segunda-feira, 10 de abril de 2017

Naquele espaço



Naquele espaço

Ela acreditou...

Que o amor era eterno;
Que o amanhecer se vestia de beijos;
Que a voz seria melodia;
Que os gritos eram ilusões;
Que o carácter seria de excelência;
Que existiriam de maos dadas
Que os sonhos se partilham
Que os olhares se vestiam
de uma cumplicidade única
Que a lealdade existe
Que a harmonia persiste
Que o dialogo enobrece
Que os afectos cintilam
Que as estrelas cuidam
Que a lua nos socorre
Que a solidao enfraquece
Que os dias se inventam
as noites nos acalentam
os sorrisos nos alegram
a vida nos aconchega
o mundo nos abraçava
Que as diferenças nos aproximam
que os sonhos seriam nossos
que a existência tinha sentido
de futuro imperfeito
num querer fusional
na busca permanente e continuada 
de completude na diferença!


Hoje, no entanto, ela sabe ... 

Que nao é amor
 o que corrói;
 o que controla.
o que provoca temor
o que agride
o que humilha
o que censura
o que desconfia
e duvida sistematicamente
o que menospreza as capacidades
que nao respeita as opções
desvaloriza a profissão
mente compulsivamente
torna-se ausente
faz chorar
nao é leal
trai descaradamente
o que despedaça
o que tira a esperança
o que faz chorar
passar noites em branco
que despreza
destrata os filhos
parte  objectos
minimiza o nosso eu
é prepotente
desequilibrado 
nao partilha duvidas e dividas
nao sabe ouvir
nem entende o porvir
Que  cansa e deseja a distancia 
muito longínqua
mesmo quase 
inatingível!

Para quê?

Simplesmente para um 
novo (re) encontro com a vida 
num sereno, brilhante e
inevitável
 DESAPEGO!

Porquê?

é urgente (re)começar a viver
(re)aprender o sonho
(re)acender a utopia
estilhaçar o medo
(re)conquistar a esperança
construir sorrisos
perfumando,
 delicadamente, 
suaves entardeceres!





                                               Lola