terça-feira, 9 de maio de 2017

Amar pelos dois




Amar pelos dois


A noite aproximou-se devagarinho e Rita nem deu pela sua chegada! 
Há já uns dias que se sentia inebriada por uma melodia que a embalava nao só pela simbologia das palavras mas, e sobretudo, pela carga emocionalmente doce com que brotava daquele ser!
Não era, em seu entender, muito comum encontrar palavras que se soltam da alma como suspiro de encantamento  e se tornassem voo!
Mas esta era a melodia do ser que gosta, que ama mas que é suficientemente capaz de se transformar em si mesmo e no outro que ama...pois se o amar pressupõe o amado, este último nao tem que  aceitar sê-lo para que o amor exista, persista e insista!
Emoção, sensibilidade, generosidade e abundância de existir era o que Rita encontrava na melodia que, baixinho, fazia as delicias do seu estado pré sono...ou quiçá... antecipando o sonho recorrente, mas divergente, com Pedro - esse ser de uma extrema candura que um dia cruzara a sua vida sem nada prometer, exigir ou hipotecar.
Noite!
Noite que se enlaça delicadamente!
A melodia vai, agora, ecoando num conteúdo de sentido invulgar... a possibilidade da generosidade e enfrentamento de saber e entender amar pelos dois... numa mistura de quereres espaço temporais que dispensam o retorno seguro, as palavras gastas em narrativas do efémero saltitante!
Hoje, ao anoitecer, Rita tivera um pequenino desejo...partilhar algo de Belo que foi sentindo ao longo do dia e que foi apenas seu...
Vamos ouvir em conjunto, Pedro?
Senta-te aí...pode ser na orla do Mar que se estende num infinito de brilho ou junto ao pequeno e desgastado beiral  de madeira carcomido pelo tempo, apreciando  a chuva miudinha cair um pouco inibida e, surpreendentemente,  desastrada!

Amar Pelos Dois
Salvador Sobral
  

Se um dia alguém perguntar por mim
Diz que vivi para te amar
Antes de ti, só existi
Cansado e sem nada para dar

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender

Se o teu coração não quiser ceder
Não sentir paixão, não quiser sofrer
Sem fazer planos do que virá depois
O meu coração pode amar pelos dois

If one day someone asks about me Tell them I lived to love you Before you, I only existed Tired and with nothing to give My dear, listen to my prayers I beg you to return, to want me again I know that one can’t love alone Maybe slowly you might learn again My dear, listen to my prayers I beg you to return, to want me again I know that one can’t love alone Maybe slowly you might learn again If your heart doesn’t wish to give in Not to feel passion, not to suffer Without making plans of what will come after My heart can love for the both of us



Sabes, Pedro...
...mesmo que nunca quebremos a muralha gelada das distancias...
Mesmo que no conto das nossas vidas nunca se vislumbrem esperançadamente caminhos 
que possam cruzar-se 
dando sentido 
à utopia do desejo...

Mesmo assim...


O meu coração quer, pode e vai, certamente, amar pelos dois! 

Adoro-te, my dear!



                                               Lola