sábado, 1 de abril de 2017

Estar vivo






Estar vivo


Quando estiveres cansado de olhar uma flor, uma criança, uma pedra, quando estiveres cansado ou distraído de ouvir um pássaro a explicar o ser, quando te não intrigar o existirem coisas e numa noite de céu limpo nenhuma estrela te dirigir a palavra, quando estiveres farto de saberes que existes e não souberes que existes, quando não reparares que nunca reparaste no azul do mar, quando estiveres farto de querer saber o que nunca saberás, se nunca o amanhecer amanheceu em ti ou já não, se nunca amaste a luz e só o que ela ilumina, se nunca nasceste por ti e não apenas pelos que te fizeram nascer, se nunca soubeste que existias mas apenas o que exististe com esse existir, quando, se -, porque temes então a morte, se já estás morto?

VERGÍLIO FERREIRA, in PENSAR
 -obra completa- (Quetzal Editores, 2013)


Quando embrulhares o sonho em pessimismo
e fizeres do teu eu uma amargura
quando em tudo pintares a revolta
e a dor descolorir o teu encanto!

Se esqueceres que a vida è um embalo
que a esperança se veste de infinito
percorre cada espaço e tempo do Agora
que o sonho ainda tem sabor a maresia
no abraço que sempre perfumamos de ternura!

Ainda que te vistas de nevoeiro
que te envolvas em neblina
que te desmaies de silêncios
que te desnudes de vaidade
nunca hipoteques os afectos!

Jamais desistas do percurso
Do teu ser que viaja cantarolando
os trilhos que há muito vai vencer
de uma apatia que nunca poderá nascer!

Nao! 
Por favor, não feches a porta ao mar
Ele ilumina-se no teu rosto...
Delicia-te o olhar...
Aconchega a saudade
abriga o teu horizonte
Abraçando o teu amar!

 Peço-te,
Nao me afastes do Mar
das ondas que me sussurram
e que te levam os meus sonhos
de menina esperançada 
em futuros 
de um vivo e colorido amanhecer!

E nunca estarei cansada! 
Sabes porquê?
Exatamente por que nunca viverei 
sem ouvir-me pensar...

Quero-te, preciso-te, exijo-te,
 vivo-te em mim... 
e...sobretudo...
...adoro-te, my dear!


Lola