Eis o
homem, eis o seu efémero rosto feito de milhares de rostos, todos eles esplendidamente
respirando na terra, nenhum superior ao outro, separados por mil e uma
diferenças, unidos por mil e uma coisas comuns, semelhantes e distintos,
parecidos todos e contudo cada um deles único, solitário, desamparado.
É a tal
rosto que cada poeta está religado. A sua rebeldia é em nome dessa fidelidade.
Fidelidade ao
homem e à
sua lúcida esperança de sê-lo inteiramente; fidelidade à terra onde mergulha as
raízes mais fundas; fidelidade à palavra que no homem é capaz da verdade última
do sangue, que é também verdade da alma.
Eugénio de
Andrade,
«Os Afluentes do Silêncio»
ADALBERTO DIAS DE CARVALHO
“A
solidão ainda não foi assumida como uma questão para a educação. Que eu saiba
não consta dos programas, a não ser na sua forma estética, na literatura...
Não consta padrões de desempenho dos
professores,
que depois servem de suporte para a avaliação dos docentes. Os padrões de
desempenho nunca referem a criança, referem sempre o aluno. O aluno é um dos estatutos
da criança, mas por trás do aluno está sempre uma criança, está um ser humano.
As preocupações com as competências e a sua definição levam a que se despreze estas
dimensões. Embora existam escalas de solidão, como é que vamos medir o
professor que se preocupa com a solidão dos seus alunos?
Quanto é que isso
conta na classificação da avaliação dos docentes?”
Lola