segunda-feira, 23 de abril de 2018

Arima




ARIMA


Uma gaivota – dizes.

Sim, uma gaivota
passa distante e arde.
O teu rosto é azul,
e contudo está cheio
do oiro da tarde.
.
Uma gaivota.
Alma do mar e tua,
abandona-se à luz.
.
E na boca nem eu sei
se me nasce o coração
ou é a lua.


EUGÉNIO DE ANDRADE, in MAR DE SETEMBRO (1961; Limiar, 1977),
 in POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE
 (Modo de ler, 2011).


                                            Lola