sábado, 26 de abril de 2014

Marinheiro


Marinheiro

Era uma vez um marinheiro que andava sempre na lua. Em lugar de andar num barco, 
como toda a gente (quer dizer, como todos os marinheiros), andava na lua.
Como se distraía pelo caminho, chegava todos os dias atrasado ao porto e perdia sempre 
o barco. Então sentava-se no cais com os pés a balouçar sobre a água e ficava
longas horas a olhar o céu.
- É além que eu ando, murmurava ele às vezes, fitando a lua. – Parece que estou aqui sentado, mas ando além…
Porém, ninguém o escutava. As pessoas passavam e diziam: “Lá está outra vez o marinheiro na lua!”
Um dia, o marinheiro tirou por momentos os olhos do céu e viu a lua em forma de barco, a seus pés, brilhando no mar.
- A lua!, disse ele surpreendido, levantando-se. – A lua veio ter comigo, há quanto tempo
 a esperava!
Desceu as escadas do cais até à água, meteu-se pelo mar dentro e subiu para a lua. 
Pôs-se ao leme, levantou a âncora, desfraldou as velas, e partiu para todos os sítios, indistintos e distantes, com que sempre sonhara.
Ninguém mais o viu. A gente do porto repara às vezes no seu lugar, agora vazio, no cais,
 e pergunta:
- Que será feito do marinheiro?
- Deve andar por aí, na lua? – respondem.
E anda, nunca nenhum marinheiro teve barco tão bonito!


Manuel António Pina

Um Marinheiro na lua

Era uma vez
Um marinheiro
Que andava distraído
O dia inteiro.

Chegava atrasado,
Perdia o navio
E ficava no cais
Muitos dias ao frio.

Um dia partiu
Num barco de luar,
Saiu do cais
E desapareceu no mar. 


Turma do 2.º A - EB/JI da Corujeira



                                           Lola