domingo, 22 de abril de 2018

O Amor



O AMOR


Estou a amar-te como o frio 

corta os lábios.

A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável
A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma
Assim é o amor: mortal e navegável.


EUGÉNIO DE ANDRADE, in OBSCURO DOMÍNIO (1971),
 in POESIA (Modo de Ler, 2011)


                                            Lola