quinta-feira, 17 de abril de 2014

Solidão






Eis o homem, eis o seu efémero rosto feito de milhares de rostos, todos eles esplendidamente respirando na terra, nenhum superior ao outro, separados por mil e uma diferenças, unidos por mil e uma coisas comuns, semelhantes e distintos, parecidos todos e contudo cada um deles único, solitário, desamparado.
É a tal rosto que cada poeta está religado. A sua rebeldia é em nome dessa fidelidade. Fidelidade ao
homem e à sua lúcida esperança de sê-lo inteiramente; fidelidade à terra onde mergulha as raízes mais fundas; fidelidade à palavra que no homem é capaz da verdade última do sangue, que é também verdade da alma.

Eugénio de Andrade,
«Os Afluentes do Silêncio»









ADALBERTO DIAS DE CARVALHO

“A solidão ainda não foi assumida como uma questão para a educação. Que eu saiba não consta dos programas, a não ser na sua forma estética, na   literatura... Não consta padrões de desempenho dos
professores, que depois servem de suporte para a avaliação dos docentes. Os padrões de desempenho nunca referem a criança, referem sempre o aluno. O aluno é um dos estatutos da criança, mas por trás do aluno está sempre uma criança, está um ser humano. As preocupações com as competências e a sua definição levam a que se despreze estas dimensões. Embora existam escalas de solidão, como é que vamos medir o professor que se preocupa com a solidão dos seus alunos? 
Quanto é que isso conta na classificação da avaliação dos docentes?”

                                                                                                     In A pagina da Educação, verão 2011.










                                           Lola