segunda-feira, 10 de abril de 2017

O Carteiro e o Poeta






O Carteiro e o Poeta 

O Carteiro e o Poeta foi um dos grandes sucessos do cinema europeu (1994). Trata-se de uma adaptação ao cinema do romance de Antonio Skármeta sobre a amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda e um carteiro italiano no início dos anos 50, quando o primeiro foi obrigado a exilar-se  numa ilha do Mediterrâneo. Michael Radford assina um filme sobre a força transformadora da amizade entre dois homens separados por diferenças, a partir de um diálogo mediado pela poesia. 

O filme narra o encontro do carteiro Mário Ruoppolo com o poeta Pablo Neruda. Mário mora  numa remota ilha do Mediterrâneo (Itália), sem infra-estrutura, onde a grande maioria dos homens vive da pesca. Só que ele não gosta de barcos e muito menos das velhas redes de pescaria. Mário consegue um emprego temporário como carteiro, de um único endereço, o de Pablo Neruda, poeta chileno que chega à ilha em 1953, exilado de seu país por ser comunista. 

Mário, homem naturalmente ingênuo, mas dotado de sensibilidade, encanta-se com a presença do importante poeta, a ponto de querer se tornar poeta também. O contato que passa a ter com Neruda desperta nele um conhecimento sobre si e seus sentimentos, abrindo seus olhos para ver o mundo limitado em que vive e que, agora, pode melhor entendê-lo. 

Mário apaixona-se pela jovem Beatrice e é ajudado por Neruda durante a sua conquista, que se dá por intermédio de metáforas construídas por Mário e de poesias escritas por Neruda. Ao fim do exílio, o escritor retorna ao Chile, esquecendo-se do seu antigo carteiro, e este, movido pela dor do abandono, escreve uma poesia sobre a ilha e sobre Neruda. Mário envolve-se com o comunismo, também por influência de Neruda, e acaba sendo morto por policiais durante um protesto. Mário tem um filho com Beatrice, Pablito. 

No final do filme, Neruda volta à Itália e conhece o filho de Mário, sabendo que seu amigo carteiro está morto. A chegada de Pablo Neruda à ilha irá despertar Mário para uma vida que parece perdida. O contato entre os dois é quase imediato. O anúncio no posto de correios desperta a sua curiosidade, uma vez que ele sabe ler e escrever e possui uma bicicleta. Desde o primeiro dia de trabalho, em que Mário entra em contato com o poeta Neruda, a vida dos dois personagens passa a ser diferente notadamente a do primeiro, relatada com principal no filme (apenas na tradução para o português do nome do filme é que aparece a citação do poeta. Em outras traduções, aparece apenas o carteiro). Pensando no contexto de produção destacado no filme, o encontro dos dois não marca apenas um encontro de palavras, de poesias e de sentimentos: marca o encontro de realidades políticas, de saberes e de dois países (Chile e Itália) que viviam situações políticas e econômicas semelhantes. O diálogo que se estabelece é possibilitado (no filme) pelas palavras, mas isso extrapola a poesia.


Neruda transmite a Mário a consciência de vida que há muito procurava. Apresenta-lhe as metáforas, o espírito do comunismo e ajuda-o a conquistar Beatriz Russo. Neruda fomenta a ânsia de vida de Mário Ruoppolo que, paradoxalmente, estará na base da sua morte, durante um comício do Partido Comunista violentamente reprimido pelas forças policiais. Sem o poeta chileno Mário nunca teria ganhado autonomia para reivindicar, para se sentir capaz de mudar o mundo ou, simplesmente, trazer a água corrente para a sua comunidade. Mário simboliza a vontade de pensar diferente, de dar conta da realidade que vive, apesar das épocas de alguma esperança que nos são retratadas tanto no Chile quanto na Itália. 

Em ambos os casos, em ambas as ilhas, ainda se sente a pobreza e a desigualdade que a poesia também pode ajudar a mostrar.






Tirado Daqui
https://www.youtube.com/watch?v=6Oi8cwZ-lK4


Porque as palavras aproximam
a poesia envolve-se em sonho
os horizontes alargam-se
o infinito inventa-se!

Um Livro Sublime!
Um filme imperdivel!




                                                Lola