Marinheiro
Era uma vez
um marinheiro que andava sempre na lua. Em lugar de andar num barco,
como
toda a gente (quer dizer, como todos os marinheiros), andava na lua.
Como se
distraía pelo caminho, chegava todos os dias atrasado ao porto e perdia sempre
o
barco. Então sentava-se no cais com os pés a balouçar sobre a água e ficava
longas horas
a olhar o céu.
- É além que
eu ando, murmurava ele às vezes, fitando a lua. – Parece que estou aqui
sentado, mas ando além…
Porém,
ninguém o escutava. As pessoas passavam e diziam: “Lá está outra vez o marinheiro
na lua!”
Um dia, o
marinheiro tirou por momentos os olhos do céu e viu a lua em forma de barco, a
seus pés, brilhando no mar.
- A lua!,
disse ele surpreendido, levantando-se. – A lua veio ter comigo, há quanto tempo
a esperava!
Desceu as
escadas do cais até à água, meteu-se pelo mar dentro e subiu para a lua.
Pôs-se
ao leme, levantou a âncora, desfraldou as velas, e partiu para todos os sítios,
indistintos e distantes, com que sempre sonhara.
Ninguém mais
o viu. A gente do porto repara às vezes no seu lugar, agora vazio, no cais,
e
pergunta:
- Que será
feito do marinheiro?
- Deve andar
por aí, na lua? – respondem.
E anda,
nunca nenhum marinheiro teve barco tão bonito!
Manuel António Pina
Um Marinheiro na lua
Era uma vez
Um marinheiro
Que andava distraído
O dia inteiro.
Chegava atrasado,
Perdia o navio
E ficava no cais
Muitos dias ao frio.
Um dia partiu
Num barco de luar,
Saiu do cais
E desapareceu no mar.
Turma do 2.º A - EB/JI da Corujeira
Lola