de tremor!
Quero
viver comigo só
numa harmonia que preciso
numa tranquilidade que exigo
numa serenidade que me abraça
num aconchego que desconheço
de uma existência subjugada
muito maltratada
tão enxovalhada
desiquilibrada
quase estilhaçada
por um não ser
de prepotência
arrogancia
sem caracter
sem...nada!
Quero só
que sintas que
quero ir embora
que vou embora
que já sai há muito
e que vou por onde
o vento e o Mar me chamarem!
Vou dar-lhe as mãos e seguir juntinho
à areia que a espuma estende
cada vez que me molha os pés
e me diz:
"Não olhes para traz...
Mereces quem te admire!"
te cuide docemente,
te queira, delicadamente,
aninhar num dialogo saboroso...
num olhar de amanhecer suave,
num enternecedor carinho pelo teu rosto
de húmido veludo
outrora desbotado
Agora determinado
até ao entardecer....
Lola